O ex-presidente Lula se beneficia de uma série de conjunções históricas para seu plano de voltar ao Planalto.
O primeiro é o desastre do governo Bolsonaro. Além disso, o petista usa a anulação de suas sentenças por corrupção para criar a narrativa (ou seja, mentira) de que foi absolvido pelo seu envolvimento no Petrolão. Mais do que isso, conta com o recall sobre os programas lançados em seu primeiro mandato, há quase 20 anos, como o próprio Bolsa Família.
A política de inclusão (que não ocorreu de fato, como apontam especialistas) se sobrepõe na memória da população à avalanche de corrupção que se seguiu nos anos petistas.
Mas, agora, Lula não poderá fazer a mesma mágica de 2002. Preparando-se para disputar a sexta eleição presidencial, ele não poderá aproveitar o programa econômico estabelecido pelo PSDB nos anos 1990, que deu estabilidade à moeda e criou o arcabouço legal que obrigou os governantes a se comprometerem com a responsabilidade fiscal.
Lula voltará às propostas que o PT preconizava desde os anos 1980, como forte centralização, gastos públicos sem restrições, programas sociais populistas e leniência com a inflação.
O maior indício de que essa pauta regressiva prevalecerá é a escolha da equipe que está informalmente supervisionando o programa econômico lulista: Guido Mantega e Aloizio Mercadante.
Por enquanto, a nova estrela econômica do partido, Guilherme Mello, ainda não conquistou o coração de Lula (e ele não tem um pensamento muito distinto dos antigos medalhões).MARCOS STRECKER
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