O PSL é um partido pequeno até outubro passado. Sem estrutura e enraizamento. Faz um ano e um mês que o presidente Jair Bolsonaro se filiou e tirou a sigla da condição
de nanico absoluto. Hoje, está na Presidência, tem uma grande bancada. Mas, isso não significa automaticamente a estruturação do partido.
Nos estados e municípios, os diretórios são desorganizados e guiados por posições pessoais. Ocorre que as decisões do PSL com vistas às próximas eleições têm bastante peso. Significam tempo de rádio e televisão e, mais que isso, o peso político do apoio do Governo Federal.
Sobre as eleições em Fortaleza, há sinais difusos. Ainda não é simples entender o que são posturas pessoais e o que é a posição da legenda. Também não está claro se essa distinção existe.
O presidente do PSL em Fortaleza é André Fernandes, deputado estadual. Ele fez elogios a Capitão Wagner (Pros), o mais natural candidato de oposição a Roberto Cláudio (PDT) no ano que vem. Porém, reclamou das críticas do pré-candidato do Pros a Bolsonaro e sinalizou que, desse modo, o Capitão não terá apoio do PSL. Fernandes foi além: falou da disposição do partido para ter candidato próprio. E colocou a si próprio no páreo.
O presidente estadual do PSL é Heitor Freire, deputado federal. Passada a eleição de Bolsonaro, ele havia sinalizado chance de candidatura própria e colocado o próprio nome como alternativa. Agora, porém, Freire adota outro tom sobre a fala de Fernandes. "O deputado André Fernandes foi sincero em suas declarações e respeito o que ele pensa, mas isso não reflete o meu posicionamento nem o do PSL Ceará", afirmou, conforme mostrou o jornalista Henrique Araújo no Blog Política.
Na sexta-feira, Wagner foi ao encontro de Fernandes. A intenção era aparar arestas. Após a reunião, Fernandes disse ao repórter Carlos Holanda que a tendência é o PSL ter candidato.
A manifestação de Freire é fato importante. Soma-se à fala do representante do PSL na Câmara Municipal, Marcelo Lemos, que defendeu o entendimento com Wagner. A manifestação de Freire indica não apenas que a fala de Fernandes não tem respaldo do comando estadual. Sinaliza inclinação a favor do Capitão.
Assim como, não surpreende, o gesto de Wagner de ir até André Fernandes na sexta-feira passada mostra a disposição do Capitão para buscar aliança com o PSL.
Afinal, o Pros é um partido nanico. A campanha de 2018 relativizou como nunca antes a importância da propaganda de televisão nas eleições. Porém, mal não fez ter tempo robusto no horário eleitoral. Com uma das maiores bancadas, o PSL tem como valiosa moeda de negociação para alianças o peso no horário eleitoral.
Interesses e pressões
A aliança do Capitão com o PSL é bastante factível. Pesa a favor dela o interesse estratégico do bolsonarismo de derrotar os Ferreira Gomes em seu território. Ninguém está mais perto disso que Wagner.
Por outro lado, manter as portas abertas serve para pressionar o Capitão a votar com o governo ou, pelo menos, moderar o discurso crítico contra Bolsonaro.
As entrevistas dos presos
João Doria, governador paulista, afirmou sobre a entrevista do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT): "Me surpreendeu a entrevista. Nunca vi presidiário dar entrevista na prisão. É um fato inédito no Brasil".
Não, não é. Não é mesmo. Aliás, na noite de domingo, mesmo dia da declaração de Doria, a TV Record exibiu entrevista com Fernandinho Beira-Mar, que está preso há 18 anos. No começo de março, a revista Veja fez entrevista com o médium João de Deus, quando ainda preso. No ano passado, O POVO entrevistou Antônio Carlos de Souza Barbosa, o Carioca, que comandou o sequestro de dom Aloísio Lorscheider.
Basta ligar qualquer programa policial da hora do almoço que só o que se vê é entrevista com preso.ÉRICOFIRMO
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