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sexta-feira, 11 de novembro de 2016

"UM DIA UM EVANGÉLICO SERÁ PRESIDENTE DO BRASIL"

Por ipuemfoco   Postado  sexta-feira, novembro 11, 2016   Sem Comentários


Horas depois da vitória de Marcelo Crivella na eleição para a prefeitura do Rio de Janeiro, Marcos Pereira,
presidente licenciado do PRB, fez um desabafo em sua conta no Instagram: 

“Ao longo dos anos, Crivella e os evangélicos, especialmente os da Igreja Universal, têm sofrido todo tipo de preconceito”

Ministro da Indústria e Comércio do governo Michel Temer, bispo licenciado da Universal, Pereira repete que apenas dez dos 22 deputados federais do partido são ligados à igreja – mas não esconde os vínculos com a potência evangélica. Foi Pereira quem comandou de fato o crescimento do PRB, que saltou de 80 para 105 prefeituras. 

Em entrevista a ÉPOCA, ele atribui a vitória de Crivella ao desgaste da classe política e ao conservadorismo. 

“A sociedade brasileira não aprova essas discussões mais liberais”, diz. E prevê: “Não tenho dúvidas de que, um dia, um evangélico será presidente do Brasil”.


ÉPOCA – O senador Marcelo Crivella já havia tentado a prefeitura do Rio duas vezes. O que fez de diferente?ÉPOCA – O PRB teve um crescimento de mais de 30% no número de prefeituras nessas eleições municipais e conquistou sua primeira capital. A que atribui esse desempenho?

Marcos Pereira – Planejamento, trabalho e discurso. No ano passado, visitei 23 estados. Trazia a mensagem de que a sociedade precisava resgatar a boa política. E convidava as pessoas a se filiar ao partido: “Você que é de bem, quer o bem de seu país, venha se sentar à mesa com a gente”. 

José Alencar [vice de Lula, filiado ao PRB] dizia que precisávamos resgatar o republicanismo, o interesse público. Diante do desgaste que a classe política vem sofrendo, nós tivemos esse crescimento, como um partido novo.

Pereira – Ele vinha numa crescente de recall, de imagem, de reconhecimento. Em 2014, foi ao segundo turno com o [governador Luiz Fernando] Pezão. Tudo o que ele dizia sobre os problemas econômicos e financeiros do Rio, naquela campanha, aconteceu. Há um desgaste dos governos carioca e fluminense, uma frustração do eleitor.

ÉPOCA – Crivella disse que sua vitória representa a “preservação dos valores tradicionais da civilização cristã ocidental” e uma “mensagem contra a legalização do aborto, a liberação das drogas e a discussão da ideologia de gênero”. O senhor concorda?

Pereira – Concordo na medida em que precisamos avaliar que realmente, não só no Brasil, mas no mundo todo, há uma valorização dos princípios mais conservadores, inclusive nos Estados Unidos, com Donald Trump. 

O Brasil foi governado por 13 anos por um partido considerado de esquerda, com ideias mais liberais, e a sociedade verificou que não deu certo. Então, vamos agora dar uma guinada.

ÉPOCA – A sociedade brasileira é conservadora?

Pereira – Ainda é, em todos esses sentidos. Porque é da cultura, da colonização, da gênese da sociedade brasileira. Uma sociedade religiosa, em grande maioria cristã. E os valores cristãos são conservadores, não tem jeito. Quando algum desses temas chega à Câmara, há uma Frente Parlamentar da Família, com evangélicos e católicos, de quase 200 deputados, que é um espelho da sociedade.

ÉPOCA – Como o Estado deve tratar políticas públicas relacionadas aos costumes?

Pereira – Depende. Li que o Ministério do Turismo está lançando uma cartilha para ensinar a lidar com turistas LGBT. Eu sou favorável. Sou favorável a políticas públicas de controle da natalidade, de uso de preservativos por questão de doenças sexualmente transmissíveis. São políticas para o cidadão. 

Agora, dizer que uma criança de 5 anos tem de escolher se é menina ou menino, e o Estado incentivar isso... Eu acho que isso é um dever da família. O Estado tem de dar educação no sentido da essência, do conhecimento. Mas valores e princípios têm de ficar a cargo da família. Tem de tomar cuidado. 

Se há uma criança que está se descobrindo e tem tendências homossexuais, o Estado tem de dar apoio, reprimir discriminações. Ela não pode ser discriminada. Mas daí a criar um estímulo.

ÉPOCA – Como Crivella vai conciliar suas posições pessoais com uma sociedade como a carioca, com seu ecumenismo, sincretismo, laicidade e seus festejos?

Pereira – Separando a função pública das convicções religiosas. A Constituição fala da laicidade do Estado. Somos contra a confusão entre religião e Estado. Ele pode ser, como religioso, não adepto do Carnaval. Enquanto prefeito, não pode criar embaraço à realização do Carnaval, deve incentivar e apoiar. Não vejo conflito em um prefeito, especificamente o Crivella, enquanto homem público, incentivar para que melhore a qualidade do Carnaval e também da Parada Gay. Ele foi eleito para governar para todos.

ÉPOCA – Em 2011, Crivella afirmou: “Não sei se será na nossa geração, mas os evangélicos ainda vão eleger um presidente”. Isso vai acontecer?

Pereira – Não tenho dúvidas. É um processo natural. O Brasil elegeu um ateu [referência a Fernando Henrique Cardoso, que se diz agnóstico], católicos, uma mulher. É da democracia. Não é que os evangélicos vão eleger um presidente da República, é diferente. 

Eu não tenho dúvida de que um dia um evangélico será eleito presidente da República. E ele, seja quem for, vai ser eleito pelos evangélicos, pelos católicos, pelos macumbeiros, pelos ateus. Você acha que em 1,7 milhão de votos do Crivella só tem evangélicos? De jeito nenhum!

ÉPOCA – Como seria o governo de um presidente da República evangélico?

Pereira – Seria um governo como vai ser o governo do Crivella: para todos, laico.
“Enquanto prefeito, Crivella não
pode causar embaraço ao Carnaval”

ÉPOCA – O bispo Edir Macedo, fundador da Universal, afirma no livro Plano de poder que “a potencialidade numérica dos evangélicos como eleitores pode decidir qualquer pleito eletivo”. A religião influencia a eleição?

Pereira – Não se trata da religião. Trata-se de valores. Crivella me mostrou mensagens que recebeu do Dom Orani [Tempesta, arcebispo do Rio] de madrugada. “Crivella, estou orando por você agora, às 3 horas da manhã.” A primeira manifestação do Crivella após a vitória teve um pai-nosso.

ÉPOCA – Os principais postos da direção do PRB são ocupados por dirigentes da igreja. Por quê?

Pereira – Talvez porque o partido tenha sido criado assim. Estamos mudando. Já trouxe para a Executiva outras pessoas que não têm vínculo algum. A gente não pergunta a religião quando a pessoa vai se filiar.

ÉPOCA – O PRB é um partido de direita?

Pereira – Centro-direita. Nós somos favoráveis à livre-­iniciativa, ao capitalismo. Eu, Marcos Pereira, sou ca-pi-ta-lis-ta. Somos favoráveis à geração de emprego, e o capital não tem como viver sem o trabalho, e vice-versa. A sociedade brasileira não quer essa discussão, não aprova essas discussões consideradas mais liberais. As pesquisas mostram isso. Mas sabemos dialogar, não somos intolerantes.

ÉPOCA – Como o PRB pretende se posicionar em 2018?

Pereira – O partido cresceu, tem tempo de TV igual ao DEM, maior que o PDT. E vai governar a partir de janeiro um contingente de eleitores muito maior, então vai ter um protagonismo maior. Não tenho como antecipar se vai estar mais próximo de alguma liderança porque é cedo.

ÉPOCA – A retomada da discussão da cláusula de barreira é uma ameaça à legenda? O PRB concorda com essa regra que limita o número de partidos?

Pereira – Essa questão não me preocupa, porque devemos superar essas barreiras em 2018. Estamos formando um partido político de verdade. Quem tiver competência vai se estabelecer. Quem não tiver acaba sendo eliminado. O PRB não é um partido de aluguel, é um partido de verdade. E também não é um partido da igreja.

ÉPOCA – O senhor assumiu um Ministério da Indústria esvaziado. O PRB está satisfeito com o espaço no governo?

Pereira – Já estava combinado com o presidente Michel Temer que a Apex [agência de fomento a exportações] iria para a esfera do Ministério das Relações Exteriores e o BNDES ficaria com o Planejamento. Quando escolhi o Desenvolvimento, fui informado disso. Foi combinado.

ÉPOCA – O partido, do tamanho que tem, está contemplado com espaços no governo?

Pereira – Acho que pode melhorar. Está contemplado, mas pode melhorar.

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