Pages

domingo, 26 de junho de 2022

MERCADO DA MISÉRIA: COMO ESTÃO AS PESSOAS QUE TEM QUE COMPRAR 'OSSOS" PARA SOBREVIVER

Por ipuemfoco   Postado  domingo, junho 26, 2022   Sem Comentários


Há oito meses, uma reportagem do Diário do Nordeste, assinada pela repórter Carolina Mesquita, mostrou como a falta de manejo de políticas públicas durante a pandemia de

Covid-19 arrastou cearenses para a miséria. Naquele período, algumas pessoas já haviam deixado de consumir carne e foram obrigadas a substituí-la por ossos, pés de galinha, pele e vísceras. Sobras que eram vendidas de R$ 5 a R$ 9 por quilo em açougues de Fortaleza. 

Em outubro do ano passado, as atividades econômicas estavam na quarta e última fase de retomada (iniciada em junho) e as escolas já estavam abertas. Contudo, de lá para cá, não houve avanços significativos para a população: a inflação continuou subindo e o desemprego ainda está em alta.

Diante desse cenário, como estão as pessoas que já enfrentavam dificuldades financeiras naquele momento? 

Legenda: Penha e a família têm se alimentado quase exclusivamente de ovos e embutidos nos últimos oito meses.
Foto: Kid Junior

A cearense Maria da Penha Ferreira de Sousa, de 36 anos, entrevistada naquele ano, estava desempregada em razão do fechamento dos comércios. Com o retorno, começou a fazer faxinas, mas precisou parar por problemas de saúde. A esposa dela também conseguiu um emprego avulso em uma loja, mas recebendo R$ 60 diários apenas quando atinge a meta.

A quantia garante o pagamento do aluguel, que ficou atrasado ao longo de 2021. Mas a inflação tem corroído toda a renda remanescente, deixando o casal novamente sem condições de comprar o básico. 

Ossadas e carnes de segunda têm sido a aposta de frigoríficos para manter as vendas.
Legenda: Ossadas e carnes de segunda têm sido a aposta de frigoríficos para manter as vendas.
Foto: Kid Junior

“Não mudou muita coisa. A carne e o osso a gente já nem conseguia comprar direito. Agora, com a carestia, é que não compramos mesmo. Essa carestia faz a gente passar necessidade”, relata. “Quando dá, compramos ovo e mortadela. Como a mortadela também foi ficando mais cara, fomos trocando pela salsicha”, diz. 

A realidade da família pouco mudou. Em outubro passado, a família estava sem consumir carne havia oito meses.  Para sobreviver, compravam ossos a R$8,00, o quilo, e também passaram a consumir mais ovos e embutidos, como mortadela e salsicha.

Maria Luiza Sousa, de 56 anos
Legenda: Maria Luiza Sousa, de 56 anos, conta que a filha conseguiu um emprego, "mas não tivemos mudança para melhor devido à inflação”
Foto: Kid Junior

A dona de casa Maria Luiza Sousa, de 56 anos, também entrevistada naquele período, hoje relata aflição semelhante diante das altas generalizadas. “Graças a Deus, minha filha, de 30 anos, conseguiu um emprego para se manter. Mas não tivemos mudança para melhor devido à inflação”, conta.

Há oito meses, Maria Luiza e o marido, o aposentado João de Fatimo Mareano, 68, enfrentaram uma grande aperto. Ele adoeceu e a família perdeu cerca de 80% da renda. Para sobreviver em 2021, o casal juntou as finanças para tentar cobrir as despesas de alimentação e medicamentos.Mesmo assim, produtos precisaram ser cortados do orçamento ou substituídos para as contas fecharem. 

O casal já tinha diminuido as despesas com transporte, vestuário e alimentação e, mesmo gastando mais, o que entra em casa é menos a cada mês. "A gente está no básico do básico. Até produto de limpeza e higiene a gente está comprando menos. A marca que a gente usa é a que dá", disse a dona de casa em outubro do ano passado.

“A situação está difícil para tudo: é comida, luz, transporte e remédios subindo. Agora, eu já nem compro mais frutas e verduras. Vou cortando tudo. Quando consigo comprar hortaliças, divido para ir comendo ao longo da semana. É tudo fracionado”
MARIA LUIZA
dona de casa

Em outubro de 2021, a inflação acumulada estava em 10,67% no País. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) – considerado a prévia da inflação oficial do país – ficou em 0,69% em junho de 2022, acima da taxa de 0,59% registrada em maio, segundo divulgou nesta sexta-feira (24) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Com o resultado de junho, já são 10 meses seguidos com a inflação anual rodando acima dos dois dígitos.DN 

Sobre o autor

Adicione aqui uma descrição do dono do blog ou do postador do blog ok

0 comentários:

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...
.
Voltar ao topo ↑
RECEBA NOSSAS ATUALIZAÇÕES

© 2013 IpuemFoco - Rádialista Rogério Palhano - Desenvolvido Por - LuizHeenriquee