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domingo, 22 de novembro de 2015

VÍTIMAS DO EXTREMISMO; ATENTADOS GERAM HOSTILIDADES A MUÇULMANOS

Por ipuemfoco   Postado  domingo, novembro 22, 2015   Sem Comentários

Na tarde quente de novembro em Fortaleza, três mulheres andam com a cabeça, o colo e o pescoço cobertos. São muçulmanas e vestem o véu (chamado hijab), conforme a religião orienta. “Vamos sair daqui que essas aí são do Afeganistão”, dizem dois homens que passam por elas. Eles riem. Elas não.

As mulheres não discutem. Seguem, apenas. Colocam óculos escuros e tentam abstrair os insultos, ali na região da Maraponga. Uma delas é a síria Motiaa Halabieh, de 40 anos, que vive no Brasil há 25 anos, os últimos seis em Fortaleza.

“Vem dizer na minha cara, seu velho! Anda, fala na cara!”, grita a mulher na sala de espera de um órgão estadual. É o segundo constrangimento em menos de meia hora. Ela conta ter sido chamada de “terrorista” por um homem, em meio à sessão de fotos para O POVO. Acuado, o suposto agressor sai sem dar explicações.

“Moro há muitos anos no Brasil e nunca tinha passado por isso”, relata Motiaa, com mãos e lábios trêmulos. “Acho que andam ouvindo muita bobagem. Nunca tive problemas antes, não com essa agressividade”, narra. Por 15 anos, ela viveu em Foz do Iguaçu, no Paraná, onde a comunidade árabe é grande. Agora, ela quer voltar para lá, um lugar com clima mais amigável para islamitas.

O episódio ocorreu na última semana, poucos dias após os atentados na França, no Líbano e na Nigéria, que juntos deixaram mais de duas centenas de mortos. Ainda que esteja a quilômetros do foco dos ataques de extremistas religiosos, que usam o Islã para defender seus ideais, a população não-muçulmana no Brasil anda desconfiada.

O receio se espalha pelo mundo. Na Internet e na política, surgem os que condenam todos que seguem o Islã como se fossem uma legião de fanáticos. Mas o medo justificaria as ofensas?

Para a advogada do Escritório de Direitos Humanos Frei Tito, Luanna Marley, esse tipo de comportamento é considerado discriminação e está passível de punição já que a Constituição Federal garante liberdade religiosa.

“Ainda tem o fato de atribuirem falsamente um crime a alguém que não cometeu. E isto é calúnia. Nosso código penal é bem preciso quanto a este tema”, afirma, sobre os que acusam pessoas de “terrorismo”. Segundo a especialista, a pena para os crimes de xenofobia (discriminação de origem) e intolerância religiosa varia de um a três anos de prisão.

Outras histórias

Convertida há três anos, a cearense Aminah Sales também teve sua cota de discriminação após os atentados. “Já tinha ouvido muito no ônibus, mas depois dos ataques, perto da minha rua passaram no carro e gritaram “terrorista’”, narra. Ela costumava trabalhar como professora, mas decidiu deixar a profissão após ser proibida de usar o véu nas dependências da escola. 

O estudante de química Yahya Simões, de 27 anos, conta que tem sido mais difícil achar emprego desde que se converteu e passou a usar vestes islâmicas. “As pessoas não gostam de você parar para fazer oração ou manter a barba longa. Há falta de entendimento e de abertura”, diz. Ele também enfrenta resistência da família que, segundo afirma, não entende sua religião.

Um migrante africano muçulmano, casado com uma brasileira, desistiu de dar entrevista. Segundo ele, a família evangélica da mulher não aceita a união e, portanto, não quer expor a história na mídia.

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