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domingo, 4 de outubro de 2015

RONALDINHO GAÚCHO; O CRAQUE NA HORA DA DECADÊNCIA

Por ipuemfoco   Postado  domingo, outubro 04, 2015   Sem Comentários

O casamento durou apenas 80 dias, e não dá nem para dizer que ao menos a lua de mel foi desfrutável.
Nem sequer houve tensão entre as partes na hora do adeus. Para isso, era preciso ter existido algum ardor durante o relacionamento que, na verdade, jamais engrenou.

Na noite da segunda-feira, dia 28, Ronaldinho Gaúcho e o Fluminense comunicaram a rescisão consensual do contrato do jogador. Tudo de forma muito civilizada, como cabe aos casais conscientes de que não dá para levar o vínculo adiante. Decepcionado com seu desempenho em campo e insatisfeito nas Laranjeiras, a sede do Fluminense, Ronaldinho tomou a louvável iniciativa de propor que cada qual fosse para seu lado. 
Poderia enganar até o fim do contrato, como muitos fazem, apenas para receber o salário de R$ 400 mil mensais. A reação dos dirigentes foi de alívio, em razão da performance frustrante do craque. Em tom polido, logo após o distrato, o jogador postou uma mensagem numa rede social. Disse que ficaria na torcida pelo sucesso “deste grande clube”. 
O Fluminense publicou uma nota oficial em que ressaltou a “atitude positiva” do jogador nas atividades de rotina e lhe desejou sorte em sua caminhada. Os internautas, em esmagadora maioria, não reagiram com a mesma cordialidade. “Já vai tarde” e “a pior contratação dos últimos tempos” foram alguns dos comentários deixados pelos torcedores.
De uma forma indesejada, Ronaldinho voltou a ser tema na ordem do dia. 

Sua passagem melancólica pelo Fluminense levantou uma questão: ele ainda pode ser útil nos gramados ou o mais pertinente é pensar numa aposentadoria digna? Nas Laranjeiras, o camisa 10 não deixa saudade. 

A diretoria esperava que Ronaldinho ao menos fizesse o normal para um craque em fim de carreira. Não foi capaz, como esperavam os dirigentes tricolores, de marcar gols contra um adversário frágil ou dar um daqueles dribles plásticos em algum zagueiro, lances repetidos à exaustão e que conquistam a torcida. 
Ronaldinho disputou nove partidas e não fez nenhum gol. Nos 554 minutos em que esteve em campo, teve apenas dois lampejos de craque: fez um belo lançamento que originou o gol contra o Grêmio, pelo Campeonato Brasileiro, e deu um passe de peito para o atacante Fred ficar diante do goleiro do Paysandu, em partida pela Copa do Brasil, no Maracanã. 
Seu talento na cobrança de faltas e escanteios, sua maior especialidade e uma virtude que o tempo não costuma comprometer, não apareceu. Ademais, no restante dos jogos, parecia fora da sintonia dos demais atletas, num ritmo bem abaixo, e se tornava presa fácil da marcação. Coisa rara em sua carreira, ele foi vaiado em campo. 
Em determinados jogos, a opção do treinador foi deixá-lo na reserva. Sua pouca efetividade virou alvo de chacotas. Uma delas dizia que R10 (apelido que lhe foi dado por parte da imprensa esportiva), na verdade, quer dizer “restam 10” em campo.
Quando um clube contrata uma grife como é o caso deRonaldinho, busca resultados não apenas no campo de jogo. Quer lançar mão de uma arma poderosa para atrair torcedores e patrocinadores e, consequentemente, fomentar suas receitas. 

“Ter ídolos e títulos é fundamental para o clube ampliar sua clientela, que são seus torcedores”, diz João Henrique Areias, especialista em marketing esportivo. 

Como caso bem-sucedido dessa estratégia, ele destaca a contratação de outro Ronaldo – o Fenômeno – pelo Corinthians. Ela foi decisiva, diz Areias, para incluir o clube no “mapa-múndi do futebol e torná-lo uma marca internacional”. 

Porém, seja no gramado, seja no terreno dos negócios, Ronaldinho teve passagem apagada pelo Fluminense. No primeiro mês, o clube ainda comemorou o aumento de quase 40% na venda de seu programa de fidelidade. Mas ficou nisso. Tanto a venda de camisas quanto a de ingressos não tiveram alteração significativa.

A trajetória de Ronaldinho é representativa da história de grandes craques brasileiros que saem muito jovens do país em busca de reconhecimento na Europa. Aos 21 anos, ele trocou o Grêmio de Porto Alegre, seu clube de origem, pelo Paris Saint-German, da França. 

Foi uma atitude imperdoável para o torcedor gremista, que até hoje faz questão de demonstrar todo o seu rancor quando o jogador atua contra seu time. Na Europa, ele construiu uma carreira de raro sucesso, com passagens destacadas por Barcelona, na Espanha, e Milan, na Itália. 

Foi eleito em duas temporadas o melhor jogador do mundo. Ainda assim, viveu rupturas traumáticas. Forçou a barra para deixar o clube italiano, que enfim o liberou antes do término do contrato. “Dinho e Milan, em feio adeus”, estampou o jornal italiano La Repubblica, noticiando a saída da estrela brasileira, no final da temporada de 2010.

Torcedores saúdam Ronaldinho Gaúcho no Maracanã (Foto: Ricardo Moraes/Reuters)











Liberado para negociar com quem bem entendesse, ele ouviu propostas de Grêmio, Palmeiras e Flamengo. Acabou optando pelo clube carioca, no qual foi recebido com uma festa retumbante no início de 2011. 

Depois de 16 meses, o contrato com o Flamengo foi interrompido às turras. Ronaldinho apelou à Justiça para conseguir a rescisão e cobrar do rubro-negro uma dívida de R$ 40 milhões. 

Desde que deixou a Gávea, defendeu outros três times – Atlético Mineiro, Querétaro, do México, e Fluminense –, sem conseguir cumprir o contrato até o final em nenhum deles. Nem mesmo no Atlético, onde ganhou dois títulos continentais e é reverenciado pelos torcedores, a despedida foi amena.

Fato incomum na carreira de um craque sempre tão cortejado,Ronaldinho se vê agora diante de um futuro incerto. Algum dia ele conseguirá voltar a atuar em alto nível? “Para jogar, é preciso ter prazer, e talvez ele tenha perdido o prazer de treinar e competir”, afirma o ex-jogador e comentarista Junior, um exemplo de profissional que encerrou a carreira por cima. 

Roberto Assis, irmão e empresário, que exerce forte influência sobre o jogador, diz que Ronaldinho não vai parar. “Ronaldo tem só 35 anos e nunca sofreu uma contusão séria.” O Corinthians USA, modesto time californiano que sonha com um lugar na elite do futebol dos Estados Unidos, iniciou um flerte. Com exceção do Atlético Mineiro, que o receberia de volta por razões sentimentais, ele dificilmente encontrará um clube no Brasil. 

O mais provável é que Ronaldinho fique sem jogar até 2016. Vai aproveitar para fazer campanhas publicitárias e viajar para ver os amigos no exterior. Na verdade, já começou a aproveitar a vida – por azar, teve um pequeno acidente automobilístico no final da semana passada, sem gravidade. 

“A tendência maior é que Ronaldinho vá parar em algum clube periférico, pois na Europa e no Brasil os espaços estão reduzidos”, diz Fernando Ferreira, diretor da Pluri Consultoria, empresa especializada em gestão e marketing esportivo. “Os Estados Unidos e a China são bons mercados para ele.” A história melancólica de Ronaldinho com o Fluminense, no entanto, não acabou. 

Ele ainda terá de vestir a camisa do clube novamente em janeiro, em um torneio na Flórida, porque o contrato com os organizadores exige sua presença.

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