O QUE ACONTECEU COM AS POLÍTICAS DE SAÚDE NO CEARÁ?

Não faz muito tempo, o Ceará era apontado como uma referência nacional em políticas de saúde pública. Mesmo com muito menos recursos financeiros e tecnológicos, foi aqui que nasceram e prosperaram importantes programas como o “Agentes de Saúde” e o “Saúde da Família”. Mesmo com uma estrutura de saúde bem menor, os programas de vacinação alcançavam coberturas recordes, controlando ou extinguindo doenças que costumavam ser uma chaga social.

Hoje, o quadro é bem diferente. O caso do sarampo é exemplar. A doença voltou. Desde 2013, quase quatro mil casos foram confirmados. Os governos municipal e estadual tentam há meses controlar a disseminação da doença através de novas campanhas de vacinação, mas o resultado não tem se dado a contento. As campanhas não conseguem alcançar o índice de cobertura adequado.

Reportagem da edição de ontem do O POVO ouviu profissionais que atuam na área. A sentença não foi nada positiva. “Outras nove vacinas estão abaixo do ideal em pelo menos 23% dos municípios do Estado, o que pode ser uma brecha para novos surtos”, concluiu a reportagem.

Pior. A coordenadora de Imunizações da Secretaria Estadual de Saúde, Ana Vilma Braga aponta risco grave e iminente: “Podem voltar todas as outras doenças que já erradicamos se a gente não vacinar”. Unam-se a essas terríveis possibilidades o fraco desempenho no controle das doenças transmitidas pelo mosquito Aedes Aegypti e o quadro pode ser considerado desolador.

Como já colocado, a estrutura de saúde se mostrava eficiente com a apresentação de bons resultados. Em pouco tempo, deixou de ser eficiente no que pese recursos materiais e financeiros em maior monta. O que aconteceu? É evidente que há explicações administrativas para o que está ocorrendo.

É provável que tenha ocorrido um desmonte na estrutura de pessoal e nas políticas de saúde. A maior atenção às obras no setor talvez tenha tirado o foco do Governo. É esse o ponto que o governador Camilo Santana deve considerar, mas sem perder a capacidade de dar respostas rápidas. Demorar nas decisões pode piorar ainda mais o quadro.