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terça-feira, 18 de junho de 2013

NOVO PROTESTO CONTRA AUMENTO DE TARIFA NO RJ, TERMINA COM 29 FERIDOS

Por .   Postado  terça-feira, junho 18, 2013   Sem Comentários

                    Protesto no Centro do Rio contra o reajuste das passagens de ônibus termina em confronto entre manifestantes e policiais na Alerj Foto: CHRISTOPHE SIMON / AFP
Depois de um início pacífico, com uma multidão de 100 mil pessoas — segundo estimativas da Polícia Militar — tomando conta de ruas do Centro do Rio, a manifestação contra o reajuste das passagens de ônibus terminou em confronto, quebra-quebra e pelo menos 29 feridos. Vinte policiais ficaram machucados, segundo a Secretaria de Segurança.

Além dos militares, o confronto deixou nove pessoas feridas, atendidas no Hospital Souza Aguiar. Três deles foram baleados, dois na perna direita e um no ombro, com perfuração dos pulmões. Um outro ferido foi atingido por um disparo de bala de borracha na coxa, mas foi liberada em seguida. Ao fim da noite, dez pessoas haviam sido detidas e levadas de micro-ônibus do Batalhão de Choque para a delegacia.

A manifestação contra o reajuste das passagens, que começou pacífica, terminou em quebra-quebra. Na foto, um dos cinco PMs feridos Foto: Marcelo Carnaval / Agência O Globo

Durante a manifestação, que teve a concentração na Praça da Candelária e terminou em tumulto na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), dois policiais deram tiros de fuzil para o alto, na tentativa de afastar e dispersar os manifestantes que tentavam invadir a assembleia. 

O incidente aconteceu próximo ao prédio anexo da Alerj, na esquina das ruas São José com Dom Manoel. Após usar os fuzis, um dos agentes ainda sacou uma pistola. Sem munição, os agentes fugiram deixando para trás uma viatura, que acabou depredada.

Às 23h15m, equipes do Batalhão de Choque chegaram à Alerj, acompanhadas de ambulâncias do Corpo de Bombeiros, para resgatar 80 policiais, 20 funcionários e 18 servidores de limpeza que estavam refugiados dentro do imóvel. 

Foram lançadas bombas de gás lacrimogêneo para dispersar os manifestantes. Pouco antes, um pequeno grupo de manifestantes jogou um artefato por um vidro quebrado da Alerj, o que provocou um incêndio no gabinete da lideraça de governo. 

O princípio de incêndio foi controlado. Os manifestantes chegaram a depredar o imóvel e lançaram fogos de artifício na direção dos agentes da Polícia Militar. Eles jogaram pedras em direção às vidraças da Alerj e colocaram fogo em sacos de lixo que estavam próximos ao prédio. Um carro foi revirado e depois foi incendiado pelos manifestantes. 

Outros três veículos, sendo dois de passeio e um da PM, foram depredados. A Igreja de São José, que fica ao lado da Alerj, foi toda pichada pelos manifestantes com dizeres como "Ordem e Progresso" e "Queremos saúde e educação". 

Os PMs revidaram os ataques dos manifestantes com balas de borracha e gás lacrimogêneo. Mais cedo, uma pessoa foi detida, mas logo liberada.

Quatro carros de bombeiros combateram focos de incêndio próximo ao prédio da Alerj. O deputado Paulo Melo, presidente da Assembleia Legislativa do Rio, afirmou que a depredação do prédio da assembleia é lastimável. Em entrevista à Rádio Bandnews, ele afirmou que o prédio está sitiado.

— A passeata começa com uma causa e termina sem causa nenhuma. Eu avalio esse ataque como lastimável. O que se vê é um ato de vandalismo. O prédio está sitiado. Vários policiais estão feridos mas não conseguem ser socorridos.

A sede do Legislativo estava cercada com grades. O Batalhão de Choque, que estava de prontidão, foi acionado. Diversas vidraças e lustres já foram quebrados por um grupo que começou sendo de 20 pessoas, mas depois passou a contar com pelo menos 300 participantes. Um dos manifestantes tentou atear fogo num dos painéis expostos na fachada da Alerj, mas não conseguiu. 

Na 5ª DP (Gomes Freire), um grupo de advogados da Comissão de Direitos Humanos da Ordem de Advogados do Brasil (OAB) está de prontidão para prestar assistência jurídica a manifestantes que, por ventura, fossem detidos.

Centro depredado

Sem a presença de policiais militares, manifestantes não pararam de depredar estabelecimentos no Centro do Rio. Lojas e agências bancárias das ruas do Carmo, Sete de Setembro e São José foram depredadas pelos manifestantes. Uma loja de chocolates, a Chocolates Brasil, localizada na Rua São José, foi saqueada. Somente na via, cinco lojas foram saqueadas. 

Eles destruíram também o restaurante Jirau, no número 16 da Rua São José. Antes, depredaram uma agência do Banco Itaú na mesma rua. Com pedaços de caixas eletrônicos, foram feitas fogueiras no meio da via. Um dos equipamentos foi arrastado até a esquina da Sete de Setembro com Primeiro de Março. 

No Terminal Menezes Cortes, foram arrombadas uma loja de chocolates e outra de sandálias. Ao todo, três agências bancárias foram destruídas na região, duas do Itaú, e uma do Santander.

Michel Safi, de 35 anos, que há sete anos é dono do restaurante Cristal, na Rua da Assembleia, que teve seu estabelecimento completamente depredado, calcula seu prejuízo em cerca de R$ 30 mil:

— Provavelmente, não conseguirei abrir amanhã (terça-feira). É um absurdo o que fizeram.

Enquanto isso, outro grupo de manifestantes permaneceu na Cinelândia, onde o clima era de tranquilidade.

No início, a Polícia Militar informou que a orientação era para que os policiais, sendo 150 homens, só acompanhassem a passeata. O protesto, que seguia pacífico, conta com milhares de pessoas. Grupos de PMs chegaram a ser colocados em pontos estratégicos do Centro, como o Tribunal de Justiça e o próprio prédio da Alerj, que também sofreram danos na manifestação da última quinta-feira.

Durante o ato, a multidão ocupou a Avenida Rio Branco e tomou a Cinelândia. Uma grande bandeira do Brasil foi aberta nas escadarias do Theatro Municipal, na Cinelândia. De lá, eles seguiram para a Avenida Antônio Carlos, em direção ao prédio da Assembleia Legislativa. 

Entre outros gritos, os participantes cantaram “eu sou brasileiro, com muito orgulho, com muito amor”, típico de estádios de futebol. Portando flores e com cartazes com frase que pediam paz, os manifestantes chegaram a fechar a Avenida Presidente Vargas.

O núcleo de Direitos Humanos da Defensoria Pública acompanhou com quatro defensores a manifestação para inibir eventuais abusos da PM. Movimentos de várias origens participaram desse ato. Entre eles, estiveram moradores de Santa Teresa que lutam pelo retorno da circulação de bondes ao bairro. Havia também integrantes do movimento punk e anarquistas, que estão vestidos de preto, com máscaras.

Muitos jovens usam máscaras e carregam vinagre para se protegerem do gás de pimenta que tem sido disparado pelos PMs. Carregando bandeiras do Brasil, os manifestantes convocaram pedestres que passam pelo Centro do Rio para participarem da mobilização. 

O protesto atraiu curiosos para as janelas dos prédios comerciais. Dos escritórios, foram jogados papéis picados. Os jovens pediram para que as pessoas descessem dos prédios para aderir ao protesto. Nas redes sociais, pessoas publicaram imagens da passeata.

Exército de prontidão

O Batalhão de Choque e a Brigada Paraquedista, ambos do Exército, estiveram de prontidão ao longo do protesto. A determinação partiu dos responsáveis pela segurança da cidade nos grandes eventos e já está valendo desde domingo. A ordem vale até o dia do último jogo da Copa das Confederações. Segundo informações do Exército, a tropa só seria acionada se os órgãos de segurança do Rio não pudesse conter os manifestantes. As Forças Armadas mobilizou 7.500 homens.

Na concentração, pessoas cantavam palavras de ordem pedindo para que as passagens de ônibus abaixem. "Se a passagem não abaixar, o Rio vai parar" era um dos gritos entoados. A segunda-feira foi marcada por novas manifestações em todo o país contra o aumento das tarifas de ônibus. As convocações estão sendo feitas pelas redes sociais. Em apenas um dos eventos criados pelo Fabebook, até o início da tarde cerca de 60 mil pessoas tinham confirmado presença.

Mudança de estratégia

Com a grande concentração de militares na Candelária, os jovens mudaram de estratégia para o protesto desta segunda-feira no Centro do Rio. Vários grupos se prepararam em locais como o Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), o Instituto de Filosofia e Ciências Sociais (IFCS) e a Faculdade de Direito da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). 

No CCBB, que não abre às segundas-feiras, estudantes ocuparam as escadarias. Estudantes de medicina e voluntários se concentraram no local para prestar primeiros socorros a manifestantes.

Era a primeira vez no protesto para muitos estudantes, como foi o caso de Rodrigo Cavalcanti, de 19 anos, morador do Engenho Novo, que cursa estatística na Universidade Estadual do Norte Fluminense (Uenf). Ele contou que, por medida de segurança, não trouxe mochila e já vinha acompanhando o movimento pelas redes sociais.

— É importante a participação na internet, mas as pessoas têm que comparecer. É a quinta manifestação. Imagine quando estiver lá pela décima.

Até um turista chileno, que passava pelo CCBB, parou para fazer fotos da reunião dos estudantes. O agente de turismo Hector Medina, de 40 anos, acha válida a manifestação porque, segundo ele, no Chile as passagens custam US$ 1,30 em horários normais e US$ 1 no rush. Os estudantes, ainda de acordo com ele, pagam US$ 0,50:

— Só acho que o protesto deveria servir também para pedir uma melhor educação no Brasil.

Em meio à onda de manifestações contra o aumento das passagens de ônibus, que tomou o Rio nas últimas semanas, uma nova forma de protesto, após uma campanha na internet, passou a ser vista nas ruas da cidade: moradores da Tijuca, na Zona Norte, colocaram panos brancos em suas janelas, apoiando a mobilização pacífica. 

“É amanhã! Se puder, saia às ruas. Se não puder, vem pra janela”, diz o texto que circula nas redes sociais. “Movimento vem pra janela. #Brasil acordou”, diz um dos panos brancos pendurados. “O gigante acordou. Brasil contra corrupção. #Vem pra janela”, diz outro.

Prédio de faculdade não será fechado durante manifestação

O diretor da Faculdade Nacional de Direito (FND) da UFRJ, Flávio Alves Martins, publicou um memorando nesta segunda-feira com determinações sobre a entrada no prédio durante a manifestação contra o aumento da tarifa de ônibus no Centro. 

O comunicado determina que a FND não seja fechada antes do horário normalmente previsto, às 22h, por conta dos protestos. Além disso, permite a entrada de qualquer pessoa no local, desde que com o rosto descoberto. O documento, no entanto, afirma que, por ser um prédio federal, deve ser proibida a entrada de qualquer policial militar estadual armado.

Nesta segunda-feira, a Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) afirmou que vai recolher vídeos e relatos de participantes das manifestações no estado que possam demonstrar truculência policial na repressão aos protestos. As denúncias serão encaminhadas ao Ministério Público e à Defensoria Pública.

Uma das mensagens espalhadas pela internet afirma que nesta “segunda-feira o Brasil vai parar”. Nas redes sociais, os manifestantes pedem à população que use roupas brancas nesta segunda-feira, mesmo quem não for à manifestação. 

O texto dá dicas também de roupas para quem vai ao protesto. Casacos impermeáveis, para reduzir absorção do gás lacrimogênio, são uma das indicações. Além disso, máscaras de pintor e óculos de natação estão sendo recomendados. Manifestantes são orientados também a evitar lentes de contato, brincos, piercings, colares e gravatas.

Especificamente na região da Candelária, internautas estão mapeando pontos de apoio para os manifestantes, como locais em que Polícia Militar não poderia entrar, como sedes de consulados e embaixadas e o 1º Distrito Naval.

O texto sugere que quem não participar dos protestos apoie abrindo suas redeswi-fi para postagem de imagens e mensagens pela internet; pendurando bandeiras brancas nas janelas; e protegendo manifestantes em portarias de prédios, por exemplo.

É pedido ainda que as pessoas registrem tudo que virem com câmeras e celulares. Além da página “Habeas Corpus Movimento Passe Livre”, que reúne advogados voluntários para apoio jurídico a possíveis presos, no Rio estão sendo convocados médicos para ajudar nos primeiros socorros de feridos esta noite.

Nesta semana, também deve haver atos em outras três cidades fluminenses: Volta Redonda e São Gonçalo, na terça-feira; e Niterói, na quarta. Há convocações ainda para Angra dos Reis, Cabo Frio, Campos dos Goytacazes, Duque de Caxias, Guapimirim, Macaé, Nova Friburgo, Petrópolis, Resende e Teresópolis.o globo



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