Pages

quarta-feira, 14 de maio de 2014

MINISTÉRIO PÚBLICO ABRE PROCEDIMENTO PARA INVESTIGAR BACTÉRIA RESISTENTE

Por ipuemfoco   Postado  quarta-feira, maio 14, 2014   Sem Comentários

    


Image-0-Artigo-1612241-1
A Promotoria de Justiça e Defesa da Saúde Pública, do Ministério Público do Estado (MPE), entrou com procedimento administrativo
para apurar as mortes de pacientes internados no Hospital de Messejana provocadas pela bactéria resistente Acinetobacter baumannii. 

A promotora de Justiça Isabel Porto quer saber o quê de fato ocorreu e se a Comissão de Controle de Infecção Hospitalar atuou corretamente na condução da situação. A promotora também solicitou uma inspeção no local da Vigilância Sanitária do Estado.

A unidade descontaminada começou a receber novos pacientes na noite da última segunda-feira (12). Até ontem, 14 internados recebiam atendimento, segundo a assessoria de comunicação da Secretaria da Saúde do Estado do Ceará (Sesa).

O órgão também esclareceu que a Comissão de Infecção Hospitalar do Hospital de Messejana adotou todos as medidas de controle e precaução para evitar novas contaminações, como o bloqueio da unidade para evitar a circulação de pessoas, a sua desinfecção e uma reforma englobando pintura, mudanças dos instrumentos cirúrgicos e alteração das estruturas elétrica e hidraúlica. Segundo a Sesa, a unidade está livre da infecção e com 14 pacientes.

A pessoa que permanece com a bactéria - um homem de 64 anos - segue em tratamento em estado grave e estável, isolado em uma sala de observação e tomando antibióticos.

Ainda de acordo com a assessoria de imprensa, todas as medidas adotadas seguiram protocolos médicos e com total precaução e transparência.

Estatísticas

Para infectologistas, a infecção hospitalar é comum e mata mais gente do que se tem notícia no Brasil. A falta de estatísticas devido ao não registro da maioria dos casos por tratar-se de procedimentos rotineiros nas unidades de saúde impede uma visão mais detalhada sobre o assunto no País.

No Brasil, segundo dados da Comissão Nacional de Biossegurança (CNB), pelo menos 100 mil pessoas morrem ao ano devido ao problema, que atinge tanto as instituições públicas, como as privadas.

Os altos números não são exclusividade nacional. Nos Estados Unidos, por exemplo, surgem pelo menos 1,7 milhão de infecções anuais resultando em cerca de 100 mil óbitos. Na Europa, são registradas 4,5 milhões infecções que provocam ao menos 37 mil mortes por ano.

De acordo com o infectologista Anastácio Queiroz, a resistência de bactérias é um fenômeno provocado principalmente pelo abuso ou uso incorreto de antibióticos. "Vai havendo uma seleção. Bactérias que entram em contato com quantidade insuficiente de medicamento capaz de matá-las acabam desenvolvendo mecanismos de proteção. Quando isso ocorre, as opções de tratamento se reduzem", explica o médico.

O problema é maior quando atinge pacientes que estão debilitados. Ele afirma ser indispensável que hospitais mantenham todas as medidas de segurança nos hospitais e usem de forma racional os antibióticos. Anastácio frisa que, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), 50% das prescrições de antibióticos em todo o mundo são inadequadas, sem somar os incontáveis casos de automedicação.

"Essas medidas favorecem a multiplicação de bactérias resistentes aos medicamentos vigentes e são responsáveis pelos casos de mortes causadas tanto pelas infecções comuns, quanto pelas causadas pelas chamadas superbactérias", analisa.

No entanto, alerta, boas práticas em higiene pessoal, limpeza de ambientes e utensílios utilizados para atendimento aos enfermos são medidas preventivas eficientes. "É importante ter em mente que isso é um processo contínuo. Além da equipe médica, os familiares querem visitar seus doentes e esquecem que ali são necessárias atitudes rígidas quanto à limpeza. Ficam circulando, tocando nos pacientes e muitos de outros leitos e aí podem espalhar bactérias", diz.


Caso teve repercussão em 1996

Um dos casos de morte por infecção hospitalar de mais repercussão ocorreu em 1996 na Maternidade Escola Assis Chateaubriand (Meac). Naquele ano, 48 bebês internados na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Neonatal foram a óbito.

As mortes na Meac ganharam repercussão na imprensa nacional e levaram os responsáveis a responderem a inquéritos.

Nos meses de maio e junho de 2002, outros 14 bebês faleceram na UTI neonatal da Meac, vítimas dos mesmo problemas detectados em 1996, ou seja, superlotação e infecção hospitalar.

O controle da infecção está regulamentado desde 1982 pelo Ministério da Saúde, quando da criação do Programa Nacional de Controle de Infecção Hospitalar.

Contudo, só passou a desenvolver estudos mais sérios e normas de controle mais rígidas nos hospitais a partir da comoção popular provocada pela morte de Tancredo Neves, em 1985- a infecção hospitalar passou a ser temida pelos pacientes, aumentando os cuidados para evitá-la.
Lêda Gonçalves
Repórter

Sobre o autor

Adicione aqui uma descrição do dono do blog ou do postador do blog ok

0 comentários:

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...
.
Voltar ao topo ↑
RECEBA NOSSAS ATUALIZAÇÕES

© 2013 IpuemFoco - Rádialista Rogério Palhano - Desenvolvido Por - LuizHeenriquee