PMDB USA VETO A MUNICÍPIOS PARA PRESSIONAR GOVERNO

                             

Partido dificulta negociação do Planalto para evitar derrota em plenárioO Palácio do Planalto conseguiu evitar na terça-feira a derrubada do veto ao projeto de lei que autoriza a criação de novos municípios, mas terá trabalho para negociar um novo texto até o dia 18 de março, quando ocorrerá a nova votação.

Não bastasse a promessa de se buscar uma saída honrosa para as bases eleitorais de deputados e senadores que defendem a emancipação de alguns distritos, o veto se transformou agora em instrumento de pressão do principal aliado do governo, o PMDB. O Planalto quer negociar, antes do dia 18, uma lei mais rigorosa para a criação de municípios.

Há três semanas, quando a presidente Dilma Rousseff sinalizou que a bancada peemedebista na Câmara perderia um ministério, o líder do partido Eduardo Cunha (RJ) passou a comandar a rebelião contra os projetos do Planalto. O primeiro alvo seria o veto dos municípios e o segundo, o Marco Civil da Internet — cuja votação também acabou sendo adiada nesta quarta-feira.

Agora, antes de articular uma nova lei para os municípios, o governo terá que se acertar com o PMDB. Além do problema na Câmara, tem de recompor a situação também com o líder do partido no Senado, Eunício Oliveira.

 Ele está enfurecido com o PT desde o fim de semana, quando o deputado José Guimarães (CE), anunciou que os petistas vão apoiar o candidato do governador Cid Gomes (PROS) ao governo do Ceará, e não Eunício, que lidera as pesquisas. Para o deputado Danilo Forte (PMDB-CE), aliado de Eunício, o principal problema é a falta total de diálogo:

— O clima está muito ruim, temos problemas políticos e administrativos seríssimos. Não existe política sem diálogo. Vai chegar o momento em que Dilma vai oferecer dez ministérios para o PMDB e para os aliados e ninguém vai querer.

Eunício e o senador Gim Argello (PTB-DF) ameaçaram derrubar o veto, mas acabaram convencidos a esvaziar o plenário. Para o governo, encerrar a sessão, naquele momento, era positivo. Na noite de quarta, Eunício foi chamado para uma conversa com o chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante, que tenta abafar a crise.OGLOBO