Horas depois que o presidente do Senado, Renan Calheiros, seu colega de PMDB, resumiu a cassação do ex-deputado com a frase “quem planta vento colhe tempestade”, Cunha emitiu uma nota para contra-atacar, com ironia e tom de ameaça.
“Acreditando na sua inocência, espero que os ventos que nele chegam através de mais de uma dezena de delatores e inquéritos no STF, incluindo Sérgio Machado, não se transformem em tempestade”, disse. Cunha foi obrigado a sair da Câmara, mas o estilo áspero de presidir a Câmara não saiu de sua cabeça.
Cunha joga com o medo e com os segredos. Nas derradeiras horas antes de sua cassação, ao perceber a debandada de aliados, adotou uma postura mais agressiva. Distribuiu algumas ameaças, o que fez até o Palácio do Planalto abandoná-lo. O futuro próximo será assim: colegas de PMDB, o Planalto e muitos aliados na Câmara viverão temerosos com o que Cunha pode revelar sobre arrecadação de campanhas eleitorais, petrolão, barganhas de cargos no governo e na Câmara, enfim, fatos constrangedores da política.
Eduardo Cunha deixou a Câmara dos deputados nos primeiros minutos da madrugada desta terça-feira (13), por uma porta lateral. Acusado de mentir aos colegas em um depoimento na CPI da Petrobras, o peemedebista ainda pode manter alguns benefícios que são concedidos a ex-integrantes da Câmara.
A direção da Casa vai decidir nos próximos dias se Cunha poderá ter acesso ao departamento médico, ao plano de saúde de ex-deputados e à aposentadoria dos congressistas.
Cunha precisará desocupar imediatamente seu gabinete na Câmara e terá 30 dias para deixar o apartamento funcional na Asa Sul de Brasília em que passou a viver após renunciar à presidência da Casa. O deputado Beto Mansur (PRB-SP), primeiro-secretário da Câmara, consultou a direção da Casa para saber que benefícios dos ex-deputados se aplicam também a parlamentares cassados.
Ex-deputados podem frequentar o departamento médico da Câmara, onde podem realizar exames e cirurgias mais simples, e manter um plano de saúde, caso paguem uma contribuição mensal.
Ex-parlamentares também podem optar por um plano de previdência com aposentadoria proporcional ao total de anos de mandato.
Por ter sido deputado por 13 anos, Cunha poderia ter acesso à aposentadoria de cerca de um terço do salário de um parlamentar, mas precisaria esperar completar 60 anos (ele tem 57) para se aposentar.ÉPOCA
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