Na tarde de ontem, 7, a avenida Beira Mar foi palco para a passagem de anjos, enfermeiras e marinheiros. E também de estudantes, manicures, vendedores... Um público estimado em 1 milhão de pessoas acompanhou a 14ª edição da Parada pela Diversidade Sexual do Ceará,a avenida Beira Mar.
Organizado pelo Grab (Grupo de Resistência Asa Branca), o evento atraiu um público heterogêneo e pautado por reivindicações políticas. O principal alvo era o deputado federal Marco Feliciano. “Dilma, eu não me engano, eu quero fora Feliciano, já!”, dizia o cartaz da Assembleia Nacional de Estudantes Livre (Anel). Outro, mais humorado, pedia: “Feliciano, não me cure antes do show da Beyoncé”.
Durante a concentração na Barraca do Joca, próximo ao Náutico Atlético Cearense, muitos aqueciam o espírito ao som de DJs.
Perto das 15 horas, quando estava prevista a saída dos trios, banheiros químicos eram ainda instalados. Os trios aproveitavam para testar seus equipamentos de som e muitas pessoas buscavam a acolhida das sombras das árvores para abater o calor de 30 graus que fazia na tarde de ontem.
Entre jovens que corriam de um lado a outro, rodas de dançarinos dos mais empolgados, um grupo de 20 pessoas se ocupava em divulgar os preceitos da Igreja Evangélica Bom Pastor (IEBP). Criada há 1 ano e 7 meses em
Fortaleza, pelo pastor-presidente Bruno Ribeiro, a IEBP se organiza em rede e busca fortalecer a criação de igrejas inclusivas em outros estados do Nordeste. Bruno explica que “o amor imensurável de Deus acolhe as pessoas como elas são”.
Antes de sair, o primeiro trio, do Grab, abriu espaço para os discursos dos políticos e representantes dos movimentos sociais ali presentes. O prefeito Roberto Cláudio não compareceu.
Atento aos discursos, o estudante de Arquitetura Giovane Santana, 18, se disse incomodado com a quantidade de políticos ali. “Acho errado porque eles se aproveitam da situação para fazer propaganda de si mesmo”.
A rainha desta edição, a professora Celecina Veras, sintetizou o sentimento deste ano: “Amar em tempos de ódio é revolucionário”.
A saída do primeiro trio só aconteceu às 17 horas, para logo em seguida permanecer mais de uma hora parado. Em contramão, dezenas de carros trafegavam pela Beira Mar.
“Desde março pedimos à AMC (Autarquia Municipal de Trânsito) que bloqueasse a avenida, mas eles não fizeram o que prometeram. Esta foi uma das edições mais difíceis dos últimos dez anos.
Tivemos vários problemas de falta de segurança da Polícia Militar e da Guarda Municipal, uma travesti chegou a ser agredida”, denuncia o organizador Francisco Pedrosa.
O supervisor da AMC na Parada, Cezanildo Lima, informou que o planejamento foi feito para bloquear a avenida em duas etapas: uma na rua Oswaldo Cruz e outra “à medida que os trios iam avançando”.
A reportagem telefonou inúmeras vezes para o tenente-coronel Cláudio Mendonça, do Batalhão de Policiamento Turístico (BPTur), mas não obteve retorno até o fechamento desta edição.O POVO
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