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sábado, 11 de junho de 2022

BOLSONARO E LULA DESPREZAM A IMPORTÂNCIA DOS DEBATES

Por ipuemfoco   Postado  sábado, junho 11, 2022   Sem Comentários

 


Bolsonaro e Lula não são democratas, e por isso temem, olhos nos olhos, o confronto de ideias, a crítica e o contraditório. Desprezam um importante meio republicano de apresentar programa de governo ao eleitor, deixando de cumprir o dever de homens públicos


Jair Bolsonaro e Luiz Inácio Lula da Silva estão em polos opostos no campo partidário, ideológico e político. Convergem, no entanto, em um ponto: nenhum deles é imbuído de espírito público. A prova mais recente é que ambos não pretendem ir aos debates na televisão, pelo menos no primeiro turno. 


O debate pressupõe a democracia e a democracia pressupõe o debate, e nessa dinâmica dá-se ao eleitor, de forma republicana, a possibilidade de ele conhecer os programas políticos daqueles que pleiteiam a investidura de mandatos. Para Lula e Bolsonaro, porém, o eleitor conta como um número a mais ou a menos de voto. Só isso. Esclarecê-lo para quê? Para no futuro ser cobrado por aquilo que se prometeu e não se cumpriu?


No sufrágio que se aproxima há uma característica teórica no terreno da ciência política: toda eleição à Presidência da República, na qual o incumbente é candidato à reeleição, torna-se uma consulta plebiscitária – o povo falará nas urnas se quer ou não o atual presidente em novo mandato. O debate na televisão cresce, assim, em importância: é nele que o atual ocupante do Palácio do Planalto deveria prestar conta de atos passados e apresentar projetos futuros. 


Quanto a Lula, após quinhentos e oitenta dias preso e à frente de um partido que tenta recomeçar do zero no quesito da ética, a sua participação é tudo que o cidadão deseja para conhecer qual é a plataforma da legenda. Claro que Lula e Bolsonaro lavariam em público a roupa suja um do outro, e isso lhes causa medo porque só democratas não temem divergências. Claro que Lula e Bolsonaro seriam duramente sabatinados, e isso os leva ao pânico porque apenas democratas não temem críticas e prezam o princípio do contraditório.


Se desejam cativar o eleitor, não fariam favor algum em debater. É pura obrigação e cumpri-la significaria o reconhecimento da dimensão mais profunda da democracia enquanto espaço no qual os conflitos são resolvidos por meio do diálogo. 


“Para se protegerem um do outro e também dos demais participantes, eles acabam fragilizando o processo eleitoral”, diz o cientista político Rodrigo Prando, professor da Universidade Mackenzie. “Esse tipo de conduta revela que, por motivos menores, eleitorais, ambos se escondem do escrutínio público e dos adversários”. 


A importância dos debates na tevê ficou sedimentada na realização do primeiro deles em todo o mundo. Em 1960, nos EUA, no canal CBS, o democrata John Kennedy debateu com o republicano e favorito Richard Nixon. Kennedy saiu-se tão bem e virou o jogo com propostas tão claras que os americanos dizem que ele foi eleito no dia 26 de setembro, data do debate, e não do dia 8 de novembro, data da votação.

Divulgação

No Brasil, em 1989, nas primeiras eleições diretas depois de vinte e um anos de ditadura militar, a edição do último debate de Lula com Fernando Collor acabou beneficiando o ex-caçador de marajás. A própria Rede Globo admitiu que o debate foi editado igual a um jogo de futebol, registrando-se apenas os melhores momentos de cada time. Isso justifica o fato pelo qual Collor teve um minuto e meio a mais de tempo nesse material editado. 


Em 2015 a falha foi reconhecida pela emissora: ”um debate entre candidatos é um confronto de ideias que precisa ser visto como um todo”. A Rede Globo não mais os edita, transmite-os ao vivo e na íntegra. Não procede, portanto, as esfarrapadas alegações de parcialidade utilizadas por candidatos que, a rigor, só querem se furtar do exercício da democracia. 


São eles também, os debates, que dão chance para postulantes crescerem de uma campanha à outra. Em 2017 a principal representante da extrema direita francesa, Marine Le Pen, admitiu que lhe faltou cultura política para neutralizar os ataques de seu oponente, o atual presidente Emmanuel Macron. Ela aprendeu. Recentemente, ambos voltaram a debater para as eleições desse ano. 


Viu-se, então, uma Le Pen mais articulada. Macron ganhou, mas dessa vez por seu mérito e não por fragilidade de argumentos da adversária.ISTOÉ

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