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domingo, 30 de maio de 2021

BRASIL; CPI DA MENTIRA

Por ipuemfoco   Postado  domingo, maio 30, 2021   Sem Comentários



Para evitar que a CPI da Covid perca confiabilidade e acabe como outras que não deram em nada, como a recente CPMI

da Fake News, morta sem ter qualquer conclusão, os integrantes do comando da comissão resolveram dar uma guinada na maneira de conduzir os trabalhos: a partir de agora, prometem mandar prender quem mentir em depoimentos no Senado. 


Eles não desejam que o colegiado saia desmoralizado do processo aberto para investigar as omissões e negligências do governo na pandemia. Isso valerá, inclusive, para o ex-ministro Eduardo Pazuello e o atual ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, que foram convocados a prestar novos esclarecimentos. 


A mudança de postura foi determinada após considerarem que Pazuello debochou do Parlamento ao participar de um ato político de Bolsonaro, no último domingo, 23, no Rio de Janeiro, sem máscara e promovendo aglomerações.


Dentro dessa mudança de rumos, o senador Randolfe Rodrigues apresentou um requerimento polêmico para que Bolsonaro deponha. Como não há previsão constitucional para que o presidente preste depoimento à CPI, essa iniciativa provocou atritos com os senadores governistas. Embora esse pedido ainda não tenha sido votado, dificilmente será aprovado. 


Rodrigues, contudo, fez a proposta para colocar obstáculos à convocação de nove governadores de estados que já estão sendo investigados por desvios de verbas enviadas pela União para o combate à pandemia. A ideia é que se o presidente não pode ser convocado, os governadores também não poderiam. 


O fato é que os depoimentos dos chefes dos executivos estaduais já foram aprovados, enquanto que o de Bolsonaro ainda está pendente de votação. Tudo isso pode acabar no STF, que poderá não permitir a convocação dos governantes à comissão.


As promessas de pegar pesado contra os mentirosos, no entanto, não tiveram sucesso até aqui. Na primeira sessão em que essa regra passaria a valer, na quarta-feira, 25, a secretária do Trabalho do Ministério da Saúde, a médica Mayra Pinheiro, conhecida como “capitã cloroquina”, mentiu 11 vezes de acordo com Renan Calheiros (MDB-AL), relator da comissão, e mesmo assim saiu incólume. 


Durante a sessão, parlamentares chegaram a apresentar requerimento solicitando a quebra de sigilos da médica, mas nenhum deles emitiu voz de prisão. Senadores justificaram à ISTOÉ porque não cogitaram prendê-la: temiam ser acusados de machismo. “Não seria recomendável prender uma mulher depois de não ter prendido os marmanjos.” Mayra, no entanto, ajudou a desmascarar Pazuello e demonstrar que o governo Bolsonaro foi omisso na crise da falta de oxigênio em Manaus. 


Ela informou que esteve na cidade entre os dias 3 e 5 de janeiro e que o ministério soube da falta de oxigênio no dia 8. O ex-ministro garantiu à comissão ter sido informado apenas no dia 10. Dois dias, nesse caso, fizeram grande diferença, pois centenas de pessoas morreram asfixiadas por falta do insumo. Essa foi uma das inúmeras inverdades do general. No seu depoimento, há duas semanas, ele contou pelo menos 14 mentiras e saiu impune.

Faltará coragem?

O gesto de Pazuello no Rio, porém, despertou o sentimento de que se não tomar medidas mais duras contra os mentirosos, a CPI pode acabar em pizza. A ideia de endurecer na condução dos trabalhos surgiu ainda no domingo, após o ato político pró-Bolsonaro. A aparição pública do general foi vista pelos senadores como uma provocação. A reação foi instantânea. 


O presidente do colegiado, senador Omar Aziz, afirmou que a tolerância com os falastrões tinha acabado. Disse que mandaria prender quem mentisse nas próximas oitivas.“Não tem mais essa de mentir. Agora vamos dar voz de prisão”, disse à ISTOÉ. 


Aziz, contudo, não tinha essa opinião antes. No dia 12 de maio, o ex-chefe da Secretaria de Comunicação da Presidência, Fábio Wajngarten, também mentiu descaradamente ao depor na CPI. Naquele dia, ainda durante a sessão, Calheiros pediu sua prisão, mas foi convencido a recuar pelo próprio presidente da comissão. 


Aziz argumentou que a detenção do ex-assessor de Bolsonaro seria uma atitude radical e poderia causar um clima de guerra com o governo, o que ele quis evitar. Ao final, a CPI saiu desmoralizada.


Wanjgarten abriu a porteira para passar a boiada das mentiras nos depoimentos subsequentes, incluindo os de Pazuello, do ex-ministro de Relações Exteriores, Ernesto Araújo, e do atual ministro da Saúde, Marcelo Queiroga. 


Resta saber se durante os novos depoimentos de Pazuello e Queiroga os senadores terão coragem de “algemá-los” caso reincidam na mentira, como prometeu Aziz. A comissão ainda tem a oportunidade de corrigir os rumos: basta ter coragem.

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