No submundo político, ronda todo tipo de informação a respeito de adversários e suas estratégias. À margem dos meios legais das disputas de poder e dos processos eleitorais, que constroem o Estado Democrático de Direito, estão as informações pessoais, íntimas e empresariais, em dossiês que podem comprometer a imagem dos envolvidos e até o resultado das urnas.
O araponga é um profissional muito bem equipado - e igualmente pago - para colher de forma lícita ou ilícita informações preciosas, que viram trunfos nas mãos de quem contrata. Tudo com o anonimato do contratante garantido.
Nas duas últimas semanas, o Ceará assiste a escândalo envolvendo denúncia de espionagem pelo próprio governador do Estado Cid Gomes (PSB) contra seu inimigo político, o ex-prefeito de Maracanaú, Roberto Pessoa (PR).
O autor da denúncia, o deputado federal Eudes Xavier (PT) leu, na tribuna da Câmara Federal, no último dia 4, trechos de supostos emails trocados pelo governador com o irmão Ciro Gomes (PSB), com o chefe da Casa Civil, Arialdo Pinho, e o titular da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social, Francisco Bezerra. Xavier afirmou não saber a procedência dos emails, mas defendeu que o teor deles seja investigado.
O governador, por sua vez, foi à Assembleia Legislativa do Estado Ceará no dia seguinte para negar a espionagem contra o opositor, mas denunciou que teve, sim, emails vasculhados. Apesar de ter dito que as mensagens divulgadas foram manipuladas.
O caso já é investigado pela Polícia Civil do Ceará, repercute no Congresso Nacional e tem possibilidade de virar Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na Assembleia Legislativa. Mas, independentemente dos desdobramentos do episódio, o que se observa é que a espionagem ganhou novos terrenos com o avanço tecnológico.
Métodos
Perseguições discretas com fotos, gravações com câmeras escondidas, grampos telefônicos (e aqui estamos nos referindo às escutas sem autorização judicial) já não são novidades para a espionagem no mundo empresarial, político e jurídico.
Se assuntos mais delicados já eram tratados com mais cautela e evitados por telefone, fixo ou celular, agora, na Internet, as informações produzidas ou contatos pessoais e políticos, acordos e negociações também estão vulneráveis. Um bom hacker é capaz não apenas de vasculhar mensagens eletrônicas, como também invadir máquinas e obter documentos salvos.
A espionagem não é prática exclusiva de políticos brasileiros, nem é generalizada. Mas não raro o uso de meios ilegais para se obter informação marca presença no noticiário político. A sensação de insegurança atinge figuras públicas e o cidadão comum.
Parlamentares, cientistas políticos e outros especialistas discutem nesta edição esta distorção na democracia, onde a parte interessada se mostra muito mais preocupada em denegrir a imagem do oponente do que mesmo em se apresentar à população, com propostas para a cidade, Estado ou País. Nas páginas a seguir, O POVO discute este modo de fazer política e os prejuízos para a democracia. Vale tudo para enfrentar adversários?O POVO
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