O SUPERMINISTRO PAULO GUEDES DIZ QUE META DO MINISTÉRIO É 'VENDER TUDO'

O superministro da Economia, Paulo Guedes, disse em entrevista ao jornal O Estado de São Paulo, deste domingo (10), não escondeu que a sua meta de sua agenda liberal é vender país.
"De novo, eu gostaria de vender tudo e reduzir dívida. Agora, quem tem voto não sou eu, é o presidente. Aí ele diz: "Não vai vender a Petrobrás, não vai vender o Banco do Brasil...", afirmou Guedes, reforçando que as "promessas" de campanha de Jair Bolsonaro (PSL), serão impostas.

"O presidente ganhou a eleição dizendo 'Brasil acima de tudo, Deus acima de todos' e o Paulo Guedes dizendo que vai privatizar. Foi essa agenda que ganhou a eleição", disse o ministro, ao justificar a declaração de Bolsonaro, de que a democracia depende dos militares.

Questionado sobre quais as proposta para alavancar o desenvolvimento, diante de um PIB que fechou 2018 com crescimento de apenas 1,1%, Guedes reforçou a sua tese neoliberal de redução do Estado e disse que "o modelo acabou" e que "não existe alavanca".

"Você tem de fazer as reformas. Quer fazer o que a Dilma fez? Não tem mágica. Tem de fazer a coisa certa. Isso significa a classe política assumir suas responsabilidades orçamentárias. Não é ficar escondido atrás de um documento escrito há 30 anos e jogar a culpa nele. Como um político pode dizer que a culpa é da Constituição? Então, faça uma Proposta de Emenda Constitucional", declarou.

Sobre a proposta da reforma da Previdência em andamento no Congresso, Guedes demonstrou que pouco se importa com o fato da proposta reduzir o Benefício de Prestação Continuada (BPC) para R$ 400 o valor pago a idosos e deficientes em situação de miserabilidade. Mas reafirmou por vezes que a reforma tem de resultar na economia de R$ 1 trilhão, independentemente de onde venha.

"A economia de R$ 1 trilhão é o piso. A reforma tem duas dimensões importantes. Quer reduzir a idade mínima das mulheres para 60 anos? A economia cai R$ 100 bilhões. Se cair a idade mínima das mulheres, não poderá mexer nas regras do rural, no BPC (Benefício de Prestação Continuada, pago a idosos de baixa renda). Se quer reduzir a idade da mulher, tira do militar. Se quer dar para o militar, tira do rural. No total, tem de dar R$ 1 trilhão", asseverou.

Ele garantiu esta semana que precisam apenas de 48 votos na Câmara para a aprovação da proposta. Ele nega o toma lá dá cá. Disse que apenas há troca de interesses. "O que não é normal é o parlamentar falar "me dá um cargo aí porque quero pegar um dinheiro para mim". Agora, pedir dinheiro para educação, para fazer saneamento, esgoto nas comunidades, é absolutamente normal".

Guedes afirma que isso é diferente do que chama de "velha política". "O eixo era compra de voto mercenário no varejo e ele se esfacelou com a Lava Jato. Agora, são dois novos eixos. O primeiro é temático, que foi muito explorado na campanha: bons costumes, família, segurança. O lado de lá fala que o presidente está distribuindo vídeo pornográfico. O lado de cá diz que o presidente está dizendo à tribo dele que continua atento aos costumes e à turma que usa dinheiro público para expressar "arte". É uma disputa temática válida. Ele está mobilizando os temas que aqueceram sua campanha", diz.

O ministro também defendeu a mudança do chamado pacto federativo, acabando com as despesas obrigatórias e as vinculações. orçamentárias. Ele disse que os políticos terão 100% do controle sobre os orçamentos da União, Estados e municípios, sem aponta o quanto isso pode afetar na destinação obrigatórias do orçamento em Saúde e Educação. "Os políticos têm de assumir as suas responsabilidades, as suas atribuições e os seus recursos", diz Guedes247.