O Comitê Popular da Copa e da Olimpíada lança nesta quarta-feira (15) a edição revisada do dossiê "Megaeventos e Violações dos Direitos Humanos no Rio de Janeiro". A primeira edição, lançada em abril de 2011 em parceria com a Articulação Nacional dos Comitês Populares, denunciou pelo menos 21 "remoções ilegais" em Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba, Fortaleza, Porto Alegre e Recife, em obras para a Copa do Mundo de 2014, com até 170 mil pessoas ameaçadas de perder suas casas.
O documento que será divulgado nesta quarta, ao qual a reportagem teve acesso, está focado no Rio de Janeiro. Segundo o dossiê, 3.099 famílias já foram removidas e outras 7.843 estão ameaçadas de remoção em obras para o Mundial e os Jogos Olímpicos de 2016, como a construção do Parque Olímpico, na Barra da Tijuca, ou a implantação das linhas de BRT (transporte rápido por ônibus). O dossiê é dividido em denúncias envolvendo itens como mobilidade urbana, esporte e orçamento.
Uma das principais críticas é quanto à falta de transparência. Sobre as remoções realizadas pela prefeitura, por exemplo, o dossiê afirma que "os projetos não são apresentados e não há dados oficiais das famílias ameaçadas". E ainda que "a maioria das remoções está localizada em áreas de extrema valorização imobiliária".
Os dados, segundo o Comitê, foram levantados por meio de pesquisas realizadas nas comunidades (no contato direto com os moradores), com a Defensoria Pública do Estado e em notícias veiculadas na mídia.
Sobre transporte, o dossiê afirma que os investimentos na cidade "não estão voltados para o atendimento das áreas mais necessitadas e que apresentam os piores índices de mobilidade". "A população clama por serviços de transporte de massa em outras direções e para outras regiões da cidade", defendeu o Comitê. "O Rio tem sido considerado a cidade da bicicleta. Mas, das 35 estações de metrô, apenas 11 contam com bicicletários".
Ainda segundo o dossiê, no que diz respeito aos vendedores ambulantes e trabalhadores informais, a política de preparação da cidade para a Copa do Mundo e os Jogos de 2016 é de "exclusão e militarização".O ESTADÃO
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