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quinta-feira, 18 de agosto de 2016

O DIREITO À VAIA E AS REAÇÕES HISTÉRICAS

Por ipuemfoco   Postado  quinta-feira, agosto 18, 2016   Sem Comentários

Defendo o direito integral que tem o brasileiro à vaia durante uma competição esportiva, seja ela qual for. 
Especialmente quando se está pagando caro para ter acesso às arenas e estádios, como acontece agora no ambiente da disputa dos Jogos Olímpicos de 2016. Há, nos discursos críticos à postura do público, uma evocação permanente a uma educação que deveria inibir a atitude coletiva, considerada agressiva.

Trata-se de mais um debate de viés atravessado cuja origem evidente é o fato de a competição estar acontecendo num país, e cidade, localizado à margem de um fechado circuito geopolítico que se considera “dono” das condições naturais para abrigar eventos de tal porte, tamanho e importância. E que, em geral, reage com grande incômodo à ideia de abrir espaço para acolher novos “sócios”.

Há um esforço, voluntário muitas vezes, involuntário em outras, de manter um noticiário com uma agenda negativa permanente que não deixe dúvidas quanto ao erro da escolha feita. Para isso, vale misturar o que é problema real e até vergonhoso, vide os assaltos, furtos e os constrangimentos iniciais com as obras mal acabadas da Vila Olímpica, com o que expõe meros factoides, lista longa de fatos na qual coloco em destaque o debate sobre o comportamento dos torcedores e a forma como manifestam-se, especialmente quando o fazem através de vaias.

O Rio de Janeiro se expôs com suas mazelas ao reivindicar, e conseguir, o direito de sediar a Olimpíada neste 2016. Portanto, há algo de natural e esperado nos ataques feitos à cidade, do caos na segurança ao trânsito confuso, passando pelo comportamento das pessoas que acompanham as disputas. E pagaram caro por isso, volto a lembrar.

O estranho é que se repudia o comportamento dos “brasileiros” quando manifestam simpatias e antipatias no calor de uma disputa, ao mesmo tempo em que se dá caráter natural às estrondosas vaias com as quais estes mesmos “brasileiros” saúdam seus Chefes de Estado, como sinais efusivos e claros de reprovação. 

Prefiro colocar as duas situações na mesma perspectiva, como expressões democráticas de sentimentos diferentes apenas na motivação, emotiva ou racional de acordo com cada circunstância.

Cobra-se civilidade de um torcedor que, nos últimos anos, ofereceu várias demonstrações cabais e exemplares ao mundo. Foi o que fez naquele fatídico 8 de julho de 2014 em que um estádio de futebol de Minas Gerais, predominantemente tomado por brasileiros, assistiu a seleção nacional ser humilhada pelos adversários alemães. 

Uma derrota de 7x1, fora o baile, respeitosamente aceita por um público que não hostilizou os vencedores, não agrediu os vencidos e soube absorver aquele episódio dramático no limite de uma tragédia esportiva.

Tudo, em meio à disputa de uma Copa do Mundo, cuja dimensão assemelha-se muito à de uma Olimpíada. Neste caso, sim, uma grande provação e uma excepcional demonstração de civilidade que até hoje nunca mereceu qualquer reconhecimento nacional ou internacional, principalmente da imprensa que hoje vive a nos malhar por uma alegada falta de educação e desportividade.

O que há agora, portanto, é uma histeria absolutamente despropositada.

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