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domingo, 30 de maio de 2021

A VIA ALTERNATIVA DA ELEIÇÃO????

Por ipuemfoco   Postado  domingo, maio 30, 2021   Sem Comentários





Dias atrás um certo frenesi tomou conta das redes sociais após FHC ter declarado voto a Lula no caso de um segundo turno apocalíptico, polarizado entre o demiurgo de Garanhuns e o “mito” ensandecido do cerrado planaltino. 


Nada mais natural, no entanto. FHC, como bom sociólogo, exibe a qualidade de enxergar longe o jogo político e traça cenários com as peças que estão dispostas no tabuleiro. Fato: a pendenga de lulistas contra bolsonaristas parece arquitetada para as próximas eleições — salvo algum novo incidente de percurso, jurídico ou social, ainda não precificado. Nesse quadrante de dois extremistas, o pêndulo tende a se mover naturalmente para o outro lado que não o do inquilino atual do poder. 


Como já ocorreu lá atrás, quando um País inteiro, sobejado pelos 16 anos de mando e desmandos do PT, guiou-se ao limite oposto, na busca estúpida, incessante, por mais um salvador da Pátria. E eles, sabidamente, não existem. Embora se apresentem como tal, antes tratam de arranjar e acomodar os próprios interesses, deixando a massa bovina e infecta de seguidores ao relento das promessas jamais cumpridas. 


O Brasil, numa sina subdesenvolvida, de apego às tradições políticas mais retrógradas, vem sendo levado a esse “confronto” e conluio de extremos (embora pareça, não há nada de paradoxal nisso). Antes de tudo está aí uma forma meio bizarra de alternância de controle do Estado. Em 2018 a dose foi repetida. E deu no que deu. O torresmo de cérebro do capitão, que aparenta exibir quase nenhum neurônio, convenceu e venceu, transmutado no personagem de um anti-Lula de ocasião e carteirinha. 


Construiu, a partir dali, seu próprio desastre administrativo, desmantelando o que havia de essencial em áreas como Educação, Saúde e Meio Ambiente, para citar apenas o tripé de setores estratégicos mais em voga. Fez ainda pior: legou ao País uma carnificina humana sem precedentes, na base das decisões bestiais que iam de uma promoção sem o menor cabimento, lógica ou base científica, de drogas sem eficácia à campanha implacável contra vacinas. 


É redundante lembrar, mas é igualmente assombroso ter de acreditar em tantas aberrações cometidas. Lula, por sua vez, representa hoje — queiram ou não os desafetos, falsamente chocados com a sobrevida que carrega — um autêntico anti-Bolsonaro e vai ser difícil outro tomar-lhe o papel. Fato. Daí a polarização mais uma vez estabelecida. O capitão Bolsonaro experimenta, no momento, uma resistência gigantesca em todo o País ao seu nome, em virtude das loucuras em cascata e da imoral série de atitudes genocidas. 


Mais da metade da população nacional (apontam pesquisas) não quer vê-lo reconduzido ao Planalto. Essa fatia de eleitores optará por um lado antagônico ao status quo atual e, se perceber que a única maneira de deter o avanço do mandatário será por intermédio de Lula, fechará com ele. Cristalino como água e FHC vislumbrou a corrente. Na prática, não há como Bolsonaro sair inteiro e vitorioso da contenda. Não possui fôlego para levar no primeiro turno e com Lula, no segundo turno, dança. Perde fragorosamente. 


FHC chacoalhou a cena política, com sua visão antecipada e primorosa, para tentar reacender o fôlego de uma via alternativa, a do terceiro elemento na batalha. Precisa aparecer como uma figura com capilaridade política, articulação partidária, senso de responsabilidade e noção das carências nacionais. É mister esperar os próximos capítulos, mas o tempo urge. 


Para o bem dos princípios, contra o negacionismo que tanto Lula como Bolsonaro professam, em favor da lisura na gestão pública, é vital e urgente o aparecimento da terceira via. Desafio que se impõe como uma missão de toda a sociedade.


Sempre foi pré-condição da democracia representativa a pluralidade de candidatos e, mais do que nunca, é necessário ao País sair de uma vez por todas da armadilha dos extremos. Surpreende no contexto em vigor que mesmo a elite dominante esteja resignada, de alguma forma conivente com os malfeitos, exibindo pouco engajamento na busca por competência, moralidade administrativa e seriedade de objetivos. 


Até por uma simpatia ideológica equivocada, de natural predileção pelo controle absoluto do Estado, na base da espora, chicote e coice na população, a mesma elite que se diz consciente do papel de indutora do desenvolvimento se deixa enlamear no ranço purulento do radicalismo. Ela rasteja na saída equivocada. Para os brasileiros que têm muito a perder, uma opção de centro ainda é possível nesse jogo? Naturalmente. 


O centro ainda acumula a maior fatia dos eleitores nacionais, mas vai depender da forma como ele se apresentará para lograr êxito. Caso se mostre esfacelado, diluído, perderá força e ficará em segundo plano diante da polarização. O populismo ainda está corrente, com enorme apelo e servindo de fundamental apetrecho para os aventureiros de plantão, habituais candidatos a caudilhos, ditadores de republiquetas. 


Não é aconselhável fazer pouco caso de sua relevância. Mas o Brasil merece mais. Pode mais. E deve buscar por muito mais. Fora da doentia dicotomia dos lunáticos. Depende de cada um de nós.CARLOS JOSÉ MARQUES

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