O que vem à tona em forma de assassinatos de gestores e parlamentares motivados por conflitos políticos é apenas a face mais visível do problema. Em grande parte dos casos, há por trás uma intrincada rede que liga a política ao crime organizado. Pelo menos é essa a realidade que revela o promotor Eloílson Landim, do Ministério Público Estadual.
“O grau de corrupção que encontramos nos estados avançou de forma tal que o crime organizado, como o tráfico de drogas, financia campanhas de pessoas que tenham compromissos com eles”, descreve o promotor. Uma vez eleitos, os representantes ficam atrelados a esses grupos, criando uma relação de interdependência em que romper o “acordo” pode ser fatal.
O histórico mostra que atentados e assassinatos são mais comuns na esfera municipal. Isso não quer dizer, segundo Eloílson, que nos demais entes federativos a situação seja muito diferente, especialmente no Legislativo.
Outro problema é que, com dinheiro e influência, os parlamentares, mesmo quando condenados na Justiça, lançam mão de uma série de recursos, protelando o julgamento final até, muitas vezes, concluírem seus mandatos.
Eloílson diz que as alternativas para reduzir o problema precisariam começar com investigações mais rápidas e eficazes e julgamentos também mais céleres. “Outra necessidade é uma reforma política que permita que as disputas eleitorais ocorram em condições de igualdade”, defende, argumentando que, assim, haveria menos influência do poder econômico na classe política.
O professor do Departamento de Ciências Sociais da Universidade Federal do Ceará (UFC), Jackson Alves, diz que o tão falado estado democrático de direito precisa ser de fato eficaz, prevenindo práticas criminosas na política e atuando com rigor uma vez que os delitos sejam cometidos. (Marcos Robério)
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