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terça-feira, 13 de outubro de 2015

O POTENCIAL DESTRUTIVO DO KAMIKAZE EDUARDO CUNHA

Por ipuemfoco   Postado  terça-feira, outubro 13, 2015   Sem Comentários

Dilma Rousseff (PT) está numa arriscada política e com risco que se tornou mais palpável de vir a perder o mandato em
função de um enorme escândalo de corrupção que envolve seu governo e que se investiga se teria abastecido o caixa de sua campanha. A isso se juntam os problemas administrativos que, com razão, tornam a situação da presidente bastante complicada.

Porém, imagine, caro leitor, se encontrassem contas de Dilma na Suíça, que ela afirmasse não existir. Se na conta constasse cópia do passaporte e do comprovante de endereço da presidente. Se constasse a assinatura da presidente. Se o dinheiro dessa conta tivesse custeado despesas de familiares de Dilma, de cartão de crédito a aulas de tênis.

Porque, se há um monumental escândalo de corrupção, pelo qual a presidente deve responder ao menos politicamente, se não criminalmente, e se há graves manobras administrativas por cuja execução Dilma também deve ser responsabilizada, não se sabe que ela tenha recebido dinheiro de qualquer esquema. Pode até ter tirado proveito de suposta propina paga à Petrobras, que pode ter ajudado a financiar sua campanha. É gravíssimo e está em investigação. Mas, não há nada, até agora, que demonstre envolvimento ou conhecimento pessoal da presidente.

Com as denúncias contra Eduardo Cunha (PMDB-RJ) é bem diferente e mais grave. A conta que foi encontrada e com a qual ele nega vínculo tem marcadas as suas digitais.

A presença de Cunha na presidência da Câmara dos Deputados é, mais que qualquer outro, o fator que torna factível o impeachment de Dilma. Se a hipótese é plausível, como a coluna tem repetido, isso se deve à junção dos escândalos e das irregularidades com o ambiente político fértil para tal circunstância. E o principal fator a contribuir para isso está no papel que Cunha desempenha.

À medida que ele está mais enrolado em denúncias do que a presidente cujo afastamento ele poderia vir a comandar, o eventual impeachment estaria automaticamente desmoralizado se comandado por ele. Mais que seus acertos, Dilma ganha certo respiro pela complicação em que se mete seu principal adversário.

A oposição mesmo já entendeu isso. Cunha vem servindo enormemente aos seus propósitos de desgastar a presidente. Porém, eles perceberam que não apenas a capacidade do peemedebista de atingir a presidente está gravemente comprometida. A própria oposição se desmoralizaria se pregasse a ética contra a presidente da República e silenciasse contra indícios ainda mais concretos contra o chefe de outro Poder.

Os líderes de PSDB, DEM, PPS, PSB, Solidariedade e da minoria já pediram o afastamento do presidente da Câmara. Ele insiste que permanece no cargo e não cede. Porém, está gravemente ferido. A interrogação hoje não é tanto se Cunha se segura. Sua permanência parece insustentável. Por menos que isso, presidentes da Câmara já caíram, vide Severino Cavalcanti e seu mensalinho. A principal questão é o tamanho do estrago que poderá causar antes de cair. A dúvida é se ele conseguirá arrastar Dilma e o governo com ele.

O ESTRAGO QUE FAZ O HOMEM-BOMBA 

A palavra mensalão entrou para o vocabulário político brasileiro há 10 anos. Roberto Jefferson (PTB-RJ) era um aliado de relativa importância do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e estava enrolado em denúncias de corrupção nos Correios. 

As acusações ganhavam manchetes e afetavam o governo. Começaram a circular os rumores de que o governo estaria “isolando o quarteirão” em torno de Jefferson. Ou seja, pretendia entregá-lo aos leões, como responsável pelo esquema fraudulento.

Antes, tomaria providências para que a “detonação” de Jefferson não causasse estragos extras ao governo. Mas o homem-bomba percebeu o movimento e puxou o detonador. Confessou e denunciou o esquema de pagamentos a parlamentares como forma de manter o apoio político. Teve o mandato de deputado cassado e foi preso. A pena foi certamente bem mais severa do que teria sido uma eventual condenação pelo escândalo dos Correios. Mas, ele conseguiu, ao detonar a si próprio, provocar um rombo no governo que não cicatrizou.

Hoje, Cunha também pode estar ferido de morte, mas isso pode torná-lo ainda mais agressivo. Perigoso, talvez. Como Jefferson, 10 anos atrás, ao perceber que será engolido pela crise, pode se empenhar em provocar o maior estrago possível contra o governo. Com a diferença de que tem muito mais poder do que Jefferson jamais teve.

Esse é o atual enredo na política brasileira, entre um governo acuado e ameaçado e um presidente da Câmara enrolado em graves escândalos. Enquanto se trava esse embate, busca-se a saída para a crise.O POVO

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