O resultado tem pelo menos três efeitos diretos:
1) deve enfraquecer o movimento pró-impeachment de Dilma Rousseff, capitaneado principalmente por Cunha.
2) diminui um pouco a resistência aos projetos de ajuste e aumento de receita que o governo pretende ver aprovados.
3) E tem potencial de reforçar a pressão pelo afastamento do peemedebista da presidência da Câmara, decisão que o Supremo Tribunal Federal deve tomar nas próximas semanas.
Denunciado sob a acusação de integrar o esquema do petrolão, Cunha teve o pedido de afastamento do cargo e do mandato protocolado pela Procuradoria-Geral da República no ano passado.
A avaliação de aliados e de adversários era a de que uma vitória nesta quarta era fundamental politicamente como demonstração de que ainda mantém força suficiente na Câmara para derrotar o governo e resistir no cargo. Cunha passou os últimos dias telefonando e conversando pessoalmente com vários peemedebistas pedindo voto para Motta, aliado que presidiu a CPI da Petrobras por indicação sua.
A derrota, porém, mostra que o presidente da Câmara perdeu força em seu próprio partido, de quem foi líder de 2013 a 2015. Já o governo, embora tivesse declarado publicamente neutralidade, atuou pela candidatura de Picciani.
O lance mais explícito foi a liberação do ministro da Saúde, Marcelo Castro, que deixou o cargo por um dia, mesmo com a epidemia do vírus da zika, para reassumir o mandato e votar em Picciani. MINISTROS Ex-aliado do presidente da Câmara, Picciani rompeu com o peemedebista e se aproximou do governo Dilma, de quem ganhou o poder de indicar ministros na reforma que a petista fez em seu primeiro escalão.
Picciani, então, passou a ser abertamente contrário ao pedido de impeachment contra Dilma, cuja tramitação foi deflagrada por Cunha. Reconduzido à função de líder da bancada, Picciani terá o poder de indicar os integrantes do partido para a comissão do impeachment, além do presidente da Comissão de Constituição e Justiça, a principal da Câmara.
O pedido de impedimento de Dilma teve a tramitação anulada pelo STF no ano passado, mas ela deve ser retomada após o tribunal julgar os recursos apresentados pela Câmara. Após romper com Picciani, Cunha passou a atuar nos bastidores contra ele.
O presidente da Câmara foi o principal patrocinador da manobra que levou em 2015 Picciani a perder, por alguns dias, a liderança da bancada para Leonardo Quintão (MG), outro que também rompeu com Cunha posteriormente. Neste ano, construiu a candidatura de Hugo Motta, deputado de 26 anos com quem mantém estreita relação na Câmara.FOLHA
0 comentários:
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.