Em 2025, o Brasil ganhou seu primeiro Oscar, um Papa morreu, um ex-presidente foi julgado, condenado e preso,
tivemos a primeira COP na Amazônia e a soberania nacional foi a expressão da vez.Dias antes do Brasil cair na folia do Carnaval deste ano, a Procuradoria-Geral da República (PGR) denunciou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) ao Supremo Tribunal Federal (STF). A denúncia feita no dia 18 de fevereiro envolvia os crimes de golpe de Estado, abolição violenta do Estado Democrático de Direito, liderança de organização criminosa armada; dano qualificado pela violência e grave ameaça contra o patrimônio da união e deterioração de patrimônio tombado, essas duas últimas relacionadas à invasão de Brasília de 8 de janeiro.
A denúncia, o julgamento, a condenação e a prisão de Jair Bolsonaro mobilizaram o noticiário ao longo do ano. Como toda a imprensa brasileira, a equipe da Agência Pública acompanhou de perto o desenrolar dessa história, que é um desfecho de outras que viemos cobrindo ao longo dos últimos anos.
Relembramos, por exemplo, da pandemia de Covid-19, que vitimou quase 700 mil brasileiros. Mesmo após especialistas e uma comissão parlamentar de inquérito apontarem uma série de crimes cometidos por Bolsonaro e sua equipe na pandemia, ele não chegou a enfrentar processos judiciais. A CPI da Covid pediu o indiciamento de Bolsonaro e mais 77 pessoas, mas a Procuradoria Geral da República arquivou o caso.
Desde 2019, a Pública acompanha atentamente a aproximação do clã Bolsonaro, principalmente de Eduardo, da extrema-direita dos Estados Unidos. Ao longo dos anos, mapeamos mais de 70 reuniões e mostramos uma caravana comandada pelo filho do ex-presidente em 2023 que tentava convencer parlamentares dos EUA de que o Brasil vive uma ditadura e articular sanções ao país. Em 2025, as sanções vieram. A atuação de Eduardo Bolsonaro nos Estados Unidos na tentativa de livrar o pai da prisão fizeram com que Donald Trump taxasse produtos brasileiros em 50% e aplicasse a lei Magnitsky contra o ministro do STF Alexandre de Moraes. Em julho, o ministro Alexandre de Moraes determinou que Jair Bolsonaro passasse a ser monitorado por uma tornozeleira eletrônica. A decisão foi justificada a partir da articulação de Jair e Eduardo Bolsonaro com o governo dos Estados Unidos.
Jair foi julgado e condenado a mais de 27 anos de reclusão pelos crimes da tentativa de golpe de Estado. Nossa equipe cobriu todo o processo, desde o indiciamento em novembro de 2024. Os repórteres da Pública em Brasília fizeram diários do julgamento, publicamos entrevistas com especialistas, investigamos a fundo o papel dos militares na tentativa de golpe e produzimos uma retrospectiva sobre a trajetória de Bolsonaro.
No ano em que o Brasil ganhou o Oscar pela primeira vez com o filme Ainda Estou Aqui, mostramos como a visibilidade do filme fez com que o Supremo Tribunal Federal (STF) voltasse a discutir sobre a Lei da Anistia em casos de desaparecimento de vítimas da ditadura civil-militar brasileira. Um levantamento da Agência Pública mostra que das 56 ações criminais divulgadas pelo Ministério Público Federal (MPF) entre 2012 e 2024, 18 poderiam ser destravadas. Como sempre, seguimos revelando fatos escondidos pela ditadura, como o apoio de escritores e da Academia Brasileira de Letras ao golpe.
Seguimos olhando para diferentes tipos de violações de direitos humanos, como as que ocorreram na guerra entre Israel e Palestina. Seguimos olhando também para histórias do passado e suas implicações no presente. Publicamos novas reportagens do projeto Escravizadores, lançado em 2024 e que em 2025, recebeu o prêmio da Sociedade Interamericana de Imprensa. Além disso, nossos repórteres mostraram que, 20 anos depois do assassinato da irmã Dorothy Stang, os assentamentos conhecidos como projetos de desenvolvimento sustentável defendidos por ela, sofrem com o desmatamento feito por invasores e com o enfraquecimento do INCRA. Também voltamos ao Rio Grande do Sul um ano depois das enchentes que devastaram o estado. Revelamos que o monitoramento e os alertas de eventos climáticos continuam falhos. Acompanhamos o recomeço da cidade de Muçum, que foi completamente destruída duas vezes pelas enchentes desde 2023.
Olhar com cuidado para os eventos climáticos extremos no Brasil ganhou uma outra dimensão em 2025. Afinal, pela primeira vez, uma cidade da Amazônia sediou a Conferência do Clima da ONU. Ao longo de todo o ano, publicamos reportagens que mostram como nosso país vem lidando com a crise climática e a transição energética. Também mostramos como foi a preparação da cidade de Belém e do estado do Pará para a COP e revelamos casos de greenwashing praticados por empresas na 20ª edição das microbolsas, que fizemos em parceria com o IDEC.
As repórteres Giovana Girardi e Isabel Seta foram para Belém para cobrir a Conferência. Nossa cobertura acompanhou as negociações, as ações do governo brasileiro e também a mobilização da sociedade civil. Mostramos a mobilização de ribeirinhos, quilombolas, jovens de periferias, povos indígenas do Brasil e da América Latina, pessoas atingidas por grandes empreendimentos minerários, energéticos e por barragens, agricultores familiares, camponeses sem terra e muitas mulheres, que marcharam pelas ruas de Belém em conjunto para exigir “justiça climática já”, em um ato que, segundo os organizadores, reuniu mais de 30 mil pessoas e foi a primeira grande manifestação em uma Conferência do Clima nesta década.
Não estivemos sozinhas nessa cobertura. Somamos forças com mais de uma dezena de veículos independentes do país todo e participamos da Casa do Jornalismo Socioambiental, iniciativa criada para potencializar a cobertura da COP30.
Mostramos que a COP30 foi encerrada com avanços para os povos indígenas e em relação a uma transição energética justa, mas acabou sem um dos pontos mais importantes da negociação: a construção de um mapa do caminho para o fim dos combustíveis fósseis. Mesmo após o fim da Conferência, nossa equipe segue investigando as ações de nosso governo em relação à crise climática e à transição energética.
As novidades de 2025
2025 foi o ano do áudio na Pública: lançamos três podcasts e uma série em áudio. Enquanto isso, nossos podcasts semanais continuaram fazendo sucesso: o Pauta Pública, com entrevistas semanais, alcançou mais de meio milhão de downloads.
Já o Bom Dia, Fim do Mundo, nosso videocast que analisa as notícias sob a ótica do clima, completou um ano e foi ouvido 160 mil vezes. Em nossos novos podcasts, contamos a história do Rio Xingu dez anos depois de Belo Monte, fomos até Salém investigar a Caça às Bruxas – que foram assassinatos de mulheres cometidos pelo Estado – e na temporada especial do Tempo Quente, lançado em parceria com a Rádio Novelo e Observatório do Clima, a repórter Giovana Girardi preparou os ouvintes para as discussões sobre a COP30, em Belém.
Inauguramos uma parceria inédita com a Audible com o lançamento da série em áudio “Confidencial: as digitais do FBI na operação Lava Jato”, que foi atrás de descobrir se a origem da operação Lava Jato teve a ver com o FBI.
No início do ano, lançamos o Pública Explica, uma série de vídeos explicativos sobre temas relevantes atualmente, como racismo ambiental, direitos quilombolas, sistema de cotas e marco temporal. A série tem sido usada por professores em sala de aula.
Seguindo nossa missão de fomentar o jornalismo investigativo e independente no Brasil, lançamos neste ano a Rede de Fellows da Pública, que reúne mais de 100 jornalistas que já passaram por nosso programa de microbolsas. A rede de Fellows é um ambiente para trocas sobre jornalismo, oportunidades e eventos. Ao longo deste ano, as atividades da rede nos mostraram a importância de espaços como esse para formar e apoiar jornalistas por todo o Brasil.
Neste ano, também aumentamos significativamente nossa presença internacional. Publicamos reportagens em parceria com veículos como o britânico The Guardian e os estadunidenses Mother Jones, Mongabay e Texas Observer. Nossa equipe rodou pelo mundo para falar sobre o trabalho da Pública: estivemos em eventos internacionais de jornalismo na Itália, na Malásia, nos Estados Unidos, na França e na Argentina.
Por nosso trabalho, recebemos 10 prêmios em 2025 e tivemos profissionais reconhecidos com prêmios como o Maria Moors Cabot – o mais antigo de jornalismo internacional do mundo – e o Mais Admirados Jornalistas Negros e Negras da Imprensa Brasileira. Com os reconhecimentos que recebemos ao longo do ano, chegamos a 90 prêmios conquistados na história da Pública.
2026 e os 15 anos da Pública
2025 foi um ano de muito trabalho, transformações e desafios. Cada vez mais, queremos ajudar nossos leitores a navegarem o caos informacional e a compreenderem os processos históricos pelos quais passam o Brasil e o mundo. Esse é um compromisso que assumimos para 2026.
Já estamos nos preparando para cobrir as eleições de 2026 e para fazer uma grande investigação sobre as bets, financiada por nossos Aliados. Em ano de Copa do Mundo, as apostas online infelizmente vão tirar ainda mais dinheiro dos brasileiros. Também seguiremos na cobertura das big techs, da crise climática e da desigualdade em nosso país. Além disso, teremos novos podcasts e projetos de fomento ao jornalismo vindo aí.
2026 será um ano muito especial para a Pública. Em março, vamos completar 15 anos de história. Estamos preparando uma série de ações e eventos para celebrar muito junto à comunidade de leitores, Aliados, jornalistas, parceiros e financiadores que construímos.
Chegamos até aqui com o apoio de muitas pessoas que acreditam que o jornalismo precisa seguir firme, forte e inovador. Neste ano, chegamos à histórica marca de 2 mil Aliados, que fazem doações recorrentes para a Pública e fortalecem nosso trabalho. Graças ao apoio de nossos dois mil aliados e demais parceiros, teremos muito o que investigar e celebrar em 2026. Até lá!
O ano de 2025 também começou com donos e executivos de big techs como Mark Zuckerberg, da Meta, e Sunday Pichar, do Google, em lugares de destaque na posse de Donald Trump. Esses magnatas têm o poder de influenciar a política em favor de seus interesses e contribuem para o enfraquecimento de democracias ao redor do mundo.
Ao longo de 2025, a Pública coordenou, em parceria com o Centro Latinoamericano de Investigacion Periodística (CLIP), uma investigação transnacional sobre o lobby das big techs contra sua regulamentação ao redor do mundo, principalmente no sul global.
Esse esforço, que envolveu 17 redações de 12 países, mapeou quase 3 mil ações de lobby no mundo, mostrou como as big techs se aliaram à extrema direita para combater a regulação de suas atividades e revelou que o ex-presidente Michel Temer tem trabalhado para essas gigantes da tecnologia.AGÊNCIA BRASIL
RP: ACOMPANHE TODOS OS DETALHES NA RÁDIO PALHANO WEB COM O RADIALISTA ROGÉRIO PALHANO DE SEGUNDA A SEXTA-FEIRA, A PARTIR DO MEIO DIA. NÃO PERCAM!!

0 comentários:
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.