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quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

UMA INDICAÇÃO QUE MUDA A POLÍTICA NO CEARÁ

Por ipuemfoco   Postado  quarta-feira, dezembro 24, 2014   Sem Comentários

A nomeação de Cid Gomes (Pros) para ministro da Educação representa um cavalo de pau no rumo que se encaminhava para a política cearense. Pelas intenções declaradas até então, o ainda governador pretendia passar temporada nos Estados Unidos. 

Assim, homem que comandou a política cearense nos últimos oito anos projetava que iria se afastar temporariamente da cena local. Porém, os fatos tomaram outro rumo e, ao invés do distanciamento, ele passa a ser o principal detentor de cargo federal em Brasília. 

Esse fator mexe com a correlação de forças na política cearense, com a capacidade das personagens locais de interferir na esfera nacional e com a projeção para o futuro do grupo que comanda o Estado.

Ao assumir um ministério de primeiríssima linha – muito mais relevante que a Integração Nacional que seu irmão Ciro Gomes comandou nos primeiros anos da era Lula – Cid reposiciona o peso da família no cenário nacional. Desde o naufrágio da pretensão de Ciro de concorrer à Presidência em 2010, o grupo assistira à atrofia de qualquer ambição maior para além das divisas do Ceará. Com o governador cearense na Esplanada, a coisa muda bastante de figura.

Claro que vai depender do que conseguir realizar em sua área específica e do desempenho geral do governo Dilma Rousseff (PT). Mas a família Ferreira Gomes retoma terreno nacional. E não mais com Ciro como protagonista.

O PESO DO MINISTÉRIO

A opção por Cid Gomes decorre da relação pessoal do governador cearense com a presidente reeleita. Do ponto de vista da relevância do partido em que hoje está, a indicação é absolutamente desproporcional. Caso se desconsiderasse esse fator pessoal, a escolha seria inusitada por completo.

A educação é setor, por óbvio, absolutamente estratégico de qualquer governo. Tradicionalmente, integra a chamada “cota pessoal” do gestor, que não é delegada a aliados. Nos últimos 20 anos, esta é a primeira vez em que o ministro não é alguém do partido que ocupa a Presidência. Durante os oito anos de Fernando Henrique Cardoso (PSDB), o cargo foi ocupado pelo tucano Paulo Renato Souza. 

Com Lula e Dilma, cinco petistas se revezaram. Primeiro foi Cristovam Buarque, que mais tarde foi para o PDT. A seguir veio Tarso Genro. Emplacou como sucessor seu então secretário-executivo, Fernando Haddad, que assumiu no fim do primeiro mandato de Lula e saiu no segundo ano de Dilma para ser eleito prefeito de São Paulo. Foi substituído por Aloizio Mercadante. Hoje o cargo é de Henrique Paim, homem da máquina do MEC, que atravessou as gestões de Genro, Haddad e Mercadante.

Cid é o primeiro a não figurar entre os próceres petistas nem integrar a estrutura do ministério. É um ponto fora da curva.

A RELEVÂNCIA POLÍTICA DO ESTADO

O Ceará não tinha ministério de tamanho destaque desde que o irmão de Cid, Ciro, foi ministro da Fazenda, no fim do governo Itamar Franco. Na era Fernando Henrique Cardoso, o então governador Tasso Jereissati (PSDB) preferia não indicar ministros, em troca de uma interlocução pessoal e apoio político do Governo Federal. 

O único ministro cearense foi Martus Tavares, do Planejamento, no segundo mandato. Mas por escolha pessoal de FHC. Nas gestões petistas, o Ceará ocupou Integração Nacional (Ciro, Pedro Brito e Francisco Teixeira), Portos (Pedro Brito e Leônidas Cristino), Previdência (José Pimentel) e Comunicações (Eunício Oliveira). Houve também, na Ciência e Tecnologia, o cearense Roberto Amaral, cuja trajetória política, todavia, está mais vinculada ao Rio de Janeiro. Nenhum deles, contudo, com a relevância, o prestígio, o peso político e o orçamento da Educação.

ALINHAMENTO TOTAL

Com Cid no primeiro escalão federal, estabelece-se situação rara na história política do Estado, com o mesmo grupo político na Esplanada dos Ministérios, no Governo do Estado e na Prefeitura de Fortaleza.

VISÃO DO MINISTRO

Quando foi candidato à reeleição, o governador Cid Gomes defendeu a federalização da Uece e das demais universidades estaduais. Inclusive, disse que chegou a apresentar a ideia ao Ministério que agora comandará. Na campanha, perguntei ao governador eleito Camilo Santana (PT) sobre a ideia e ele se mostrou contrário.

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