O delegado Maurício Luciano de Almeida, da 17ª DP (São Cristóvão) - responsável pelas investigações sobre a agressão sofrida pelo repórter cinematográfico Santiago Ilídio Andrade durante um protesto contra o aumento das passagens na Central do Brasil nesta quinta-feira - descartou que o explosivo que atingiu o profissional da TV Bandeirantes tenha sido lançado por agentes de segurança. Segundo ele, dados do Esquadrão Antibombas mostram que o artefato usado é conhecido como "rojão", e é vendido livremente em casas de fogos de artifício.
O delegado disse que o objeto, que possuía 60 gramas de pólvora, foi lançado a uma distância de três metros do cinegrafista. Ele acrescentou que, assim que for identificado, o autor do crime será indiciado por tentativa de homicídio qualificado, com agravante de uso de artefato explosivo e por provocar explosão em área aberta e com muitas pessoas. A pena por estes crimes pode chegar a 35 anos de prisão, disse o policial.
Almeida afirmou ainda que já estão sendo analisadas imagens de câmeras da CET-Rio, do Comando Militar do Leste e de cinegrafistas, inclusive as últimas gravações feitas pelo Santiago Andrade, para tentar identificar o agressor. O cinegrafista foi ferido na cabeça e segue internado em estado grave no Hospital municipal Souza Aguiar, no Centro da cidade.
Um fotógrafo da Agência O GLOBO viu e registrou o homem que acendeu o artefato. Na imagem, ele está de camisa cinza e aparece correndo, segundos depois de ativar o explosivo. Porém, não há como identificá-lo.
— Eu estava acompanhando o protesto, quando vi um homem de calça jeans, camisa cinza e com lenço preto no rosto, abaixando e acendendo o fogo de artifício que estava no chão. Logo após, ele sai correndo. Consegui fazer a sequência do artefato atingindo o cinegrafista. A intenção de quem disparou era acertar os policiais que corriam na direção do grupo de manifestantes — disse o fotógrafo da Agência O GLOBO.
Além do cinegrafista, cinco pessoas ficaram feridas. Dois policiais militares foram atingidos por pedradas, mas sem gravidade, e três pessoas feridas foram socorridas no Souza Aguiar.
O protesto, que começou pacífico na tarde desta quinta-feira, se transformou num confronto entre manifestantes e policiais na Central do Brasil, com cenas de vandalismo dentro e fora da estação de trens. Policiais militares atiraram bombas de gás e de efeito moral contra o grupo de aproximadamente 800 pessoas.
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