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domingo, 10 de maio de 2015

DESGASTE DOS PARTIDOS AFASTA NOVAS LIDERANÇAS POLÍTICAS

Por ipuemfoco   Postado  domingo, maio 10, 2015   Sem Comentários

Imersos em uma crise generalizada de representatividade, partidos políticos enfrentam cenário de descrença do eleitorado na instituição partidária. 
Consultores de marketing e cientistas políticos entrevistados pelo Diário do Nordeste acreditam que esse desgaste dificulta a renovação de lideranças políticas e pode influenciar já nas próximas eleições. Para os especialistas, a reversão da imagem negativa dessas agremiações só deverá obter algum resultado a longo prazo.

Carlos Manhanelli, presidente da Associação Nacional dos Consultores Políticos, diz que está havendo transferência da imagem desgastada de lideranças envolvidas em ilicitudes para o partido aos quais são filiadas. "Dificilmente tinha interferência partidária em cima do candidato, o voto partidário era muito pequeno. Hoje o partido está prejudicando os políticos", avalia.

O docente, que oferece há mais de 40 anos consultoria à classe política, aponta que, em condições estáveis, os partidos exercem pouca influência no voto do eleitor. No entanto, acrescenta, a instabilidade política nacional está sendo verticalizada a estados e municípios. "Todas as prefeituras que estão associadas a partidos com desgaste estão sofrendo. Nunca vi um peso partidário prejudicar tanto a administração municipal", declara.

O consultor destaca que os profissionais de comunicação já alertam os políticos há muito tempo a respeito da falta de credibilidade da categoria, mas nunca houve autocrítica. "Eles nunca trabalharam para reverter essa falta de credibilidade, mas chegou a um ponto em que isso está prejudicando a figura do poder público", salienta.

Pauta positiva

Manhanelli acredita que a alternativa para minimizar o desgaste amplificado pelos últimos escândalos de corrupção, sendo o mais recente o da Petrobras, é a retomada de uma pauta positiva do Congresso Nacional e Executivo Federal, em especial referente à economia do País. "Karl Marx dizia: dê estabilidade para o povo que ele devolve estabilidade política. O grande problema é que a população está sendo atingida na parte mais sensível, que é o bolso", argumenta.

Outra consequência da falta de credibilidade das agremiações é o recuo de lideranças com potencial para alçar voo na esfera pública. É o que afirma o professor Marco Antônio Villa, do departamento de Ciências Sociais da Universidade Federal de São Carlos. 

"Todos desconfiam dos partidos, aí que mora o problema. Os partidos não estão à altura do que a população quer, não têm programa ideológico. Muitas lideranças ficam de fora, porque não encontram espaço nos diretórios", alega.

O acadêmico diz que, tomando como base a história democrática do País, os partidos já não são tão jovens, mas não conseguiram se consolidar ideologicamente. "Os partidos são mais velhos (do que em outras épocas, como os que surgiram no pós 1945 e foram extintas no regime militar, em 1964, a exemplo da UDN), mas não têm um perfil ideológico claro. Isso enfraquece o sistema político", ressalta.

Para fortalecer os partidos, Antônio Villa defende como mudança imediata a aprovação da cláusula de barreira, que restringe repasses do Fundo Partidário e tempo de propaganda no rádio e televisão a partidos com menor representação. "Hoje, no Congresso, há 28 partidos. Não existem 28 ideologias e 28 programas para o País", atesta, apoiando o voto distrital misto, sendo metade dos postulantes eleita no modelo proporcional e o restante pela divisão de distritos.

Independentemente de mudanças no sistema político, Antônio Villa pondera que uma ação que deve partir dos próprios partidos é a intolerância ao mau uso do dinheiro público. "Um partido não pode conviver em seu seio com um político acusado de corrupção. Quando você expulsa (um filiado envolvido em desvios) manda o recado de que não quer conversa com corrupção".

Acusações

Exacerbadas nas campanhas eleitorais, as trocas de acusações buscam chancelar ao opositor imagem pejorativa e superficial. "O discurso da simplicidade é o que pega mais fácil. Existiram alguns partidos em que o desgaste era tão grande que mudaram de nome", diz Bruno Oliveira, consultor de marketing e cientista político que atua no Nordeste.

Ele diz que o pouco amadurecimento político do eleitorado brasileiro contribui com o cenário de pouca reflexão por parte da sociedade e dos dirigentes partidários. "O eleitor não sabe em quem votou, não sabe o que um deputado faz. Isso dificulta a sair do discurso da superficialidade", enfatiza. "Quando se soma ao pouco esclarecimento das pessoas em relação ao papel dos políticos, fica pior", completa.

Bruno Oliveira reforça que cabe aos partidos políticos investir na formação de filiados e na imagem da sigla perante a sociedade. "Todos os partidos precisam desenvolver trabalho de filiar pessoas, demonstrar o pensamento do partido sobre mercado, economia, social. Essa discussão seria importante no País, só que ela não acontece", pontua.LORENA ALVES

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