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sexta-feira, 1 de outubro de 2021

COVID-19; LIBERDADE PARA MATAR

Por ipuemfoco   Postado  sexta-feira, outubro 01, 2021   Sem Comentários

 


Prevent Senior começa a sofrer as primeiras condenações judiciais por ter promovido o kit-Covid de forma criminosa a mando do governo, obrigando médicos a receitar hidroxicloroquina sem qualquer critério ético e enganado pacientes da rede, ameaçando suas vidas. Ao mesmo tempo, a empresa conseguiu aumentar seus lucros em 2020, que atingiram R$ 496 milhões.


Todas as evidências indicam que a Prevent Senior é palco de uma experiência macabra e antiética, digna de um laboratório de horrores. Diante do depoimento da advogada Bruna Morato, representando 15 médicos coagidos pela operadora de planos de saúde, que falou à CPI da Covid, no Senado, na terça-feira, 28, ficou evidente que se trata de uma das maiores barbaridades da história da medicina brasileira, com pacientes sendo usados como cobaias para testar o kit-Covid e largados ao deus-dará para morrer em casa e aliviar os leitos de UTI dos hospitais da rede. 


Sustentada em provas robustas, incluídas em um dossiê de dez mil páginas entregue à CPI, Bruna desvendou os bastidores de um esquema ardiloso que expôs uma grande experiência negacionista com hidroxicloroquina e outros medicamentos ineficazes durante a pandemia. Sem autorização da Comissão Nacional de Ética e Pesquisa (Conep), que regulariza os estudos clínicos no País, esses testes são comparáveis aos que os nazistas faziam com suas vítimas. 


A gravidade dos fatos vem impulsionando uma avalanche de processos judiciais contra a Prevent, além de inquéritos criminais e administrativos. Já na quarta-feira, o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) condenou, liminarmente, a empresa a pagar R$ 1,92 milhão de indenização para a família do paciente Carlos Alberto Reis, que tomou o kit-Covid e, sem direito a um lugar na UTI, precisou ser transferido para o Hospital Albert Einstein.

INDIGNAÇÃO Manifestantes protestam contra os abusos da Prevent Senior diante da sede da operadora: logomarca manchada de vermelho (Crédito:GUILHERME GANDOLFI)


O que se confirmou no depoimento de Bruna Morato e aumentou o fôlego da CPI foi a presença firme do governo no esquema, através do gabinete paralelo da saúde, que instrumentalizou a Prevent e institucionalizou o charlatanismo e o curandeirismo como práticas correntes, com o aval do Conselho Federal de Medicina (CFM). 


Desde abril de 2020, quando registrou recorde de mortes pelo coronavírus e via sua imagem ameaçada — o primeiro óbito pela doença foi num hospital da rede — ela passou a adotar o kit Covid irrestritamente, seguindo, de acordo com a advogada, orientações da médica Nise Yamaguchi e do falecido pediatra Anthony Wong, expoentes do gabinete paralelo. A armação foi impulsionada pelo presidente, que temia os lockdowns e as medidas restritivas associadas à pandemia. O Ministério da Economia também estava na linha de frente. 


E o CFM, no dia 22, flexibilizou o uso da hidroxicloroquina. A preocupação era o aprofundamento da crise econômica e o governo queria um remédio mágico para que “as pessoas pudessem ir às ruas sem medo”.“A esperança que davam para os pacientes era a hidroxicloroquina”, diz Bruna. “A Prevent fez um pacto com o gabinete paralelo para promover a droga.”

“O Conselho Federal de Medicina deveria investigar a Prevent mas não fez nada”
Humberto Costa, senador PT-SP

E para isso, os médicos da rede passaram a ser obrigados a receitar o kit-Covid, mesmo em desacordo com o tratamento.

A lista de irregularidades é imensa. Pacientes assinavam um termo de consentimento genérico para tomar os remédios do kit sem saber que estavam sendo testados. 


Às vezes esse termo só aparecia depois que a droga já era ministrada. Alguns médicos chegavam ao ponto de entregar o kit e recomendar que os pacientes não usassem os remédios. Além disso, informações sobre o motivo da internação, quando relacionadas à Covid, eram retiradas sumariamente do prontuário depois de algum tempo. 


O objetivo, segundo a advogada, era adulterar atestados de óbitos e subnotificar as mortes pelo coronavírus. Em pelo menos dois casos isso foi comprovado: na morte de Anthony Wong e na de Regina Hang, mãe do empresário Luciano Hang. Ambos estiveram internados no hospital Sancta Maggiore com Covid, mas em seus atestados não há qualquer referência à doença. Luciano Hang, em depoimento à CPI, confirmou que a mãe teve coronavírus e que o fato não consta no documento de óbito. Segundo ele, porém, tratou-se de um erro do plantonista.


Os 15 médicos que acusam a Prevent, cujos nomes não estão sendo divulgados — seis deles ainda trabalham na empresa —, questionam a falta de autonomia e a obrigatoriedade de usar a hidroxicloroquina. Médicos e enfermeiros trabalharam infectados e a Prevent usava o kit covid para reduzir os custos de internação. 


“Inúmeros profissionais foram coagidos, alguns foram demitidos e outros tiveram reduções de plantões por rejeitar os protocolos que haviam sido recomendados pela direção executiva”, disse Bruna. Outro problema citado pela advogada é que circula na empresa uma máxima aterrorizante: “Óbito também é alta”, numa referência ao fato de que quando uma pessoa morre, um leito fica livre. “O óbito da Prevent é lançado como alta. O próprio sistema naturalizou essa prática”, disse a advogada à ISTOÉ. 


Bruna contou que vem sofrendo ameaças, assim como os médicos que participaram da produção do dossiê. Recentemente, ela teve seu escritório em São Paulo invadido e dois computadores roubados.


No começo de abril de abril de 2020, quando a Prevent acumulava 58% do total de óbitos pela Covid no País, o então ministro Luiz Henrique Mandetta sugeriu uma intervenção na operadora. Logo depois ele perdeu o cargo. E uma semana mais tarde, o CFM publicou seu parecer pró-cloroquina. Questionado sobre a coincidência dos fatos, Mandetta disse que essa é uma questão que precisa ser respondida pelo próprio conselho. Procurado, o presidente do órgão, Mauro Ribeiro, não quis dar entrevista. 


“O Conselho Federal de Medicina deveria investigar a Prevent Senior e não o fez. Em vez de proteger os médicos, fez a defesa da empresa”, diz o senador Humberto Costa (PT-PE). “Silenciou em relação a protocolos sobre tratamentos ineficazes, que, aliás, endossou em muitos aspectos. Foi um ato criminoso e o CFM precisa explicar sua posição ao Brasil e às autoridades.” 


A Associação Brasileira de Médicas e Médicos pela Democracia (ABMMD) divulgou uma nota criticando o CFM por sua “omissão” na crise. Também solicitou ao Ministério Público Federal e ao Tribunal de Contas da União que “adotem as medidas que se fizerem necessárias para que o CFM cumpra suas responsabilidades institucionais”. “Por sua omissão, o CFM tornou-se cúmplice do governo nas políticas de enfrentamento à Covid-19”, disse.

PACTO A médica Nise Yamaguchi fazia a ponte entre o gabinete paralelo e a empresa de saúde (Crédito:Divulgação)

Possíveis homicídios

Em março deste ano, o Ministério Público de São Paulo (MPSP) abriu um inquérito para investigar a Prevent Senior diante das primeiras denúncias de que a operadora estaria distribuindo o kit-Covid para os pacientes assintomáticos e antes de qualquer consulta médica. Com os fatos novos revelados agora no dossiê, o MP-SP ampliou a força-tarefa que cuida do caso, comandada pelo procurador-geral de Justiça, Mario Sarrubbo. 


Oito promotores dedicam-se a investigar se a conduta dos médicos da operadora configura falsidade ideológica, por causa da alteração dos prontuários, se houve falta de notificação devida às autoridades de saúde e, até mesmo, se os procedimentos equivocados levaram pacientes à morte e podem ser caracterizados como homicídios. 


“A investigação sobre as circunstâncias em que houve aplicação de medicamentos sem eficácia comprovada aos pacientes contaminados com o coronavírus será criteriosa”, diz o promotor Fernando Pereira, membro da força-tarefa. “Queremos saber se de fato houve falta de comunicação de casos de Covid-19 às autoridades sanitárias e alteração de prontuários médicos. A força-tarefa, na esfera criminal, investiga condutas individuais, não a empresa em si.”


A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) também fechou o cerco contra a Prevent Senior e abriu mais dois processos para investigar a empresa. A agência informou que foram constatados elementos que mostram que a operadora deixou de comunicar seus beneficiários sobre os procedimentos adotados e que há indícios de cerceamento ao exercício da atividade médica. 


A Prevent é uma das operadoras de grande porte com mais reclamações na agência. Números de julho revelam que a operadora ganhou quatro posições no ranking de reclamações e saltou do 47º para o 7º lugar em número de processos abertos. 


Em nota oficial, o Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp) também informou que está investigando as denúncias envolvendo a Prevent Senior em questões como pesquisa sobre teste de eficácia de medicamentos sem comprovação científica para tratamento de Covid-19, suspeita de fraude em atestados de óbito na pandemia e envio compulsório de kit de medicamentos.

IDEOLOGIA Donos da Prevent Senior, Eduardo e Fernando Parrillo integram a banda de rock Doutor Phoebes: flerte com o nazismo (Crédito:Silmara Cuiffa)

Muitos clientes e ex-clientes da Prevent estão inconformados com a situação e pensam em tomar alguma atitude judicial ou simplesmente mudar de plano. A relações públicas Vanessa Rodrigues, 46 anos, está até agora indignada com a morte do pai, Arnaldo Rodrigues Filho, e estuda processar a Prevent. Ela conta que Arnaldo, morto em 9 de abril de 2020, aos 74 anos, foi uma das primeiras vítimas da doença. Na época as informações eram insuficientes e a médica receitou xaropes. Depois de piorar, ele voltou ao hospital. 


“Já deram cloroquina para o meu pai e disseram que o pulmão estava comprometido. Ele tinha diabetes e pressão alta. Eles medicaram o meu pai e só dois dias depois me mandaram assinar um termo”, contou. Depois de uma piora em 29 de março, ele ficou entubado por 10 dias. “A gente estuda processar a Prevent. Assisto TV e vejo que a cloroquina não funciona. E a CPI no Senado me obriga a reviver tudo. Meu pai foi assassinado. É como se um bandido chegasse lá e desse um tiro”, disse.


A aposentada Rose Guirro, 65 anos, decidiu deixar o plano depois de ser surpreendida com uma sugestão em uma teleconsulta pela qual passou em dezembro de 2020. Ela buscava uma receita de medicamento para sinusite crônica, mal que a aflige desde a adolescência. No entanto, o diagnóstico imediato foi coronavírus. Ela afirma que não apresentava nenhum sintoma da doença e que insistiu que sofria de sinusite, mas a médica tentou a qualquer custo “empurrar o kit-Covid”. 


Ela não estava infectada e se recusou a aceitar. “Ainda assim continuei um tempo com o plano de saúde. Estava no auge da pandemia e tinha medo de não conseguir outra assistência particular. Eu fiquei apavorada. Até que em maio eu consegui mudar de plano”.


Em nota, a Prevent Senior negou “as acusações mentirosas levadas anonimamente à CPI da Covid e à imprensa”. “O mesmo teor dessas imputações havia sido trazido à empresa, antes da CPI, pela advogada Bruna Mendes dos Santos Morato, que tentou fechar um acordo para não levar o caso à comissão. O depoimento da advogada à CPI hoje confirma que se tratam de acusações infundadas, que têm como base mensagens truncadas ou editadas e vazadas à imprensa e serão desmontadas ao longo das investigações”, disse a operadora. 


A Prevent também declarou “estranhar o fato de a advogada manter no anonimato os supostos médicos autores da acusação” e afirmou “não ter tido acesso aos autos da CPI para fazer sua ampla defesa”. A operadora declara ter aplicado cerca de 500 mil testes em que constatou o contágio de 56 mil pacientes, dos quais 7% morreram. “Todos os casos foram rigorosamente notificados”, disse. 


A Prevent Senior afirma que sempre respeitou a autonomia dos médicos, nunca demitindo profissionais por causa de suas convicções técnicas ou posições ideológicas.” Em relação ao dossiê que baseia as acusações, o diretor executivo da empresa, Pedro Batista Júnior, disse que “é fruto de dados roubados e manipulados”. Pelo Twitter, a médica Nise Yamaguchi afirmou que a narrativa de um suposto gabinete paralelo nunca aconteceu. Segundo ela, “cientistas foram convidados à luz do dia para darem contribuições e opiniões técnicas com relação ao tema”. Disse também estar indignada “com o meu assassinato de reputação”.

REVOLTA A relações públicas Vanessa Rodrigues perdeu o pai para a Covid e pensa em processar a operadora: kit compulsório (Crédito: GABRIEL REIS)

A Prevent Senior foi criada em 1997 pelos irmãos Eduardo e Fernando Parrillo, que começaram seus negócios com uma ambulância e montaram um império da saúde, baseado em um modelo verticalizado em que o plano é dono dos próprios hospitais e criado para ser uma opção viável para pessoas idosas. 


Eduardo é médico e Fernando, administrador de empresas. O projeto deu resultados espetaculares e o faturamento da empresa, que era R$ 449 milhões em 2011, saltou para R$ 4,3 bilhões em 2020. O lucro também cresceu de R$ 33 milhões para R$ 496 milhões no mesmo período. Segundo dados da ANS, a Prevent Senior tem hoje 76% de sua carteira composta por idosos. Enquanto a crise econômica acarretou uma queda de clientes na maioria dos planos de saúde, a Prevent tem apresentado um crescimento. Tinha 441 mil associados em 2019 e alcançou, em julho deste ano, 540 mil clientes.


Descobre-se agora que além de empresários bem sucedidos eles têm algumas excentricidades e vontades despóticas. Por meio da CPI soube-se que o lema da empresa é “Lealdade e obediência”, mesma consígnia usada pela SS, a polícia secreta nazista. Além disso, Eduardo Parrilo criou a figura dos guardiões, que controlam os plantonistas e fazem valer as determinações que vem de cima. 


É uma espécie de guarda pretoriana que impõe os objetivos da diretoria médica da rede. Para completar, a Prevent tem um hino com teor bélico que os médicos são obrigados a cantar com a mão no peito para demonstrar seu engajamento. Eduardo e Fernando são também roqueiros e têm uma banda, a Doctor Phoebes, que se apresenta em grandes festivais em troca de patrocínio. Ali também eles exercitam seus pendores bélicos e autoritários e cantam músicas nazistas. Pelo jeito, a cultura da empresa reflete o pensamento dos donos.

Medicina de terror
Quando testes clínicos são realizados sem critérios éticos

Divulgação

Usar pacientes como cobaias de remédios e adotar procedimentos fraudulentos para confirmar ideias negacionistas faz parte da estratégia de dominação de sistemas totalitários. 


Tratam-se de práticas cruéis e desumanas, associadas inevitavelmente ao carrasco nazista Josep Mengele, médico chefe do campo de concentração de Auschwitz. Mengele, que morreu no Brasil em 1979, fazia testes sem qualquer controle usando vítimas indefesas do nazismo. Esses crimes do passado ainda ecoam e deveriam servir de exemplo para que essas situações não mais se repetissem.

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