A mão direita traz lírios, o braço esquerdo carrega o Menino Jesus. Pureza e paternidade estão representadas na imagem de São José, considerado padroeiro do Ceará e patrono da Igreja Católica.
A devoção popular rendeu meninos chamados José em todo o Estado, além de clamor por chuvas neste 19 de março. Além disso, gente de todo nome busca expressões próprias de fé pelo resto do ano. Pedidos pela situação financeira, pelo emprego e por um bom casamento se misturam às tradições de novenas e promessas.
Modelo pelas virtudes. A figura de padrinho, guia e protetor. É o que enxerga o fiel no santo padroeiro, diz o pároco Robério Martins, da Igreja Matriz de São José de Ribamar, em Aquiraz, Região Metropolitana de Fortaleza.
Quando assumiu a paróquia, há cinco anos, o sacerdote diz que nem acreditava na prontidão com que São José atenderia a pedidos. Mas isso mudou. “Você está em dificuldade, de repente aparecem as ajudas atribuídas à intercessão dele. Ele providencia no momento certo”, afirma.
Sufoco de dinheiro e incertezas no emprego já motivaram o zelador Sebastião Alves, 55, a fazer orações ao santo. Diz ter sido atendido diversas vezes, o que o faz voltar sempre aos festejos de março. Além da fé, fica a admiração pelo exemplo de homem trabalhador, que ensinou o ofício de carpinteiro a Jesus.
A crença na trajetória de José como chefe da Sagrada Família leva à tradição feminina de pedir um bom marido. “Santo Antônio nunca casou, então ele manda qualquer um. São José foi esposo e sabe escolher o certo”, brinca o coroinha Cristiano da Silva, 28. Ele conta da moça solteira que foi aos festejos de março pedindo uma graça improvável: voltar à festa com um noivo no ano seguinte. E garante: a prece foi atendida, e o casal agora espera o primeiro filho.
Histórias
Uma lenda tenta resgatar o início da devoção a São José em Aquiraz, antes da fundação da primeira paróquia do Ceará, em 1713. Cristiano cresceu ouvindo relatos de familiares e pesquisando sobre a história da matriz. Conta que, segundo a História, os portugueses tinham o costume de lançar ao mar imagens de santos em baús de madeira.
Quem fosse cristão poderia recolhê-las. Assim, uma imagem de São José teria sido achada na Prainha e colocada em uma carroça com destino a Cascavel. Os bois, porém, só se moveram quando ficou acertado que ela ficaria em Aquiraz.
Além da História, a imagem que hoje figura no altar-mor da matriz chama atenção por mais um detalhe: o santo usa botas. Talvez por homenagem aos bandeirantes. Ou em alusão ao calçado usado por José em viagem para o Egito, levando Maria e Jesus.
Fato é que a falta de documentos dificulta recuperar totalmente a história da igreja, explica padre Robério. No entanto, ele acha provável que a devoção a José no Estado tenha partido de Aquiraz, a primeira Capital do Ceará.O POVO
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