AÉCIO NEVES UTILIZA O JEITINHO TANCREDO NEVES PARA CHEFIAR OPOSIÇÃO

Com jeitinho, presidente do PSDB une partido, se articula com adversários e está a um passo de se consolidar como candidato mais viável da oposição à presidente Dilma Rousseff em 2014; 

Anti-PT, Aécio Neves uniu os tucanos ao derrotar José Serra internamente sem briga, tem um convite na ponta da língua para fazer da estrela Marina Silva sua vice e um forte pacto de não agressão com o socialista Eduardo Campos

Jovial e inquieto, mas conciliador e matreiro como Tancredo Neves, ele percorre o País reanimando as bases partidárias, ganhando musculatura eleitoral e aumentando o cacife numa aposta que, a depender da conjuntura econômica do próximo ano, pode fazê-lo cumprir um destino insólito: ser o que a morte não deixou o mestre ter sido

O senador Aécio Neves marcou um gol decisivo na segunda-feira 30, em São Paulo. Frente a frente com o ex-governador José Serra, talvez o mais temível adversário que se possa ter na política brasileira, ele atendeu a uma bandeira branca e colheu a paz no PSDB. Saiu do apartamento no bairro dos Jardins, onde se deu o embate, deixando atrás de si um Serra derrotado e abatido, mas de pé.

Sem dar um tiro sequer na direção do adversário interno, que esticou até a última hora a estratégia de distribuir ameaças veladas de rachar o partido, Aécio o venceu sem que parecesse ter brigado.

A sorte, logo em seguida, deu mostras de soprar, mais uma vez, para o seu lado. Só falta a Aécio, para consolidar-se, desde já, como principal chefe da oposição à presidente Dilma Rousseff em 2014, que a ex-ministra Marina Silva não consiga driblar os obstáculos legais e fique sem o registro do seu Rede Solidariedade.

Tudo indica que o TSE negará o registro ao novo partido. O Rede, como noticiou 247, ainda tentará um mandado de segurança no Supremo Tribunal Federal, mas, até que o imbroglio se resolva em definitivo, no melhor cenário, a imagem de Marina continuará sangrando. Nas últimas pesquisas, ela perdeu pontos como segunda colocada atrás de Dilma, passando a ter Aécio em seus calcanhares.

Outra vez, o presidenciável mineiro não vai querer derrotar sua adversária. É do feitio dele, talhado artesanalmente por seu avô Tancredo Neves (1910-1985), ser conciliador – mas nem por isso abrir mão de seus objetivos. 

O político símbolo da arte da conciliação na política brasileira teve no neto um fiel secretário, que seguiu-lhe os passos no auge da carreira, quando chegou ao governo de Minas Gerais e, dali, para a Presidência da República no comando da Aliança Democrática.

Com este mestre, Aécio já se tornou duas vezes governador de Minas Gerais, uma vez presidente da Câmara dos Deputados e é senador da República. No momento, percorre nacionalmente as bases do PSDB procurando revigor os ânimos de um partido que perdeu as três últimas eleições para presidente da República.

Não é fácil, mas Aécio, sem dúvida, está fazendo a sua parte. Sua agenda é de um político inquieto e agitado, discursando em Estados diferentes numa mesma semana, concedendo entrevistas todos os dias, buscando brechas para vencer a presidente Dilma e o PT em todas as horas.

Anti-PT e com o PSDB, finalmente, unido, Aécio terá, agora, melhores condições para fazer suas costuras externas. Ele vai entrar, do seu jetinho, na disputa que haverá em torno do compromisso eleitoral do governador de Pernambuco, Eduardo Campos, para 2014.

O PT, com Lula, vai jogar tudo para que Campos, presidente do PSB, não saia candidato contra Dilma. Aécio, por seu lado, tem o interesse máximo em que Campos entre na disputa, o que, segundo os tucanos, aumentaria as chances de um segundo turno.

Antes que apostas se façam, vale lembrar que, até agora, quem jogou contra o jeitoso e conciliador Aécio Neves, perdeu.