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terça-feira, 26 de novembro de 2019

MAU HÁBITO; VIAS REDUZEM PONTOS DE LIXO.MAS DESCARTE IRREGULAR MANTÉM SUJEIRA NA CAPITAL

Por ipuemfoco   Postado  terça-feira, novembro 26, 2019   Sem Comentários


O número de locais com acúmulo de resíduos sólidos caiu de 1.800 em 2015 para 736 neste ano; iniciativas de
comunidades têm diminuído as marcas de sujeira, mas ainda é nítido hábito de pessoas e empresas deixarem lixo nas ruas.

Uma cidade mais limpa ou não? Uma população mais consciente diante das demandas relacionadas à limpeza urbana do próprio espaço em que habita? Um poder público mais atuante ou não? Fortaleza conta e reconta todos os dias cenários de acúmulo de lixo que fazem e se desfazem constantemente, alterando a paisagem e abrindo brechas para questionamentos assim.

Uma prova disso é que se, em 2015, a Capital tinha 1.800 pontos de lixo espalhados pelas vias, neste ano de 2019, - embora ainda seja constante na cidade avistar e conviver com acúmulo de lixo em vias, canteiros e calçadas - o número é 736, o que representa uma baixa de 59,11%. 

Os dados são da Secretaria da Conservação e Serviços Públicos (SCSP) e incluem uma preocupação contínua que afeta, principalmente, a população: 600 áreas de difícil acesso para o alcance da limpeza urbana. 

Esses pontos de lixo, além de serem entraves para o cotidiano, também geram despesa com uma iniciativa chamada coleta especial (retirada de lixo das ruas), com a qual a Prefeitura gastou R$ 52 milhões apenas em 2018.

Quando se reflete sobre os porquês dessa redução, algumas das respostas são justamente iniciativas que partem de comunidades e coletivos urbanos, algumas vezes com o apoio do poder público. 

Espaços que já foram pontos de lixo ganharam novos tons, como a Rua Padre Roma, no bairro de Fátima. "Antigamente, aqui era um ponto de lixo, que trazia muitos ratos e baratas, não só pra gente, que mora ao lado, mas pra vizinhança toda", revela a moradora Iara Marinho, de 28 anos. 

Ela e o cunhado tiveram a iniciativa de revitalizar o local, removendo os entulhos e pintando as paredes. "As plantas estão crescendo, todo dia são aguadas, e os ratos e as baratas foram embora", comemora.

Na Avenida Leste-Oeste, a Escola Flávio Marcílio foi um dos pontos que ganhou cor. Lá, agora tem um enorme mural colorido, e o lixo que era rotina ficou para trás. A comerciante Cláudia Carvalho de Moraes, 51, comemora as mudanças em pontos da avenida e acrescenta que até os moradores ajudam a manter a limpeza. 

"Antes, era terrível, ao ponto de precisar fechar a rua por causa do lixo e até vir trator para retirar os resíduos. Tinha ratazana, muita mosca. E nós da comunidade estamos sempre vigiando", ressalta.

Em outro ponto da cidade, na Av. Sargento Hermínio, no bairro Monte Castelo, crescem plantas onde antes cresciam montes de lixo. O local ganhou uma intervenção há cerca de 2 anos e nunca mais recebeu entulhos.

Consciência

Contudo, embora a gestão tenha inibido o lançamento de entulhos em áreas urbanas, e a população se revezado em intervenções artísticas urbanas que afastam a sujeira, os resíduos sólidos continuam espalhados pela cidade, em avenidas historicamente conhecidas pelo acúmulo de sujeira. 

No cruzamento da Av. Domingos Olímpio com a Rua Rúbia Sampaio, no bairro Farias Brito, o lixo se avoluma no canteiro central. Sacos plásticos, estofados, restos de construção e até bichos domésticos mortos, denunciam os moradores, tomam todo o espaço.

Conforme o segurança Luiz Paiva, de 63 anos, que reside nas proximidades do "depósito de lixo", um caminhão faz a coleta seletiva de duas a três vezes por dia. Ele denuncia que o descarte incorreto é feito pelos próprios moradores, inclusive, durante o recolhimento dos entulhos. 

"Enquanto o caminhão está recolhendo, já tem gente colocando mais lixo. O problema, às vezes, é o morador mesmo que não espera a hora certa de jogar", aponta o segurança. A Secretaria da Conservação e Serviços Públicos explica que a retirada dos pontos de lixo "promove não apenas a remoção dos resíduos descartados erroneamente pela cidade, mas a conscientização da população, por meio da educação ambiental e do envolvimento participativo e a requalificação dos espaços, até então tomados pelo lixo".

Números da SCSP revelam também que a Capital recolheu 1.504.971 toneladas de lixo em 2015 em coletas domiciliares e especiais. Em 2018, porém, a quantidade dos 12 meses foi de 1.204.191 toneladas, um decréscimo de 19,98%.

Sujeira

Quem passa pela Avenida José Bastos percebe a quantidade de lixo acumulado no canteiro central. Para o autônomo José Bento, que é usuário frequente da via, o acúmulo de lixo é consequência da "falta de consciência" dos moradores. A situação se repete no bairro onde ele mora, o que acaba dificultando até o tráfego de bicicleta pela ciclofaixa. 

A "consciência" da população, porém, não é apontada como o foco do problema de acordo com o coordenador especial de limpeza urbana da SCSP, Albert Gradvohl. Ele explica que, apesar da diminuição, grande parte dos descartes irregulares é originada a partir de empresas ou em áreas de difícil acesso, cercadas por comunidades de "baixíssima renda", e onde o caminhão de coleta não tem espaço suficiente para transitar.

"Fortaleza tem, pelo menos, 600 áreas de difícil acesso. É importante ver que a gestão dos resíduos na cidade é um processo de médio e longo prazos, e nós já conseguimos muitos resultados", avalia. Segundo o coordenador, o direcionamento do descarte para os 65 ecopontos e a mudança de atitude por parte de empresas contribuíram para os bons índices observados.

Para ele, o problema está na falta de políticas públicas que façam com que cada capital tenha coleta seletiva de lixo e logística reversa, que prevê a volta dos resíduos ao processo produtivo. 

A gestão integrada coloca os materiais descartados como reserva técnica, em vez de lixo.

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