LÍDER DO PMDB AFIRMA QUE TRABALHA PARA ACABAR COM CRISE NO GOVERNO

                                

O impossível na política não existe. Dizia meu avô, é como no amor, tem sempre ‘quem sabe’, ‘talvez’, ‘provavelmente’, nunca diga ‘não’ porque você pode no dia seguinte ter

que mudar de posição.”

O líder PMDB no Senado,Eunício Oliveira (CE), afirmou que pode faltar pouco para terminar a crise entre o PMDB e o Palácio do Planalto. “Estou trabalhando para acabar, vamos ver. Por enquanto, tem alguns resquícios, alguns incêndios pequenos que a gente precisa apagar”, enfatizou. 

A afirmação de Eunício ocorreu após a cerimônia de posse dos novos ministros da presidenta Dilma Rousseff, no Palácio do Planalto, nesta segunda-feira, 17. Na solenidade não havia deputados da bancada do PMDB da Câmara.

Eunício Oliveira afirmou ser natural, num ano eleitoral, onde existem vários partidos políticos compondo a base, que haja uma preocupação maior na questão das alianças. “Nós precisamos ter muito cuidado, muita paciência, discernimento para que essa crise não seja a crise por cargo. 

 A discussão por mais um ministério, menos um ministério do meu ponto de vista era um crise fictícia, secundária. Agora, a crise que pode acontecer de profundidade é nessa discussão da relação das alianças nos Estados brasileiros. Essa, sim é fundamental”, frisou.

Racha no PMDB

Para Eunício Oliveira, não há um racha dentro do PMDB, com os senadores dizendo que está tudo bem e os deputados afirmando que tudo vai mal. “Não, a crise de votações, de convocações aconteceu na Câmara dos Deputados e não no Senado. Isso não significa dizer que o partido está rachado. 

De maneira alguma. Não existe isso, essa intenção, desejo e não há uma divisão entre Câmara e Senado. O PMDB não está vivendo uma crise interna. O PMDB pode estar colocando algumas posições divergentes, é natural, mas não uma crise interna entre Câmara e Senado”, reeiterou.

Sobre a expectativa da reunião do líder do PMDB na Câmara, deputado Eduardo Cunha (RJ), com algum interlocutor do governo, ele respondeu: “Sinceramente, eu não conversei com o líder Eduardo Cunha. 

Mas se há uma reunião marcada para conversar sobre distender e negociar as questões de votações na Câmara, eu acho que isso é fundamental. Não tem como se fazer uma discussão, um entendimento com a segunda maior bancada na Câmara e o maior partido do Brasil. É louvável se essa reunião acontecer”, considerou.

A reunião não seria a sinalização de que o Palácio do Planalto estaria cedendo ao líder do PMDB na Câmara, que esticou a “corda”, na opinião de Eunício Oliveira.

 “Eu não vejo assim, não vejo como corda esticada, como o governo cedendo. Eu acho que nós somos da base, nós somos da aliança. É natural que divergências existam. O entendimento é mais do que importante”, disse.

Marco da Internet

A discussão sobre o projeto do Marco Civil da Internet não contamina a relação entre o PMDB e Palácio do Planalto, em sua opinião. “Olha, se depender de mim, eu estou aqui como bombeiro. 

Sempre disse que participei dessa crise o tempo todo como bombeiro. Somos aliados, não temos que ampliar, botar gasolina nessas chamas, nesse fogo. Não contem comigo para isso porque não é meu estilo”, destacou.

Política Real quis saber se o PMDB da Câmara estava contra a votação do Marco Civil da Internet e o Senado também estaria.

 “O PMDB da Câmara não está contra. O PMDB da Câmara tem algumas posições que divergem do entendimento que está colocado na posição do governo. Divergência é natural em alguns pontos, mas não ‘o PMDB está contra o Marco Civil da Internet’. Não é fato isso.”

Pontos

Mas o líder do PMDB na Câmara, Eduardo Cunha, afirmou que irá votar contrariamente. “Votar contra a matéria não é estar contra o projeto. 

Ele pode até alongar essa questão para votar contra todos os itens. Mas o que eu ouvi do líder Eduardo Cunha é que ele tinha divergência em alguns pontos. E não do Marco Civil como um todo”, disse Eunício Oliveira.

Questionado se o PMDB do Senado tem a mesma posição, Eunício respondeu que não poderia emitir uma opinião sem ouvir a bancada. “A matéria não chegou ao Senado. Quando chegar eu vou discutir com a minha bancada”, frisou.

Sentimento da bancada

Eunício fez questão de afirmar que o líder expressa o sentimento da bancada. “Se ele não expressar, a bancada se reúne e o destitui. É assim que funciona. Por isso que todos os líderes sempre procuram harmonizar, pode argumentar, tentar modificar uma posição aqui ou outra acolá, mas ele sempre terá que representar o sentimento majoritário da bancada”, salientou.

A respeito da Convenção do PMDB, até junho, haverá um cuidado maior da relação do partido nos Estados. “Em muitos lugares, o PMDB não irá poder apoiar o PT. Em alguns lugares o PT poderá não apoiar o PMDB. Isso é normal numa aliança dessa magnitude.

Agora, é preciso que onde não puder acontecer isso a gente faça um entendimento de procedimento e este valha durante o período eleitoral”, ressaltou.

Antecipação sem clima

Mais uma vez, a exemplo de outras entrevistas, Eunício Oliveira afirmou que a antecipação para abril da convenção do partido, já havia sido uma hipótese que ele próprio defendeu, mas o clima não favorece a esta antecipação.

“Nesse clima que nós estamos vivenciando, nesse momento, nós precisamos ganhar um pouco mais de tempo. Essa antecipação iria remeter para a convenção original que só pode acontecer entre 10 e 30 de julho, que é o que determina a lei eleitoral. Não tem por que a gente antecipar”, lembrou.

Tempo ao tempo

Eunício Oliveira acrescentou ainda: “Eu, pelo menos, acho que não devemos antecipar. E, pelo contrário, devemos dar mais tempo ao tempo, nós teremos maio e ainda o mês de junho para buscarmos o entendimento. 

O impossível na política não existe. Dizia meu avô, é como no amor, tem sempre ‘quem sabe’, ‘talvez’, ‘provavelmente’, nunca diga ‘não’ porque você pode no dia seguinte ter que mudar de posição.”Por Maurício Nogueira, especial para Agência Política Real, com edição de Valdeci Rodrigues