MORADORES FAZEM PASSEATA CONTRA A VIOLÊNCIA

                      

Em Jaguaruana, conhecida como a “terra da rede”, tudo parou na manhã de ontem. Comércio, escolas e até repartições públicas cerraram as portas enquanto os moradores participavam de uma passeata. Segundo a Polícia Militar, cerca de duas mil pessoas percorreram ruas e avenidas, em protesto contra os roubos e furtos que têm ocorrido na região. Eles também pediram a saída do delegado local, Luciano Barreto.

Mas, apesar da expressiva quantidade de moradores insatisfeitos, há quem defenda que o movimento tenha conotação política, motivada por desavenças pessoais entre a prefeita local, Ana Teresa (PT), e o delegado Barreto, acusado de ser “relapso” por supostamente ser ligado à antiga gestão municipal.

N município (distante 173 km de Fortaleza), desde janeiro até ontem, houve pelo menos 21 assaltos, cinco homicídios e cinco furtos, conforme a PM. As ocorrências motivaram os moradores a marcharem da Prefeitura à Câmara, com faixas, cartazes e apitos. Na sede do Legislativo, houve uma audiência pública sobre o assunto.

“A situação está horrível. Vivemos na insegurança e não temos a quem reclamar”, lamentou a agricultora Lindalva Maria Maia, de 64 anos. Conselheiro tutelar, Eronde Santos relatou que outro problema que acomete a cidade é a disseminação no uso de drogas, até mesmo por crianças.

O delegado Barreto participou da audiência, que contou com representantes dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário. Em sua defesa, ele acusou a prefeita de promover a manifestação em razão de “problemas pessoais” que tem com ela. “Houve alguns crimes por conta do efetivo reduzido que temos. 

Mas já estamos prendendo os acusados. Estou fazendo meu papel e pretendo continuar enquanto meus superiores permitirem”, disse o delegado, que foi vaiado e xingado diversas vez por manifestantes.

Já Ana Teresa negou que a manifestação seja política. “Isso é uma cobrança da população, pelo fato de que o delegado nunca está na delegacia. Isso é inaceitável. Não medirei esforços para substituí-lo. Espero que mandem alguém com vontade de trabalhar”, rebateu a prefeita.

Responsável pelo Departamento de Polícia do Interior (DPI), o delegado Jocel Dantas disse que não há intenção de substituir Barreto, mas adiantou que não descarta a mudança, se for para o “bem da população”.o povo