ATO PÚBLICO PEDE PUNIÇÃO AOS CRIMES DA DITADURA MILITAR

Um ato na Cinelândia, no Centro do Rio, reúne cerca de 200 pessoas e relembra o golpe militar de 1964, que completa 49 anos nesta segunda-feira.

Manifestantes da UNE, do PCdoB, do PSTU, do Tortura Nunca Mais e de outras entidades fazem um protesto a favor da punição dos crimes de militares durante o período e da abertura dos arquivos do regime.

No local, a jornalista Hildegard Angel disse que a Cinelândia representa um "muro das lamentações", mas também "um muro da democracia brasileira". Ao falar para os manifestantes, ela lembrou a morte de sua mãe, a estilista Zuzu Angel, e o desaparecimento de seu irmão, Stuart.

- Até hoje eles não tem o corpo do Stuart. Vim enterrar um pouquinho os meus mortos com vocês - disse ela, que afirmou estar em um velório.

Hildegard disse que foi ao local porque, segundo ela, ainda "está viva" para protestar contra os militares. Ela diz que esteve no ano passado em protesto em frente ao clube militar. Para ela, a Comissão Nacional da Verdade é muito lenta. 

Ela foi procurada pelos integrantes da comissão, mas não viu nenhum avanço em relação à apuração do assassinato da mãe dela e em relação ao desaparecimento do irmão.

- Continuo querendo saber quem matou minha mãe e onde está o corpo do Stuart.

O presidente da UNE, Daniel Iliescu, diz que o ato é realizado na Cinelândia porque trata-se de um lugar emblemático e porque também é um encontro com o passado.

- Para conhecer o presente e o futuro, temos que conhecer nossa história - diz ele.

A UNE, que é contra a anistia de crimes como a tortura, criou a sua própria comissão da verdade. O primeiro dossiê, segundo Iliescu, será apresentado entre os dias 20 de maio e 2 de junho, no congresso nacional da entidade em Goiás.

Na Cinelândia, também há um grupo protestando contra o governador Sérgio Cabral. Cartazes como "Fora, Cabral, torturador", a favor dos índios da aldeia Maracanã, são mostrados por jovens.O GLOBO