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terça-feira, 30 de setembro de 2014

CHUVA ARTIFICIAL NÃO É EFICIENTE NO NORDESTE

Por ipuemfoco   Postado  terça-feira, setembro 30, 2014   Sem Comentários

Método que funciona na China para manutenção de cultivo de grãos, não teve o mesmo sucesso na região brasileira que sofre muito com seca.

As tentativas experimentais de provocar chuva artificial no Brasil não tiveram êxito suficiente para elevar níveis de barragens no Nordeste. O sistema de bombardeamento, ou pulverização de nuvens, semeadura, ou ainda, nucleação artificial, utilizou o cloreto de sódio. Em contato com o vapor da nuvem, as partículas de sal atraem minúsculas gotas, iniciando a formação dos pingos de chuva.

Mesmo parecendo, em princípio, um método infalível, na verdade o bombardeamento de cloreto de sódio é polêmico. Agora, a seca que assola o Sudeste terá como alternativa para amenizá-la carros pipas e até perfuração de poços artesianos. Providências paliativas, além da tentativa de produção de chuva artificial.

Não produz, acelera

O meteorologista Augusto José Pereira Filho, do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo (USP), explica que o artifício só faz chover em nuvens que já tenham vapor de água em quantidade suficiente. “Isso quer dizer que ele não produz chuva. No máximo, pode acelerar uma", disse. 


Ele acrescenta que ainda não foi possível provar a eficácia do método. Na visão do especialista, em época de crise soluções milionárias não se traduzem em métodos eficientes no caso de produção de chuva artificial.

Contudo o bombardeamento de produtos químicos nas nuvens disseminou-se nos últimos 50 anos. No Brasil, a experiência mais duradoura ocorreu no Ceará. 


Em 1972, a Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme) criou um programa de chuva artificial, com o bombardeamento por aviões, para tentar amenizar o semiárido nordestino. Porém, como não houve nenhum aumento significativo nas precipitações, o projeto foi encerrado em 2000.

Avaliação

"No sertão, a umidade do ar não consegue subir e levar vapor para as nuvens. Aparentemente, não adianta bombardear, mas seria preciso uma avaliação com equipamentos meteorológicos de última geração para dar uma resposta definitiva", explica o meteorologista David Ferran Moncunill, da Funceme.

Além do Ceará, o Estado da Bahia também fez esforços para produzir a indução artificial de chuva, mais recente e melhor sucedida. Em meio à seca histórica que castigou a região em 2012, foi criado um projeto conjunto, para amenizar os estragos, entre as secretarias de Agricultura, Meio Ambiente, produtores baianos e a empresa ModClima. 


Esta empresa foi recentemente contratada pela concessionária de Serviço de Saneamento Básico de São Paulo, (Sabesp) para provocar chuvas no Estado de São Paulo.

O plano dos baianos era estimular precipitação suficiente para garantir uma boa condição de solo e salvar a produção de abacaxi da região de Itaberaba. Foram realizados 17 voos de semeação usando água potável que geraram 14 chuvas, segunda a empresa. Ao custou aproximadamente R$ 200 mil, bancados por recursos das secretarias de Agricultura e Meio Ambiente.

Salvação da lavoura


De acordo com declarações à imprensa feitas pelo secretário estadual de Agricultura, Eduardo Salles, as chuvas pontuais foram suficientes e salvaram a lavoura de 2012. Entretanto, mesmo com os resultados satisfatórios, o Governo da Bahia não levou o projeto à frente como parte de uma estratégia de gestão maior.

O alto custo, no valor de quase R$ 6 milhões ao ano foi preponderante para inviabilizar o projeto. Com isso, o projeto virou um plano B. Segundo Eduardo Salles, o problema principal, ou seja, os baixos níveis das barragens, não era solucionado pelo sistema que provoca a chuva artificial.

Experiência chinesa

Na China, não se espera apenas a intervenção de São Pedro para solucionar a escassez de água, atualmente. No Nordeste daquele país ocorre o pior período de seca em quase 60 anos. Acelerar as precipitações utilizando o iodeto de prata é a saída. As nuvens são bombardeadas com esse produto químico em caráter emergencial.

Dois fatores fazem com que as autoridades chinesas lancem mão da estratégia de provocar a chamada “chuva artificial”. O primeiro é evitar profunda queda de produção de alimentos. E o segundo é a consequente alta de inflação provocada pelas colheitas deficitárias. 


Em agosto deste ano, a província de Liaoning, uma das mais afetadas pela seca, recebeu as primeiras chuvas que durou cerca de dois dias consecutivos, segundo agência oficial Xinhua.

Aviões e até foguetes são utilizados para o bombardeio do iodeto de prata. A estratégia também é utilizada em caso de incêndios de grandes proporções. Lá, pelo menos, funciona, segundo as autoridades chinesas. 


Foram contabilizados em poucos dias cerca de 360 milhões de metros cúbicos de água nas zonas mais afetadas pela seca, especialmente nas imediações da cidade de Chaoyang. Pelo menos 4,39 milhões de hectares de campos de cultivo, equivalentes a aproximadamente 44 mil quilômetros quadrados sofrem com a seca, atingindo cerca de 2,35 milhões de chineses.

As regiões mais atingidas pelas secas na China são as mesmas onde estão os principais polos de produção nacional de cereais como trigo, cevada e milho. Por isso, é grande a preocupação com a escassez de alimentos básicos e que o preço aumente nos próximos meses, ajudando a provocar alta da inflação chinesa.

De qualquer modo, mesmo com a possível utilidade do processo de produção de chuva artificial, há ainda elevado nível de reservas por parte de grande maioria de especialistas quanto ao impacto e consequente desequilíbrio no meio ambiente.

Níveis baixos

Neste mês de setembro, das 12 bacias hidrográficas que integram, por exemplo, o Ceará, três estão em situação considerada muito crítica: Crateús, Curu e Baixo Jaguaribe. Já outras cinco apresentam situação crítica: Coreaú, Litoral, Acaraú, Metropolitana e Banabuiú.

Enquanto o nível médio do volume dos 144 reservatórios monitorados pela Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh) está em 27,5%. Índice mais baixo já registrado nos últimos 10 anos.

Previsão para outubro

Segundo o meteorologista da Somar Meteorologia, Celso Oliveira, em outubro, assim como em setembro, há previsão de pouca chuva na maior parte da região Nordeste. Apenas entre o leste do Maranhão e o interior do Ceará espera-se precipitação fora de época e acima do normal.


 “Só em novembro, a chuva se consolida e deve ficar acima da média na Bahia, Sergipe, Alagoas, Pernambuco, Paraíba, Ceará, Piauí e Maranhão”, projetou Celso Oliveira.(Por Maurício Nogueira/ Agência Política Real)

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