Ela chegou e se mostra tão avassaladora e fatal como se vê em países da Europa e nos EUA.
O Brasil poderia ter aprendido a lição com essas nações, mas acabou cometendo os mesmos erros de uma excessiva flexibilização da quarentena e de tolerar comportamentos de risco.
Entre a cruz e a espada
Era inevitável que a flexibilização da quarentena, sobretudo a abertura das praias, dos parques, bares, cinemas, do futebol e das academias conduzisse o País a esse desastre.
Mas como não flexibilizar e como não se abrir para a vida se a população, justificadamente, não aguentava mais ficar trancada?
“Todo mundo estava com a paciência esgotada”, declarou recentemente Rosana Richtmann, uma das mais conceituadas infectologistas em todo o mundo, doutora em medicina pela Universidade de Freiburg, na Alemanha.
O vírus, uma das mais rudimentares formas de vida na Terra, colocou o ser humano, a espécie que biologicamente é dona da maior complexidade, entre a cruz e a espada: se não houvesse a flexibilização, certamente haveria um “surto” de depressão — já há episódios de graves danos mentais.
Ocorre, porém, que com a flexibilização o vírus retomou o seu incansável ataque — como todo ser vivo, ele “quer instintivamente” sobreviver, “quer” se reproduzir e, para tanto, precisa de nossos receptores celulares.
Antes de abrir as praias, por exemplo, deveríamos ter olhado no retrovisor e observado o caos e o recrudescimento da pandemia que ocorrem com a abertura do litoral na Espanha, em Portugal e sul da Inglaterra? Não olhamos para o velho continente nem para os EUA, e some-se a tudo isso as circunstâncias de eleições no País.

Mais metro quadrado
“Vivemos uma situação dramática e sem horizonte. Temos de fechar ambientes que são locais de grande transmissão e suspender eventos de aglomeração”, disse Lígia Bahia, especialista em Saúde Pública.
“Ou, sem isso, abrir leitos”. É bem triste, são duras essas opções! E, em alguns lugares, vê-se loucura política. Tome-se o Rio de Janeiro. A Prefeitura assinou decreto expandindo o espaço das calçadas para bares colocarem mesas e cadeiras. Ou seja, aprovou-se mais metro quadrado para aglomeração. Com isso, brota e cresce e se escancara outro problema na sociedade: muitas e muitas pessoas não usam máscaras. Esse é um importante ponto para que tenhamos chegado ao estágio em que chegamos: sem os cuidados de parte da população não foi possível conter razoavelmente o vírus, e sem contê-lo não há como barrar a segunda onda. “A pandemia nunca deixou de existir no País, só que agora ela voltou com força total”, disse Leonardo Weissmann, médico infectologista do Instituto Emílio Ribas e consultor da Sociedade Brasileira de Infectologia.
“As pessoas perderam o medo do vírus e isso aumentou muito a velocidade de propagação”. Vale dar voz, agora, à médica intensivista dos hospitais São Camilo e São Luís, Nicolle Queiroz: “É por esse motivo, é devido uma segunda onda, que eu estou saindo do meu laboratório e voltando às UTIs”. Atuar em UTI é a linha de frente da frente, após ela vem o precipício da morte do paciente.
O que se sabe, até o momento, é que a segunda onda no Brasil acontece de uma maneira peculiar — e muitos médicos não utilizam esse termo em respeito ao tecnicismo. Diferentemente de outros países que tiveram um aumento nos casos da Covid-19 após derrubarem a contaminação a ínfimos patamares, o Brasil se vê colocado novamente na curva de subida sem sequer ter estancado consideravelmente a primeira onda.
E há, em algumas pessoas, um difuso e confuso sentimento de que tudo está normal, um sentimento de que não há doença, e isso vem da má fé do governo federal. Façamos uma pergunta: Jair Bolsonaro, nessa segunda onda, a população brasileira e mundial é feita de “maricas” e “moleques”?
Mesmo com gente atrapalhando, como ele o faz, chegará, no entanto, o dia em que o vírus pagará o preço do estrago que fez: virá a vacina.
Vírus em campo
Uma das maiores paixões nacionais virou epicentro de contágio pelo coronavírus. A doença está, praticamente, desmantelando times em todo o País. Um dos exemplos é a equipe paulista do Palmeiras – até a quarta-feira 25 ela contava com dezoito atletas infectados. Também o Santos, time igualmente paulista, passava mal nessa mesma data: dezessete casos de Covid-19 no futebol masculino e vinte e dois episódios no feminino.
O que se sabe, até o momento, é que a segunda onda no Brasil acontece de uma maneira peculiar — e muitos médicos não utilizam esse termo em respeito ao tecnicismo.
Diferentemente de outros países que tiveram um aumento nos casos da Covid-19 após derrubarem a contaminação a ínfimos patamares, o Brasil se vê colocado novamente na curva de subida sem sequer ter estancado consideravelmente a primeira onda.
E há, em algumas pessoas, um difuso e confuso sentimento de que tudo está normal, um sentimento de que não há doença, e isso vem da má fé do governo federal. Façamos uma pergunta: Jair Bolsonaro, nessa segunda onda, a população brasileira e mundial é feita de “maricas” e “moleques”? Mesmo com gente atrapalhando, como ele o faz, chegará, no entanto, o dia em que o vírus pagará o preço do estrago que fez: virá a vacina.
Vírus em campo
Uma das maiores paixões nacionais virou epicentro de contágio pelo coronavírus. A doença está, praticamente, desmantelando times em todo o País. Um dos exemplos é a equipe paulista do Palmeiras – até a quarta-feira 25 ela contava com dezoito atletas infectados.
Também o Santos, time igualmente paulista, passava mal nessa mesma data: dezessete casos de Covid-19 no futebol masculino e vinte e dois episódios no feminino.
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