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quarta-feira, 30 de agosto de 2017

LULA E CAMILO; CIRO E TASSO; 1998,2002 E 2018

Por ipuemfoco   Postado  quarta-feira, agosto 30, 2017   Sem Comentários


Do ponto de vista da política local, a passagem de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pelo Ceará é a mais complexa de todo o percurso do ex-presidente pelo Nordeste. 

A presença do governador Camilo Santana, que é petista, só foi confirmada no início da semana. 

É a situação mais delicada que os partidos do bloco oposicionista federal precisam administrar. O único pré-candidato desse campo político a se contrapor a Lula é do Ceará: Ciro Gomes (PDT). Camilo é petista, mas chegou ao poder com base no suporte eleitoral do grupo Ferreira Gomes. 

Governa com sustentação do PDT, maior partido do Estado, comandado pela família de Ciro. O governador se tornou muito mais próximo ao clã ciro-cidista que ao PT. Já recebeu aval do próprio Lula para apoiar o ex-governador cearense em sua provável terceira empreitada presidencial. Cogitou-se sua saída do PT. 

Camilo não descarta nem confirma. Está atento ao prazo: abril do ano que vem. Até lá, acompanha os acontecimentos. Dá sinais a favor de Ciro, outros por Lula. Surfará na onda mais conveniente em 2018.

Não faz sentido para Camilo bater de frente com o PT sem estar certo de que Ciro será mesmo candidato. Também não se sabe se Lula concorrerá. Composição entre os dois não é impossível. O governador cearense está no meio da confusão e pratica equilibrismo. O estilo de Camilo sempre foi o de manter as portas abertas.

Nas duas outras eleições presidenciais nas quais Ciro foi candidato, a situação foi parecida no Ceará. O governador era Tasso Jereissati (PSDB), à época padrinho e aliado-irmão dos Ferreira Gomes. Mas, as posturas foram diferentes nas duas circunstâncias. Variaram conforme a posição como Ciro se colocava na disputa.

Em 1998, Tasso apoiou a reeleição de Fernando Henrique Cardoso (PSDB), mesmo com Ciro no páreo. Na ocasião, o ex-governador se lançava na primeira empreitada presidencial, sem qualquer chance real. 

Teve 10% dos votos no País e foi o terceiro colocado. No Estado, foi o primeiro, com 27,5%. 

Para isso, teve voto de muitos apoiadores de Tasso. Mesmo com respaldo do governador, FHC foi apenas o terceiro entre os eleitores cearenses, com 24%. Além do ex-governador cearense, perdeu também para Lula, que teve 26%.

Já em 2002, o quadro foi diferente. Tasso apoiou Ciro de forma decidida e o ex-governador teve 44% dos votos cearenses. Lula teve 39% e José Serra (PSDB), 8%. Houve várias diferenças entre um pleito e outro

Tasso havia rompido com Serra em meio a disputa tucana sobre quem seria candidato ao Palácio do Planalto. Mas, principalmente, Ciro despontava em outra condição. Chegou a aparecer com chance real de vitória. 

Verdade que, no fim das contas, acabou em posição pior que na eleição anterior: foi o quarto, atrás de Lula, Serra e ainda de Anthony Garotinho (então no PSB). Aliás, a distância de Garotinho para Ciro foi maior que a vantagem de Serra em relação ao candidato á época no PSB.

A questão é a seguinte: Tasso apoiou FHC quando Ciro era figurante na disputa. E ficou com o aliado local quando, além da divergência com Serra, o candidato cearense tinha possibilidades reais. 

De modo que, para 2018, importa muito para Camilo em qual situação Ciro entrará. Será o Ciro mero figurante de 1998? Ou, tenha ou não o mesmo desfecho, o de 2002, que chegou a flertar com a vitória?

Não creio que, em cenário algum, Camilo fará corpo mole em relação a Ciro. Porém, manterá portas mais abertas em relação ao PT quanto menores forem as chances do pré-candidato pedetista.

A SURPRESA COM O APOIO DE LULA

Nessa mesma caravana pelo Nordeste, na passagem por Alagoas, Lula causou polêmica ao dividir palanque e trocar elogios com Renan Calheiros (PMDB-AL). “Eu estou convencido que a aliança política continua necessária”, disse o petista sobre o ex-presidente do Senado, que votou pelo impeachment de Dilma Rousseff (PT), embora tenha comandado a manobra para evitar a inelegibilidade.

Surpreende-me que ainda chame atenção de alguém as alianças que Lula faz. Em 2002, ele fez acordo com José Sarney (PMDB) já no primeiro turno, e com Antônio Carlos Magalhães (PFL) no segundo. Na mesma eleição, também teve apoio de Fernando Collor. 

Fora ACM, o petista manteve essas alianças durante praticamente todos os anos de governos petistas. Paulo Maluf foi outro com quem se compôs. Além, é óbvio, de Michel Temer (PMDB), que entrou na linha sucessória da Presidência três vezes em articulações de Lula: uma como presidente da Câmara e duas como vice-presidente..

Praticamente todos os nomes mais, digamos, complicados da política cearense já estiveram ao lado dele. Inclusive o PSDB. Não custa lembrar: Lula negociou apoio dos tucanos em 1993. Teria Tasso como vice. 

O Plano Real mudou tudo. Mesmo assim, o acordo ficou mantido no Ceará. O PT local chegou a aprovar apoio ao tucano, que depois não vingou.

Até Jair Bolsonaro, então no PPB, já apoiou Lula, no segundo turno de 2002. Isso depois de ter votado em Lula no primeiro turno. O deputado chegou a ir à Granja do Torto, vejam só, pedir pela indicação de Aldo Rebelo (PCdoB) para o Ministério da Defesa. 

O petista nem recebeu Bolsonaro nem fez a indicação. Em 2006, com Lula já reeleito, o deputado foi a reunião da bancada do PP com o então presidente.

Admira-me que alguém ainda se admire com as alianças que Lula é capaz de fazer.
ÉRICO FIRMO

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