ESPIONAGEM DOS EUA MIRA ACORDOS COMERCIAIS,COMBATE AO TERRORISMO,RELAÇÃO COM IRÃ E ATÉ CORRUPÇÃO

                        

Mas com o que e por que os Estados Unidos tanto se preocupam com o Brasil? Quais os interesses dos americanos por aqui?

Especialistas em relações internacionais traçam hipóteses para a vigilância ao governo Dilma.No fim de agosto, surgiram novas denúncias de que a NSA (Agência Nacional de Inteligência) dos Estados Unidos espionam a presidente Dilma Rousseff e seus assessores. A notícia repercutiu mal e criou uma rusga na relação entre ela e o presidente dos EUA, Barack Obama. Mas com o que e por que os Estados Unidos tanto se preocupam com o Brasil? Quais os interesses dos americanos por aqui? 

O professor de Relações Internacionais da ESPM Heni Ozi Cukier explica que "os governos desses grandes países espionam todos os países do mundo e o Brasil não é exceção". Para ele, a aproximação do Brasil de outros governos é uma das motivações para espionagem americana: "Você tem uma preocupação maior com que que o Brasil tá pensando, tá fazendo. Que proximidade é essa com o Irã, com o Chávez, essa relação com Cuba, essa história em Honduras, Equador"

Espionagem histórica — Geraldo Zahran, professor de relações internacionais da PUC-SP e coordenador do Opeu (Observatório Político dos Estados Unidos), afirma que "os relatos de espionagem do governo norte-americano são antigos. Então, durante o regime militar, os anos FHC, tem vários casos de notificações de espionagens. É difícil imaginar que ninguém sabia que isso estava acontecendo. A publicidade que isso ganhou talvez tenha assustado um pouco e deixado o governo sem saber o que responder"

o professor da ESPM explica ainda que, "quando você faz uma coleta de informação deste nível, você está tentando trazer mais informações estratégicas e pode ser que você descubra coisas interessantes, secundárias, sobre Amazônia, sobre pré-sal, sobre o contrato de vendas dos aviões". A Embraer é uma empresa de capital misto especializada na fabricação de jatos de médio porte. Os Estados Unidos são um dos principais clientes da empresa brasileira

Amazônia — A área de floresta amazônica, que ocupa mais da metade do território brasileiro, também sempre atraiu a atenção dos americanos, por ser uma fonte praticamente inesgotável de biotecnologia. Para o especialista da ESPM, a região também pode ser alvo de interesse da espionagem

Corrupção — Cukier, da ESPM, explica que "até questões de corrupção" podem se tornar uma vantagem aos Estados Unidos, já eles pensam: "sei onde que tá o calcanhar de aquiles do governo". Ainda, segundo o professor, é importante para os americanos saber "qual o tipo de relação de proximidade ele [o governo] tem com sei lá que grupo econômico ou empresarial, por aí afora"

Pré-Sal — A fartura de petróleo prometida pelo governo com a exploração da camada pré-sal também é um ponto que interessa aos americanos, dizem os especialistas

Compra dos caças — O governo brasileiro vai comprar 36 aviões caças para equipar a FAB (Força Aérea Brasileira). Estão no jogo a fabricante americana Boeing, a sueca Saab e a francesa Dassault. O negócio ainda não tem um valor final, mas deve girar em torno de US$ 7 bilhões. Os americanos, que têm uma empresa que pode fornecer o avião para o Brasil, podem descobrir informações estratégicas sobre a compra das aeronaves com a espionagem

Relações com a China e privatizações — Cukier fala ainda que há "outras questões sobre estratégicas comerciais. O Brasil vai privatizar o que? Quem são, que tipo de coisas, como que essas relações estão se dando?" A Vale, uma das principais empresas mineradoras do País, vende muito minério de ferro para a China, que processa a matéria-prima e fabrica outros produtos. A China é a segunda economia do mundo ainda está longe dos EUA, mas são uma ameaça aos americanos

Medidas protecionistas — Em 2010, o Brasil travou com os Estados Unidos uma batalha na OMC (Organização Mundial do Comércio) após o governo dos EUA fornecer subsídios aos produtores de algodão. Após a derrota, os americanos pagaram uma multa milionária ao Brasil para não sofrer sanções da OMC. Para Zahran, da PUC-SP, existe "uma série de interesses político-econômicos que podem constar na pauta dos americanos"R7