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domingo, 14 de novembro de 2021

ENTREVISTA; " NÃO QUEREMOS NOS APROXIMAR DE BOLSONARO"

Por ipuemfoco   Postado  domingo, novembro 14, 2021   Sem Comentários


Um dos principais articuladores da criação do União Brasil, que resultará da fusão do DEM com o PSL, o presidente nacional do DEM, ACM Neto, aposta todas as suas fichas na


força que a nova agremiação terá nas eleições do ano que vem e, por isso, desde já articula uma candidatura própria a presidente da República que possa quebrar a polarização entre Lula e Bolsonaro. Afinal, o novo partido terá a bancada mais numerosa na Câmara — cerca de 82 parlamentares, caso ninguém decida se desfiliar. 


Para Neto, como é conhecido o futuro secretário-geral da nova sigla, a ideia é que essa estrutura sirva de base também para o lançamento de pelo menos 12 candidatos a governador em todas as regiões do Brasil para tornar-se fiel da balança no futuro governo a ser eleito em 2022. Em entrevista à ISTOÉ, o ex-prefeito de Salvador diz que não fará esforços para impedir que apoiadores de Bolsonaro deixem a legenda. 


“O União Brasil não nasce com nenhum desejo de aproximação com o governo Bolsonaro.” Embora defenda que o União Brasil seja cabeça de chapa no ano que vem, ACM Neto não fecha as portas para eventuais mudanças de planos e não descarta alianças com outros candidatos de centro. “A prioridade é ter candidato próprio, mas não vamos deixar de dialogar com outros partidos”assegura.


Quando a fusão do DEM e do PSL vai ser formalizada?
Antes da formalização no TSE, precisamos fazer o registro no cartório de Brasília. Já solicitamos o registro. O pedido deve ser deferido nos próximos dias. Em seguida, poderemos entrar com o processo no TSE. Estamos só aguardando o comunicado do cartório para poder dar entrada. A documentação toda já foi apresentada. Não podemos dar entrada no TSE antes do registro em cartório.


Como será o alinhamento do União Brasil em relação ao governo Bolsonaro?
O DEM e o PSL vinham atuando de maneira muito parecida, que certamente será o posicionamento que o União Brasil irá adotar. Não somos oposição por ser oposição ao governo Bolsonaro. As matérias com as quais concordarmos e que sejam importantes para o País, nós vamos aprovar. As matérias que são ruins, os posicionamentos com os quais divergirmos, vamos criticar e votar contra. Nascemos totalmente independentes em relação ao governo. O partido não nasce com nenhum desejo de aproximação com o governo Bolsonaro. O União Brasil nasce olhando para 2022 com propósito de ter um projeto de candidatura própria à Presidência da República.


Quais os nomes estão sendo cotados?
Para que uma alternativa à polarização entre Lula e Bolsonaro seja viável, será fundamental evitar uma grande pulverização de candidaturas no campo do centro, seja da centro-direita, seja da centro-esquerda. O ideal é que a gente possa ter uma aglutinação em torno de, se não de um, no máximo de dois nomes, no nosso espectro do centro. A pulverização só contribui para a polarização. A gente tem que tentar caminhar na contramão da pulverização, tem que buscar uma agregação. Sendo essa uma premissa, isso nos faz afirmar que a prioridade do União Brasil é ter candidato próprio. Mas não vamos deixar de dialogar com outros partidos. Não vamos deixar de avaliar outros nomes que se posicionem nesse campo, dos que tenham convergências conosco. Hoje, nós temos o nome de Luiz Henrique Mandetta. É um nome que está posto. Pode ser que novidades surjam ainda nesse campo, quem sabe de novos nomes que possam se agregar ao partido. Não posso antecipar nenhum detalhe, ou fazer fulanização em torno disso. Mas o fato é que, pela estrutura que o partido terá, pela capilaridade no Brasil, pela força de palanques regionais, pelo tamanho congressual e pelo suporte em termos de tempo de televisão, o partido pode organizar uma candidatura própria à Presidência. Dentro disso, se formos ver os partidos que estão alinhados neste campo do centro, talvez sejamos os que têm melhores condições de apresentar uma candidatura própria. Só que isso não significa fecharmos o diálogo com outras pré-candidaturas e com outros partidos. Porque o propósito maior tem que ser o de agregar e não pulverizar.


De quais nomes o senhor está se referindo?
Eu, particularmente, tenho uma relação muito boa com o Ciro Gomes. E, politicamente, tenho diálogo já há algum tempo com o PDT. Neste momento, não irei trabalhar nem com imposições e nem com vetos. Se estamos sugerindo a hipótese de uma agregação no campo que vá da centro-direita, onde nos posicionamos, até a centro-esquerda, não há sentido nenhum vetarmos o nome de quem quer que seja. Nem o de Ciro, nem o de nenhum outro pré-candidato. Agora, reafirmando sempre que a nossa prioridade será a de tentar apresentar um projeto próprio de candidato à Presidência.


Qual foi o peso da saída de Rodrigo Pacheco do União Brasil para ingressar no PSD?
Com todo o respeito que tenho ao presidente do Senado, e mantendo com ele uma excelente relação pessoal, o que não foi afetado pela decisão de saída dele, não há abalo algum. Porque nós criamos um fato político tão maior, tão mais relevante do que a saída de qualquer pessoa individualmente, que foi a criação de um partido com um peso muito maior.


Ele sinalizou para uma eventual aliança no futuro?
Não me sinto à vontade de expor publicamente a conversa que tive com ele, em particular. Acho que quem tem ou não de expor o conteúdo dessa conversa é, neste caso, o próprio Pacheco. Se a gente quer construir, se a gente acredita que o União Brasil tem a força e capacidade de apresentar um nome, eu desejo que o PSD venha a se unir a esse projeto nosso. Se o projeto do PSD não for o de apoiar Lula, então a gente quer que o PSD venha se unir a nós no futuro.


O PSL ainda possui vários filiados que são bolsonaristas radicais. Como o partido vai lidar com esses correligionários? Serão expulsos?
Não há nem diálogo dessas pessoas que eram do PSL, originalmente, com a nova direção do União Brasil. Não tenho disposição de sair colocando ninguém para fora, mas também não vamos fazer qualquer esforço para manter no partido quem não se identifique conosco, quem não tenha afinidade com nosso projeto e o nosso objetivo. A tendência é que a maioria dos quadros muito ligados ao presidente o acompanhe ao partido que ele vai se filiar nos próximos dias. É algo absolutamente natural. E nós não vamos fazer qualquer tipo de contestação quanto a isso. Não estaremos presos à fotografia do que aconteceu em 2018. Seja com o PSL ou com o DEM. Nós já estamos planejando o que vai acontecer em 2022. Esse é o nosso objetivo. A configuração do partido só será conhecida em março do próximo ano, quando a janela de transferências de parlamentares se abrir para a mudança de siglas. Até lá, haverá uma fase de transição e de preparação para o novo partido que estamos criando.


O senhor tem ideia do tamanho da debandada que o União Brasil pode sofrer?
Não estamos preocupados com isso. A nossa preocupação, volto a insistir, é com o desenho que vamos ter em março. Os prazos são muitos próximos, porque a fusão deve se consolidar entre janeiro e fevereiro e a janela das transferências será em março.


Como a fusão tem influenciado na construção dos palanques regionais?
Nossa estimativa é que devemos ter entre 10 e 12 candidatos a governador em todo o Brasil. Não vamos lançar candidatos só por lançar. Nós só vamos lançar candidaturas onde formos competitivos, onde a gente reúna chances reais para vencer. Onde houver conflito, a prioridade é tentar promover uma conciliação. Se isso não for possível, vamos ter que arbitrar as divergências, para um lado ou para o outro. Sempre à luz do que pode significar a maior força para o partido. Não temos uma visão apenas de curto prazo. A gente tem que ter uma visão de médio e longo prazo. Em alguns lugares, vamos fazer apostas, vamos tentar lançar quadros que sejam promissores, que tenham perspectiva de futuro.


Quais estados serão prioritários?
Não vamos antecipar isso agora. Estamos ainda numa fase de conversar sobre a situação nos estados. Começamos nessa semana um processo para tratar caso a caso. Alguns vão ser resolvidos mais rápido, outros vão exigir mais reflexão e diálogo.


O senhor será candidato a governador da Bahia com o desejo de fazer oposição ferrenha ao governo do PT?
Na Bahia, nós somos oposição. Eu não sei se o adjetivo “ferrenha” se adequa, porque eu não sou de ficar só atirando pedra. Eu tenho honestidade intelectual de reconhecer eventuais aspectos positivos, mas tenho a coragem de apontar os problemas que o estado vive e os caminhos que pretendemos seguir no futuro. É claro que aqui na Bahia os dois principais polos políticos são o PT e agora o União Brasil. E também não há dúvida de que o surgimento do partido permite que o início de minha caminhada em direção ao governo da Bahia seja mais robusta, mais fortalecida. Não há dúvida de que o partido reforça o meu projeto na Bahia, cria uma força de atração. A gente sabe que a eleição do próximo ano tende a ser basicamente um confronto de dois projetos. Um projeto que olha do presente para o passado, e o outro que quer olhar do presente para o futuro, que é o meu caso.


Isso acontecerá também em São Paulo?
Estamos conversando. Não quero dar detalhes também. Começamos a tratar agora a respeito do nosso projeto para São Paulo. O caminho ainda não está definido. Já conversamos com três grandes correntes políticas do estado. E a nossa expectativa é que, ao longo do mês de novembro, possamos aprofundar essas conversas, amadurecendo o caminho que deveremos anunciar até dezembro.


Caso o candidato do União Brasil não vá para o segundo turno, quem o partido apoiaria?
Hoje, tenho uma série de atribuições, de responsabilidades e de focos de atenção. Eu não me permito, neste momento, refletir sobre um quadro, ou pensar que caminho adotar, caso esse quadro de polarização se mantenha até o fim do processo eleitoral. É algo que não passa na minha cabeça. Eu só vou tratar disso quando esse quadro estiver consolidado. E um posicionamento a respeito só vou dar no futuro. Agora, não há hipótese de antecipar isso.

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