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segunda-feira, 13 de agosto de 2018

CANDIDATOS MIRAM NO ELEITORADO RELIGIOSO PARA GARANTIR VOTOS NAS ELEIÇÕES

Por ipuemfoco   Postado  segunda-feira, agosto 13, 2018   Sem Comentários


Com frases como “glória a Deus” e “agradecer primeiramente a Deus”, antes de debates e entrevistas, os candidatos à presidência da República miram no eleitorado religioso. E não é para menos: 158,5 milhões de brasileiros declararam ter alguma religião, segundo os dados do último censo demográfico do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). 

Com o início das propagandas em 16 de agosto, os presidenciáveis buscam convencer esse público e conquistar apoio de líderes de igrejas que acrescentem na campanha eleitoral.

No primeiro debate na TV, na última quinta-feira, três dos sete candidatos começaram os discursos citando Deus. Entre eles, Cabo Daciolo (Patriotas), Marina Silva (Rede) e Jair Bolsonaro (PSL). Além deles, Geraldo Alckmin (PSDB) e Ciro Gomes (PDT) também se manifestaram em outras ocasiões a respeito do tema. 

Para Antônio Augusto de Queiroz, do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), o Toninho, esse é o momento em que os candidatos chamarão a atenção desse eleitorado. “Agora, há um ambiente muito pró-família, voltado para a defesa de valores éticos, morais. E, ao invocar a religião, ao invocar Deus perante esse eleitorado, os presidenciáveis são percebidos como alguém que defende os valores que esse público professa”, explicou.
Esta não é a primeira eleição geral em que o tema entra no debate político. 

Em 2010, quando Dilma Rousseff foi candidata à presidência pelo PT pela primeira vez, ela teve que voltar atrás sobre uma entrevista dada três anos antes em que defendia a descriminalização do aborto — tema controverso no meio religioso. 

À época, a polêmica a levou a perder consistência eleitoral na disputa contra o tucano José Serra. A petista apenas neutralizou o jogo com a divulgação de um aborto que teria sido feito pela mulher de Serra, Mônica.
Influência

Toninho do Diap acredita que o público religioso tem força para influenciar as eleições. Desta vez, quem deve se beneficiar é Alckmin, que conseguiu o apoio de partidos conservadores. “Ele próprio é um dos líderes religiosos mais fervorosos e, além disso, os partidos PR e PRB estão na base dele”, avaliou. Apesar de Cabo Daciolo ter surgido como uma alternativa, Toninho considera poucas as chances de o deputado federal ter “votação expressiva”. “A tendência é que esse grupo, desta vez, marche com Alckmin”, afirmou.

Em 2014, quem despontava nesse sentido era Marina Silva, que se aproximou do pastor Silas Malafaia. “Mas, dessa vez, ela escolheu um vice que pensa diferente dela em relação ao tema, que é o Eduardo Jorge (PV)”, disse Toninho.

 “O próprio Malafaia, agora, não tem mais proximidade com ela. Então, ela tende a perder esse público. O pastor e o deputado federal (Marco) Feliciano, todos devem preferir o Alckmin mesmo. Assim como a uma parcela expressiva da igreja católica”, concluiu.


Em março, uma pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI) mostrou que 79% dos entrevistados concordavam totalmente ou em parte que é importante que o próximo presidente acredite em Deus. Especialista em sociologia política da Universidade Estadual Paulista (Unesp), José Geraldo Poker acredita que muitas vezes o eleitor não tem dogmas espirituais, mas cria uma expectativa de que um candidato religioso seja melhor que outro que não é. “São traços culturais. 

A cultura brasileira é fortemente influenciada por uma religião. Não é determinante no voto, mas constitui um traço interessante. Um definidor de tendência de preferência por um candidato e não por outro”, avaliou.

Segundo Poker, quando os candidatos demonstram alguma crença, eles querem chamar atenção de um público mais “sensível” a esse tema, mas não, necessariamente, religiosa. “Na disputa para a prefeitura de São Paulo, no fim dos anos 1980, o Fernando Henrique Cardoso foi interpretado, uma vez, como se fosse ateu. E isso pesou contra ele. Não por conta de um eleitorado cristão, mas porque a cultura brasileira acredita que uma pessoa que tem essa crença é melhor ou mais confiável”, explicou.

Para o especialista, a estratégia dos políticos é entender as crenças que esse público defende, e apostar em pautas consideradas mais suscetíveis a eles. “Os candidatos sabem explorar a característica de um determinado eleitorado, mas não necessariamente religioso. Grande parte da opinião pública é contrária a certas pautas, como o aborto, por exemplo, então eles acabam se posicionando contra também”, explicou.

158,5 milhões
Número de brasileiros que declaram ter alguma religião

79%
Percentual de entrevistados por pesquisa da CNT que dizem ser importante que o próximo presidente acredite em Deus

“A cultura brasileira é fortemente influenciada pela religião. Um definidor de preferência por um candidato”.

José Geraldo Poker, professor da Unesp
CORREIOBRAZILIENSE

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