Em apostilas distribuídas para alunos do 5º ano da rede municipal, mapas e gráficos indicam que a capital de Pernambuco é Belém, e que a da Paraíba é Manaus. Erros que seriam facilmente corrigidos por qualquer mapa do Brasil, onde fica claro que as respostas certas seriam Recife e João Pessoa, respectivamente.
O material erra também a sigla do estado da Paraíba (PB) ao indicar PA, que, na verdade, é a do Pará. A capital do Maranhão, São Luís, aparece escrita com a letra Z.
Esses equívocos, apontados em reportagem do site G1, constam em apostilas de matemática impressas pela Secretaria Municipal de Educação (SME) e distribuídas a 683.449 alunos desde a creche até o 9º ano do ensino fundamental. Elaborada por professores da própria rede, o material pedagógico veio para substituir os livros didáticos, que não são mais usados em salas de aula das escolas municipais.
A cada bimestre do período letivo, o estudante recebe uma nova apostila. Além disso, cada série contém uma relação de material pedagógico diferente. Em janeiro, a prefeitura empenhou R$ 3.798.609,68 à Ediouro Gráfica e Editora Ltda. para que as apostilas fossem impressas.
De acordo com a professora e diretora do Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação do Rio (SEPE-RJ), Susana Gutierrez, os erros são constantes no material pedagógico da prefeitura. Segundo ela, se fizessem uma revisão minuciosa em todas as apostilas, "milhares de erros surgiriam". Susana também diz que o conteúdo elaborado pela SME é inadequado ao contexto de muitas comunidades onde ocorrem as aulas.
As crianças do Complexo da Maré lêem uma história em quadrinhos do Caderno de Leituras do 4º e 5º ano onde dois meninos conversam sobre a troca de celulares. Um deles fala que já tinha trocado três vezes de aparelho no ano, e que agora estaria com um iPhone. É totalmente fora da realidade deles — argumenta Susana.
Ainda segundo a educadora, não há critérios claros estabelecidos pela SME para convocar os professores que vão produzir o conteúdo das apostilas.
— Esse material acaba tirando toda nossa autonomia pedagógica. Nós preferiríamos usar livros didáticos que constam no Plano Nacional do Livro Didático (recomendados pelo Ministério da Educação) — disse Susana.
Em nota, a SME comunica que identificou os erros das capitais estaduais do Nordeste, referentes ao caderno utilizado no 2º bimestre do 5º ano. A SME informou ainda que, quando erros são identificados, a determinação dada aos professores é para que eles façam as correções tão logo o material começar a ser utilizado".
— Eles já me orientaram a rasgar ou arrancar as páginas que contivessem erros — atacou Susana.O GLOBO
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