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sábado, 30 de março de 2013

SEXTA-FEIRA SANTA FOI DIA DE ESPERANÇA ÀS MARGENS DAS ESTRADAS.

Por .   Postado  sábado, março 30, 2013   Sem Comentários


Sexta-feira da Paixão, centenas de pessoas se dividiram ao longo das estradas do Ceará atrás de pão, alguns trocados ou uma muda de roupa. Muitos dizem que a seca deste ano atraiu mais gente pedindo ajuda

O sol encrustado na pele da senhora a deixa com aparência de mais idade. É que ao longo dos últimos 30 anos, em todo dia santo, Rita de Sousa, 68, caminha os quatro quilômetros que separam sua casa, no distrito de Lagoa do Juvenal, em Maranguape, Região Metropolitana de Fortaleza, até a BR-020, levando sol. “Venho na vontade de levar um ‘cumêzim’ diferente de arroz pra eles”, diz, se referindo aos netos.

Ontem, Rita estava no quilômetro 349 desde as 6 da manhã. Eram 10 horas e o feriado que costuma render mais agrados, a Sexta-Feira da Paixão, só tinha lhe ofertado dois pacotes de pão sovado. “Mas é como Deus quer, minha filha.
A gente fica pelejando daqui pra acolá, mas é como Jesus Cristo quer”, conformava-se. Rita juntava-se à centena de peregrinos que deixam, por ora, suas casas em busca de pão, dinheiro ou uma muda de roupa. Em troca, oferecem um “obrigado”, um “sigam em viagem com Deus”, um “Deus lhe acompanhe” e a promessa de orações.

No dia em que os cristãos rememoram a morte de Jesus, no Ceará, já é tradição encontrar, ao longo das rodovias, pessoas de mãos estendidas com o pedido de ajuda. Famílias inteiras até. Simone Cardoso, 26, carregava o filho Lorran, de quatro meses e a filha Lorrane, de 7 anos. Enquanto uma sombrinha protegia o bebê, a filha mais velha derretia-se de suor. “Não tem com quem deixar, o jeito é trazer. Meu marido está trabalhando em Fortaleza”, justificava a mãe. “O pai também trabalha plantando milho, mas esse ano não nasceu espiga nenhuma de milho”, diz a menina.
Desde duas horas antes, os três estavam na pista e, apesar das mãos estendidas, tudo o que ganharam foram pacotes de pão. “Tem ano que tem até cesta básica. Esse ano tá fraco”, lamentava Simone.
“Esperança é a fé”
A seca era a justificativa para quase tudo, pelo menos entre os pedintes. Para a falta dos donativos (“porque estava caro para si, ainda mais para dar para alguém”) e para falta da comida (“porque a terra não estava dando o alimento”). Menos para a falta da solidariedade. “Eu acho que, se você tem, tem que dividir. Mesmo que seja difícil. Porque Jesus te deu para você fazer isso”, dizia a sabedoria da jovem Ana Elisabete da Costa Lima, 17, uma das quatro irmãs Anas que estendiam as mãos, juntas, pelo alimento. “(A pouca quantidade de doações) pode ser pela seca, né? Mas querendo, dá pra ajudar”.

No dia de ontem, o lado da pista para pedidos era aquele por onde os carros saíam de Fortaleza. Neste domingo de Páscoa, os pedintes atravessam a rodovia em busca das esmolas da volta de viagem. A esperança é por mais solidariedade.
Já virou espécie de tradição no Ceará. Em datas religiosas ou Dia das Mães e Dia das Crianças, pessoas vão às margens das rodovias pedir comida, dinheiro, roupas e o que mais os viajantes oferecerem.o povo

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