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quinta-feira, 23 de julho de 2020

ESCÂNDALO ELEITORAL; VERDADE OU MENTIRA

Por ipuemfoco   Postado  quinta-feira, julho 23, 2020   Sem Comentários


O Terça Livre teve acesso nesta quarta-feira (22) ao áudio que mostra uma suposta articulação do deputado estadual do Ceará, Bruno Gonçalves (PL) em esquema para reeleger sua mãe, Marta Gonçalves (PL), como vereadora em Fortaleza.

A vereadora Marta havia deixado o legislativo durante seu mandato para assumir a Coordenadoria Especial de Políticas sobre Drogas na Prefeitura de Fortaleza.

Ela voltou ao cargo em 31 março, já que tem pretensão de concorrer mais uma vez a vereadora. É o que manda a legislação.

Bruno Gonçalves é vice-líder do Partido Liberal e filho de outro político, Acilon Gonçalves, atual prefeito de Eusébio (CE).

Na gravação obtida com exclusividade para o Portal Terça Livre, Bruno Gonçalves explica ao pré-candidato a vereador de Fortaleza, Maninho Palhano, como funcionaria o esquema.

De acordo com Bruno, o PL seria entregue ao prefeito de Fortaleza, Roberto Claudio (PDT) e em contrapartida, ele montaria o partido de modo a favorecer a reeleição de Marta.

A negociação envolve pagamento em dinheiro aos candidatos que aceitarem a proposta de concorrer às eleições pelo PL.

TRECHO DO ÁUDIO: BRUNO – Nós estamos numa negociação com o Roberto de entregar para ele o PL. Em contrapartida, ele montaria o partido para fazer de três a quatro vereadores, onde só teria de mandato minha mãe, que seria uma das vagas, porque ela sendo eleita, ela vira secretária de novo, porque ela na câmara dá muito trabalho a gente, querendo que o povo ‘tudo’ [sic] trabalhe e não dá certo. 

O deputado estadual estima que a mãe possa vir a ter de dez a doze mil votos. Um dos vereadores que entrariam na disputa para impulsionar a eleição de Marta seria o Professor Eloi (PATRI), que ficou no lugar da vereadora enquanto ela comandava a secretaria na prefeitura.

TRECHO DO ÁUDIO: BRUNO – Ficaria aqui até por fidelidade a mim, ele ia me ajudar botando os seus quatro mil votos lá no bolso e torcendo pela primeira suplência até minha mãe sair de novo.

Depois, Bruno Gonçalves cita todos os nomes que serão chamados para o partido (ouça o áudio na íntegra ao final da reportagem).

TRECHO DO ÁUDIO: BRUNO – É a base. Fechando isso aqui, vem um monte de gente. Porque se a gente faz quatro, a gente pode sentar depois entre a gente, os que vão ganhar, ‘tipo’ [sic] pega seis que vão disputar as cinco vagas e divide as assessorias, dá R$ 3 mil para cada suplente, para estimular ‘os cara’, entendeu?

Bruno diz que o seu objetivo é fazer com que a mãe tenha uma “eleição tranquila”, já que está entregando o partido ao prefeito de Fortaleza.

Maninho então pergunta quem é o atual presidente do PL: “É o Barroso”, responde Bruno. Francisco Barroso é presidente municipal do partido em Fortaleza. “Aqui quem manda cem por cento é a gente, não tem perigo de entrar ninguém”, assegura, no entanto, o deputado.

Pelo áudio, entende-se que o prefeito de Eusébio já havia tentado articular com Maninho, mas não obteve sucesso. Por isso, pediu a Bruno que fizesse o trabalho.

TRECHO DO ÁUDIO: BRUNO – “Quê que ele [Roberto] diz: ‘Rapaz, ofereça pra ele, diga pra ele [Maninho] que antes de eu sair do meu mandato eu faço ele vereador quatro meses. O que eu quero do Maninho, que ele não me esculhambe [sic] na tribuna e nem peça voto pro Wagner [deputado federal capitão Wagner]’. 

Bruno diz que Roberto garante Maninho como vereador por quatro meses. O pré-candidato filia-se ao PL e o partido entrega uma “estrutura” que possivelmente entende-se que seria em dinheiro. “Essa estrutura aqui é responsabilidade minha. Eu me responsabilizo por essa estrutura. Se não vier dele, vem de mim”, diz o deputado a Maninho. Ainda de acordo com ele, a ideia é oferecer a mesma “estrutura” para cada candidato de quatro mil votos.

Maninho então diz que acha que o valor da “estrutura” é pouco. E Bruno pergunta o que ele recebeu na última candidatura.

TRECHO DO ÁUDIO: MANINHO – Rapaz, da outra eu não recebi foi nada. Pronto, prometeram e não veio, não apareceu. 

TRECHO DO ÁUDIO: BRUNO – Prometeram o quê? Uns cem [mil]? 

TRECHO DO ÁUDIO: MANINHO – R$ 250 [Mil]

TRECHO DO ÁUDIO: BRUNO – Aí é demais né?

Bruno então oferece uma quantia para que Maninho vá para o PL. “Por isso aqui tu ficaria com a gente?”, pergunta. “Vamos fechar nisso aqui?”.

O deputado diz que arruma o valor nem que seja de fundo partidário. “Se não vier do Roberto, que eu vou tentar pegar com ele, né?”.

TRECHO DO ÁUDIO: BRUNO – Da outra vez ele deu R$ 1 [milhão] e 200 [mil] na eleição passada, do Patriotas, são dois vereadores. Deu R$ 50 mil para cada um, dei 20 [mil] para 30 [fazendo dois vereadores pelo Patriotas]. 

TRECHO DO ÁUDIO: BRUNO – Mas ele deu essa estrutura aqui. Eu acho que vou pedir a ele [Roberto] em torno de R$ 2 milhões e meio. Vamos tentar, vamos dizer que venha dois… Só que o problema é que nós vamos ter essa turma todinha.

Bruno diz que com os doze candidatos que já estão fechados no partido, é possível tirar de quatro a cinco mil votos.

TRECHO DO ÁUDIO: BRUNO – Vamos dizer que dê R$ 100 [mil] para cada um, dá R$ 1 [milhão] e 200. Vamos botar que tenha mais um, dois aqui, três que chegue a R$ 150 [mil] a R$ 200 [mil].

A projeção é de gastar R$ 1 milhão e 500 mil com os candidatos.

TRECHO DO ÁUDIO: BRUNO – Vamos botar que a gente gaste R$ 1 milhão e meio com esses candidatos ‘tudim’ [sic], esses doze. Aí vamos ‘botar’ [sic] que a gente tenha mais R$ 1 milhão aqui para gastar com os outros, são quarenta, né? R$ 1 milhão para dar vinte, quinze para cada. Vai dar certo! Com R$ 2 milhões a gente faz a chapa. 

Questionado por Maninho se este é seu primeiro mandato, Bruno diz que é o segundo e revela sua intenção de sair como candidato a prefeito de Aquiraz. O deputado ainda sugere marcar uma reunião com Roberto e Maninho e pede que o pré-candidato pense e tome uma decisão sobre o que lhe foi oferecido até o final da semana.

TRECHO DO ÁUDIO: MANINHO – Aí eu tenho que ver com o pessoal, conversar, sabe… Porque você tem sua votação e tudo, mas o que completa sua votação é o pessoal que vai chegar junto, né?

Bruno pede que Maninho “pense direitinho” na proposta.

TRECHO DO ÁUDIO: BRUNO – Aqui para deputado eu fiz um partido para eleger com 25 mil votos. Elegi com 25 mil e 600. Fiz três deputados. Mas também eu desmontei os partidos todinhos, tudo no dinheiro. É o jeito, a gente só tira voto no dinheiro, tira voto liso não.

Bruno aperta Maninho mais uma vez para que ele dê uma posição sobre a proposta.

TRECHO DO ÁUDIO: MANINHO – Eu tenho que ver com o pessoal, não é nem pensar não. É que assim, sabe, Bruno, eu tenho um grupinho assim, o pessoal que chega junto mesmo, da comunidade, que acredita, que aposta…

O áudio então termina com Bruno dizendo que entra em contato com Maninho até sexta-feira. Uma fonte ouvida pelo Terça Livre informou que Maninho denunciou a conversa ao Ministério Público e que o processo corre em sigilo.

O Terça Livre está tentando contato com Bruno Gonçalves para ouvir a versão do deputado sobre o caso.

Também entramos em contato com Maninho e aguardamos retorno.


Ouça a íntegra do áudio: 
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