FAMÍLIARES LOTAM CAPELAS DE SANTA MARIA

Centenas de pessoas se reuniram na noite deste domingo (27) nas capelas do Hospital de Caridade de Santa Maria para velar algumas das vítimas do incêndio que atingiu uma casa noturna durante a madrugada e deixou pelo menos 231 mortos.

Entre os presentes estava o funcionário público Rogério Rosado, de 51 anos, que perdeu o filho Vinícius, 26, na tragédia. “Agora é hora de chorar minha dor, não de apontar culpados, mas é importante que fique o alerta para que algo semelhante nunca mais se repita”, disse.
 

Sobre o caixão de Vinícius, dois símbolos de suas grandes paixões: a bandeira do time Inter  e outra do CTG do qual integrava o grupo de danças. 

Aluno do último semestre do curso de Educação Física da Faculdade Metodista de Santa Maria (FAMES), era também voluntário em um curso de capacitação de jovens para o mercado de trabalho.

 “Ele era apaixonado pelo que fazia e muito querido por todos. Fazíamos planos de ir até a capital ver um jogo do Colorado, mas infelizmente isso nunca mais vai acontecer”, lamentou o pai, amparado por familiares e amigos que lotaram a Capela 3.

Segundo Rogério, o filho estava próximo da saída quando o fogo começou e teria sido uma dos primeiros a chegar ao lado de fora da casa noturna. 

No entanto, ao se dar conta que os amigos tinha ficado para trás, voltou para procurá-los. “Minha filha, que tem 24 anos e também estava na festa, me relatou como tudo aconteceu. Vinícius foi um herói. Só morreu porque queria ajudar os demais. Essa é a melhor lembrança e o único consolo que terei”.

As outras seis capelas do Hospital de Caridade também estavam ocupadas por vítimas do incêndio. O clima era de muita comoção. A estudante Lutiele Sampaio dos Santos, 18, foi se despedir de um amigo de 20 anos, velado em uma das salas. 

“Soube do incêndio durante a madrugada, quando me ligaram para saber se eu estava bem”, contou a jovem, que iria à festa na boate, mas acabou sendo proibida pelo pai, Luiz Carlos Meier, 50, também presente na solenidade. 

“Como ela já tinha saído na sexta-feira, achei melhor que ficasse em casa. Sem saber, posso ter salvado a vida da minha filha”, relatou.

Dezenas de corpos vitimados pelo incêndio também foram no início da noite deste domingo (27). Logo após o reconhecimento por parte dos familiares, os corpos foram organizados em filas dentro de caixões e colocados em um dos salões do do Centro Municipal de Desportos de Santa Maria.

Um grupo de cinco amigos aguardava a liberação do corpo de um colega de universidade. Com semblantes entristecidos, eles lamentavam o fato da vítima estar muito próximo da realização de um sonho: a formatura.

"Estamos esperando os parentes dele chegar, mas vamos ficar aqui até o fim. Vamos nos formar este ano, é uma pena. Queremos fazer uma homenagem para ele na formatura, mas hoje não é dia para pensar nisso. Hoje só queremos nos despedir dele", disse Gerson Polidoro, 24 anos, que junto com os amigos decidiu preservar o nome do amigo.G1