Há exatos seis meses, o Ninho do Urubu, CT do Flamengo, ardeu em chamas na madrugada de 8 de fevereiro e vitimou 10 jovens, entre 14 e 17 anos, que sonhavam em se tornar jogadores profissionais.
Apesar da tragédia, a história também foi escrita com passos de redenção. Onze escaparam ilesos e, entre os feridos do fogo, dois cearenses sobreviveram. Recuperados dos ferimentos no corpo e retornando aos treinos na divisão de base rubro-negra, Cauan Emanuel e Francisco Dyogo se tornaram símbolos de vitória em uma partida que vai além dos 90 minutos.
Representando os companheiros que partiram, os atletas voltaram ao CT após a liberação do Ministério Público (MP) e dividem o mesmo quarto no alojamento. Com atividades no Sub-15 pela manhã, vão à escola à tarde, sendo sempre acompanhados por um parente.
Disputando o Campeonato Carioca da modalidade, o brilho é o mesmo de outros tempos. Nos 100% de aproveitamento do Rubro-Negro em duas partidas, Dyogo é o goleiro titular e ainda não foi vazado. Cauan atua no ataque e desponta como um dos artilheiros.
Amor e carinho
O recomeço é árduo, mas tem o abraço de todos dentro do clube. Dos novos amigos aos auxiliares da comissão técnica, o suporte psicológico é necessário. Pai de Cauan, John Emanuel revelou que o filho pensou em desistir da carreira após a tragédia, mas encontrou forças na família.
“A gente conversou com ele direitinho. Foi uma fatalidade e existem outras maneiras da pessoa estar com o pensamento positivo. Ainda bem que é um garoto que, mesmo aos 15 anos, sabe interagir e abriu a mente”, diz ao passo que tenta juntar dinheiro para se manter no Rio.
A saudade e a distância são compartilhadas por Francisco José, o pai de Dyogo. Sem nunca ter assistido a uma partida do filho antes do incidente, visitou o novo alojamento e deixou clara a sua preocupação.
“A saudade é enorme e sigo muito apreensivo e preocupado, apesar de ter conhecido a nova estrutura onde estão morando. Posso dizer que é um apartamento de cinco estrelas, tem sala de jogos, piscina, biblioteca, tudo na frente do campo onde treinam”.
Investigação
A Polícia Civil pediu o indiciamento de oito pessoas, incluindo o ex-presidente Eduardo Bandeira de Mello, mas o MP do Rio devolveu o inquérito requerendo a realização de mais investigações por falta de provas.
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