O GOVERNO DO PT,PROVA DAS MANIFESTAÇÕES DOS "CARAS PINTADAS"

  

Se as consequências das manifestações são imprevisíveis, a política institucional e os partidos políticos estão em xeque. Ao sair das redes sociais na internet e ganhar corpo nas ruas, o movimento não aponta líderes e repudia que sejam erguidas bandeiras de partidos políticos. 

A única bandeira que pode ser erguida, argumentaram manifestantes, é a do Brasil. Nesse contexto, lideranças partidárias e parlamentares buscam interpretação para os protestos. O deputado federal José Guimarães, líder do PT na Câmara, divulgou nota em nome da bancada do PT, na qual afirma que “os milhares de manifestantes deram um recado claro aos governantes de todas as instâncias e aos três poderes da República”. Segundo a nota, esta é uma expressão do desejo de influir nas decisões de todos os governos, do Legislativo e do Judiciário.

A nota sai em defesa do Governo Dilma e trata como natural o tom severo de cobrança após a elevação de 40 milhões de pessoas à classe média. “Surgiu, consequentemente, uma nova agenda, demandando mais inclusão, mais distribuição de renda, acesso a mais e melhores empregos, a bens e serviços e melhorias na qualidade de vida com base num modelo ambientalmente sustentável”.

O senador Eunício Oliveira, presidente estadual do PMDB, elogiou as manifestações espontâneas, livres e sem líderes. “Deixam uma lição a todos, não só para os políticos e partidos, mas também para aqueles que têm obrigação de gerenciar recursos públicos e têm representação do mundo político e jurídico”. 

Na noite de segunda-feira, quando subiram no telhado no Congresso Nacional, Eunício afirma que olhou com admiração, lembrou os tempos de líder estudantil.

Juventude

O presidente estadual do PSol, Renato Roseno, afirma que o movimento expressa uma latente insatisfação com a política institucional. Para ele, está claro que os ativistas sociais querem construção de políticas públicas de forma horizontal, com a participação popular.

Roseno demonstra preocupação quanto ao crescimento da extrema direita, fascista, a exemplo do que ocorreu em países na Europa, como Grécia e Espanha. “Tem muita gente que está participando pela primeira vez do movimento de rua. Esse é um momento único. Temos que ter despojamento para dialogar com essa geração, para que continue fazendo política e operando mudanças na estrutura política do Brasil”.

Na opinião do presidente municipal do PDT, Papito Oliveira, o Governo Federal, as lideranças e partidos políticos têm de acordar e assumir para si a responsabilidade de ouvir o que está sendo dito nas ruas. “Os partidos se afastaram um pouco dessa responsabilidade de mobilização social, de estar mais perto da juventude e seus anseios, dos trabalhadores. Isso gera uma orfandade na juventude”.

O presidente municipal do DEM, Robinson de Castro, entende que o movimento ergue as bandeiras da ética e moralidade pública e da exigência de um serviço público de qualidade. Para ele, as pessoas estão céticas com relação aos partidos, que constroem alianças pensando num projeto de poder.O POVO