Pages

domingo, 8 de julho de 2012

GESTORES NÃO PRIORIZAM SANEAMENTO BÁSICO

Por .   Postado  domingo, julho 08, 2012   Sem Comentários



Entre 2000 e 2010, a população de Fortaleza cresceu 14,5%, e a quantidade de domicílios passou de 662 mil para 710 mil. Nesse período, a oferta regular de água saltou 13,3%. As ligações de esgoto aumentaram 76,9%, e o número de beneficiados com a rede subiu de 937 mil para 1,4 milhão. Os dados são do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A questão é que, ao longo dos anos, embora os serviços tenham sido ampliados por conta do crescimento populacional, a qualidade e o acesso a eles ainda deixam a desejar. Além disso, Fortaleza está entre as capitais brasileiras que ainda não elaboraram o Plano Municipal de Saneamento Básico (PMSB), mesmo após dois anos da regulamentação da Lei 11.445/2007.

A Lei do Saneamento Básico, como é conhecida, prevê que os serviços públicos ligados à área sejam prestados com base no princípio da universalização do acesso ao abastecimento de água e esgotamento sanitário, à limpeza urbana e ao manejo dos resíduos sólidos de forma adequada à saúde pública e à proteção do meio ambiente. Os municípios têm até 2014 para elaborar o projeto, sob pena de não receber recursos do Governo Federal para saneamento.

Na semana passada, a pedido da Prefeitura de Fortaleza, a Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece) lançou edital para contratação de uma consultoria que irá elaborar o PMSB. O pregão presencial para contratação de consultoria, na área de água e esgoto, foi realizado no último dia 28. Mas, as empresas não apresentaram a documentação necessária. Assim, uma nova data será marcada. Na Capital, os índices de cobertura de água e esgoto são 98,45% e 53,64%, 
Pesquisa
De acordo com pesquisa da analista de infraestrutura da Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental (SNSA) do Ministério das Cidades, Tatiana Santana Timóteo Pereira, apenas cinco capitais brasileiras (Belo Horizonte, Salvador, São Paulo, Rio de Janeiro e Boa Vista) já têm seus planos de saneamento.

Segundo o estudo da especialista em Gestão e Tecnologia do Saneamento pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), a capital mineira elaborou o documento em 2001, seis anos antes do surgimento da norma. Apenas Belo Horizonte e Boa Vista contam com planos nas quatro áreas do saneamento básico. As demais cidades, até agora, só pensaram ações para abastecimento e esgotamento. No Ceará, a cidade de Morada Nova tem o plano, com os quatro componentes.

Como analisa o presidente da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental (Abes) no Ceará, Francisco Vieira Paiva, a obrigatoriedade da elaboração do plano até 2014 denota que, de forma geral, os gestores públicos não priorizam ações ligadas ao saneamento básico e precisam ser pressionados a planejar. Para ele, o plano em si não resolverá os problemas dos municípios caso não haja iniciativas das prefeituras.

Francisco Vieira Paiva acredita que os atuais investimentos em saneamento, em Fortaleza, não são suficientes para acompanhar o crescimento populacional, principalmente, nas áreas de esgotamento sanitário e limpeza urbana e manejo dos resíduos sólidos.

Sobre o abastecimento de água na cidade, entende que os processos operacionais e de manutenção necessitam ser modernizados para acabar com a irregularidade dos serviços e, assim, a população não ser prejudicada. Mas, considera que a cidade tem uma boa oferta de água.

O diretor de saneamento da Autarquia de Regulação, Fiscalização e Controle dos Serviços Públicos de Saneamento Ambiental (ACFor), Alessandro Siebra, lembra que a água está praticamente universalizada na cidade, porém, reclama do abastecimento irregular.

Siebra acredita que, com o PMSB, previsto para ser finalizado no próximo ano, e as obras que estão em execução pela Cagece, o problema será minimizado ou resolvido em médio prazo. O Plano apontará ações para, nos próximos 20 anos, atingir a universalização dos serviços. O documento deve ficar pronto no próximo ano.

Segundo André Daher, gerente do Programa Municipal de Drenagem Urbana de Fortaleza (Drenurb), a Capital está coberta com quase 50% da rede de drenagem. Segundo ele, quando o programa foi criado, em 2010, o sistema existente abrangia apenas 30% da cidade.

A expectativa é de chegar a 70%, eliminando pontos de alagamento históricos da Capital, como também aumentar a vida útil da malha viária. Segundo Daher, a obra já atinge 42% de sua totalidade. A ideia é que todas as etapas estejam concluídas até o fim de 2014.

Falta d´água muda rotina das pessoas
Tarefas comuns, como tomar banho e lavar roupa, deixam de ser atividades simples para moradores de muitos bairros da Capital 
Torneiras e chuveiros que passam a maior parte do dia servindo de enfeite, sem água. Esse é um problema constante que modifica e deixa a rotina de vários bairros de Fortaleza, no mínimo, descompassada. Com o abastecimento irregular, os moradores têm dificuldades para realizar as suas atividades diárias.

Para essas pessoas, tomar banho, lavar a louça e limpar a casa não são ações tão simples de ser executadas, como explica a dona de casa Cristina da Rocha Farias, 29, moradora da Rua Coronel Fabriciano, no bairro Granja Portugal, às margens do Rio Maranguapinho.

"Não tem um dia que não falte água. Quando chega, a gente tem que encher um monte de balde, mas não é suficiente", reclama, enquanto lava roupa ao meio-dia, com o sol a pino. "Estou lavando roupa na hora do almoço porque a água só chegou agora", completa Cristina.

Bairros como Messejana, Curió, Lagoa Redonda, Cambeba, Alagadiço Novo, Guajeru, Cajazeiras, Pedras, Paupina, Barroso, Ancuri, Coaçu, Parque Iracema e Jangurussu também são afetados pelo problema. A Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece) informa que várias obras estão em andamento, em Fortaleza, para melhorar a qualidade dos serviços.

Em Messejana, a Companhia afirma que está realizando uma obra para construção de uma linha de reforço do abastecimento no local e nos bairros mencionados anteriormente.

A obra tem capacidade para beneficiar 470 mil habitantes (previsão de crescimento demográfico da área até 2015), com o assentamento de 12.880 metros de subadutora.

O órgão também destaca as intervenções de esgotamento em alguns conjuntos ligados às obras do Projeto Rio Maranguapinho, ação dos governos do Estado e Federal cujo objetivo é melhorar as condições de vida das famílias, que atualmente residem na faixa de alagamento, em situação de alto risco. A expectativa é de que 14.920 pessoas sejam beneficiadas. Os recursos são do Tesouro do Estado e da própria Cagece.DN

Sobre o autor

Adicione aqui uma descrição do dono do blog ou do postador do blog ok

0 comentários:

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...
.
Voltar ao topo ↑
RECEBA NOSSAS ATUALIZAÇÕES

© 2013 IpuemFoco - Rádialista Rogério Palhano - Desenvolvido Por - LuizHeenriquee