Pages

sábado, 27 de julho de 2013

TRAGÉDIA DA BOATE KISS; APÓS SEIS MESES VÍTIMAS ESPERAM INDENIZAÇÕES

Por ipuemfoco   Postado  sábado, julho 27, 2013   Sem Comentários

 
Homem é carregado após tragédia da boate Kiss
Foto: AP
Seis meses depois da tragédia da boate Kiss, que matou 242 pessoas na madrugada de 27 de janeiro, em Santa Maria (RS), os parentes das vítimas ainda esperam pelo pagamento de indenizações destinadas a cobrir despesas de funeral e gastos médicos prometidas tanto pela prefeitura da cidade quanto pelo governo do Rio Grande do Sul e pela União.

Segundo o advogado Carlos Stoever, da Associação de Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria, nenhuma família conseguiu ser ressarcida pelas despesas que teve, apesar de a Justiça ter bloqueado cerca de R$ 3 milhões em bens de quatro réus. A tragédia completa seis meses neste sábado.

De acordo com a entidade, apenas um grupo de 20 famílias enquadradas no conceito de vulnerabilidade, com renda de até dois salários mínimos, recebeu auxílio-funeral de R$ 288. E os caixões de algumas vítimas foram comprados pela prefeitura, até um limite de valor determinado, junto às três funerárias da cidade.

Despesas com internação e translado de corpos e vítimas não foram ressarcidas, segundo a associação. Na época do incêndio, o prefeito Cezar Schirmer (PMDB) havia prometido pagar todos os valores gastos pelas famílias com a tragédia, independentemente de a prefeitura ser responsabilizada ou não pelo incêndio.

O vice-presidente da associação de familiares, Léo Becker, disse que a prefeitura se negou a pagar os custos das famílias com o enterro ou tratamento de seus parentes:

— Até pensamos em fazer ações individuais pedindo ressarcimento, mas nossos advogados não recomendaram porque há um pedido coletivo de indenização por dano moral tramitando na Justiça. Lamentamos a postura da prefeitura, porque havia sido feito um acordo, que não foi cumprido. Nem é pelo valor, mas pelo que representa em termos de responsabilidade e respeito às vítimas.

Defensoria entrou com ação coletiva

O acordo previa, segundo Becker, o pagamento de despesas relativas a sepultamento de todas as vítimas, até um teto de R$ 2,5 mil. Também previa tratamento psicológico para os familiares por um período de até dois anos após a tragédia. O atendimento está sendo realizado no Centro de Acolhimento criado pela prefeitura, que contratou 42 funcionários em caráter emergencial.

A Defensoria Pública do Estado ingressou, ainda em janeiro, com uma ação coletiva por danos morais decorrentes da tragédia, mas não há previsão de julgamento do mérito. O bloqueio dos bens dos réus foi determinado pela Justiça, como forma de garantir o pagamento de indenizações.

Na semana passada, o Tribunal de Justiça concedeu uma liminar determinando que os réus no processo da Kiss arquem com as indenizações referentes à tragédia — o que, na prática, poderia determinar a execução dos bens bloqueados para pagar os ressarcimentos. Mas a decisão excluiu despesas com funerais e tratamentos, por considerar que elas fazem parte da ação coletiva que está tramitando.

O prefeito Cezar Schirmer se defendeu dizendo que muitos pais de vítimas do incêndio pagaram os funerais e obtiveram nota fiscal em nome de pessoas físicas, que não podem ser ressarcidas pela prefeitura. Ele também negou que houvesse prometido ressarcir os gastos das famílias com suas vítimas.

— É ilegal. Não posso pagar uma nota fiscal para um contribuinte comum. A troco de quê? — perguntou ele.

Segundo Schirmer, as famílias carentes receberam ajuda da prefeitura, mas o governo federal não repassou verbas ao município:

— Não recebemos nada de recursos federais, e eu não vou pagar enterro para rico, é claro que não. Não havia nenhum compromisso.

Ele atribuiu as informações sobre falta de pagamentos de despesas com funerais a “denúncias falsas motivadas por jogo político”.

Prefeitura: governo federal não ajudou

A secretária de Finanças de Santa Maria, Ana Beatriz Barros, disse que a prefeitura não recebeu “nenhum tostão” de ajuda do governo federal para ressarcir as despesas com tratamento das vítimas. Segundo ela, vários enterros e velórios foram pagos pela prefeitura — até mesmo para famílias que não se enquadravam no critério de vulnerabilidade econômica. A secretária, entretanto, não soube informar quanto o município gastou.

A prefeitura de Santa Maria também pediu ao Ministério da Integração um ressarcimento de R$ 1,6 milhão gastos com a estruturação do Centro de Acolhimento, para tratar os sobreviventes e familiares das vítimas. 

A prefeitura também pedia a compra de um prédio na cidade para instalar o centro. Ontem, o ministério negou a ajuda alegando que um projeto de “reconstrução de pessoas” não era atribuição da pasta. O ministério diz que se preocupa em reconstruir a infraestrutura das cidades.

Para marcar os seis meses da tragédia, os familiares das vítimas realizam hoje à tarde uma caminhada da Praça Saldanha Marinho até a catedral de Santa Maria, onde será realizado um culto ecumênico, marcado para as 19h.

O movimento Do Luto à Luta, por sua vez, fará uma ação no loteamento Cipriano Rocha, às 13h, em conjunto com o Bloco de Lutas. Os manifestantes farão uma caminhada pelas ruas do local e planejam bloquear a BR-287.

O processo criminal do incêndio da boate Kiss, que está sendo conduzido pela 1ª Vara Criminal da Justiça de Santa Maria, retomará os depoimentos de vítimas apenas em setembro. Até agora, foram ouvidas 48 pessoas no processo, que tem oito réus. Apenas depois de ouvidas as vítimas é que o juiz Ulysses Louzada deve tomar os depoimentos das testemunhas, limitadas a 16 para cada réu.

Estão respondendo ao processo criminal os dois sócios da boate, Elissandro Spohr e Mauro Hoffmann, o vocalista da banda Gurizada Fandangueira, Marcelo de Jesus dos Santos, e o produtor do grupo musical, Luciano Bonilha Leão. Todos são acusados de homicídio doloso qualificado.

Também são réus o ex-sócio da Kiss Elton Cristiano Uroda e o contador Volmir Astor Panzer, por falso testemunho. Ainda respondem a processo criminal os bombeiros Gerson da Rosa Pereira e Renan Severo Berleze, por fraude processual.O GLOBO

Sobre o autor

Adicione aqui uma descrição do dono do blog ou do postador do blog ok

0 comentários:

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...
.
Voltar ao topo ↑
RECEBA NOSSAS ATUALIZAÇÕES

© 2013 IpuemFoco - Rádialista Rogério Palhano - Desenvolvido Por - LuizHeenriquee