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sábado, 9 de fevereiro de 2019

SENADO FEDERAL; JORGE KAJURU CHEGA PARA ANIMAR A FESTA

Por ipuemfoco   Postado  sábado, fevereiro 09, 2019   Sem Comentários


Já havia se passado quase uma hora da primeira sessão do Senado Federal, na sexta-feira 1º de fevereiro, sem definição do que seria votado, quando o senador Jorge Kajuru (PSB-GO) foi ao microfone. 

Engatou um discurso de nove minutos, citando o jornalista Paulo Francis e Erasmo de Roterdã. Contou que deu uma caneta em Renan Calheiros em um jogo de futebol, em 1994, e que revelou à mãe o fato de o pai ter uma amante. 

O último causo era um argumento a favor do voto aberto para a eleição a presidente do Senado, objeto da sessão. Os demais senadores se dividiam entre risos, sobrancelhas erguidas em ironia e alguns olhares de impaciência.

A princípio, Kajuru votaria no senador José Antônio Reguffe (sem partido-DF) para presidente do Senado. No sábado, porém, quando a sessão já se arrastava pelo segundo dia, postou em sua rede social “URGENTE, O BRASIL DECIDE AGORA O VOTO DO KAJURU NO SENADO!!!”. 

Em uma enquete, perguntou se deveria votar em Reguffe, como queria, ou anular. Refez a pesquisa duas vezes até chegar à conclusão de que a população — ou, ao menos, a parcela da população que viu sua postagem — preferia o voto em Davi Alcolumbre (DEM-AP), posto como opositor de Renan Calheiros. Votou.

Se o conteúdo de seu voto foi objeto de polêmica, sobrou também para a forma. Ao meio-dia de sábado, ameaçou ter um ataque cardíaco caso a votação não fosse realizada em cédulas de papel. 

“Senhor presidente, senhoras e senhores, eu peço atenção, porque eu pedi a presença de meu médico, doutor Paulo Reis, que está aqui. Se não tiver cédula, eu vou sofrer um infarto. Eu estou falando sério”, afirmou. Foi acalmado pelo presidente da mesa, José Maranhão (MDB-PB): “Tranquilizo V. Excelência, que realmente seria um caso muito grave se V. Excelência tivesse um infarto aqui. Não vai! Vai ter cédula!”.

Em conversa com ÉPOCA em seu gabinete, na terça-feira, Kajuru sabia citar de cor todas as métricas de redes sociais obtidas com o episódio. “Como o brasileiro viu que o Davi era o anti-Renan, ele acabou ganhando disparado, com 77%, 128.615 votos, nas 30 redes sociais que eu tenho”, afirmou. 

As 30 contas são, por exemplo, kajurufiscal, kajurugoias, kajuruvoltou, realkajuru, tvkajuru, kajuruinterior, kajuruvoluntario, kajurubairros, kajurudoacoes etc. 

“Eu não teria votado no Davi. Quem votou foi o meu seguidor. Decidi inaugurar uma forma de votação polêmica, deixando o brasileiro escolher.” Ele acumula, hoje, 3,618 milhões de seguidores.

Ostentando uma armação de óculos em que um olho é redondo e o outro é quadrado, Kajuru nega que seja “teatral” ou “folclórico”. “Eu li mais do que eu vivi, eu li Dostoiévski, li Trótski, li Homero, entendeu? Li Machado de Assis. Um cara que leu O capital em três dias é folclórico? Folclórico é um imbecil qualquer.” 

Apresentador e locutor esportivo por décadas, conta que pediu demissão ao vivo duas vezes, no SBT e na RedeTV!. Em compensação, foi demitido também ao vivo da Band, após criticar o então governador de Minas Gerais, Aécio Neves. “Em 2014, anunciei: ‘Agora estou indo para o campo deles (políticos).’ Já que eles ficam toda hora pedindo minha cabeça.”

Em 2016, foi o vereador mais votado de Goiânia, já de olho em Brasília. Conseguiu 1.557.415 votos para senador em 2018. Chegou lá com as redes sociais, e com elas quer se manter. Teme, porém, que suas enquetes sejam influenciadas por robôs ou “bolsominions” em votações como a da reforma da Previdência, em que discorda do presidente. 

“Estou pensando ainda em como resolver.” Ele não faz nada, conta, antes de ouvir três ex-senadores que o aconselham: Heloísa Helena, Cristovam Buarque e Pedro Simon.

Dos 168 Projetos de Lei que já tem prontos para apresentar, 118 foram herdados de Cristovam Buarque (PPS). A área prioritária é educação. Com Heloísa Helena, está pensando também em projetos de saúde. Um deles é a ampliação do atendimento a diabéticos pelo SUS, doença que aflige o senador e o fez perder quase a totalidade da visão. Também quer investir na área de meio ambiente, com um projeto que pede que a diretoria da Vale tome a água do Rio Doce. “Já que eles dizem que não é poluído.”

Questionado sobre se é de direita ou de esquerda, disse: “Sou Jorge Kajuru, um simples ser humano, odeio esse negócio de falar que é de esquerda ou de direita”. Sobre Olavo de Carvalho e o ressurgimento da direita no Brasil, porém, Kajuru tem uma tirada irônica. 

“Nessa hora eu agradeço a Deus por ter só 6% de visão, porque não leio. Não sou masoquista, não”, afirmou. Sua aspiração política para no Senado, afirmou. Quando se aposentar, quer passar os dias com sua esposa ouvindo música.

Além de conselheiros graduados, Kajuru montou uma equipe de mídia para produzir “A Voz do Senado”, com dois programas diários nas redes sociais. São gravados sobre uma tela verde em seu gabinete, onde depois é inserida a paisagem do Congresso Nacional ao fundo. 

Em sua equipe de comunicação está um ex-editor do Jornal Nacional e uma ex-apresentadora de televisão. O programa da última terça-feira começou com montagens de Silvio Santos, um clipe da música “My way” e Kajuru andando em câmera lenta em frente ao Congresso Nacional, com a abertura de “A voz do Brasil” como trilha.

Evita se posicionar com críticas abertas ao governo, como no caso Queiroz, que afeta o senador Flávio Bolsonaro. “Ele é uma boa pessoa, muito humilde, embora enrolado com alguns problemas agora.” 

Disse que o pacote de medidas anticorrupção de Sergio Moro resvala em posições do Supremo Tribunal Federal (STF), ao determinar que a pena seja sempre cumprida em regime fechado em alguns casos de reincidência, por exemplo. 

“É preciso respeitar o princípio de individualização da pena.” Sobre o Supremo, concorda que algumas decisões são desastradas, como a imposição de que o Senado votasse fechado no presidente da casa. A possibilidade de esbarrar com Gilmar Mendes em Brasília é outro motivo para “ficar feliz por não ter mais visão”.

Ele assegurou que suas enquetes botaram medo até no vice-presidente, Hamilton Mourão, com quem conversou na sessão solene do Senado Federal, na última segunda-feira. 

“Ele disse: ‘Kajuru, toma cuidado com essas pesquisas tuas, hein!’. Respondi: ‘Foi bom para o senhor!’. Ganhou o candidato deles, né, o Davi. Com certeza já estão pensando na reforma da Previdência. Eu não posso fazer isso em toda votação, mas eu amei.”

Ainda sobre a sessão solene, contou que seus óculos desiguais foram elogiados pelo presidente do Supremo Tribunal Federal, Dias Toffoli. O senador prontamente tirou a peça e disse: “É seu”. Toffoli recusou educadamente o presente. Kajuru estava reproduzindo o que aconteceu quando encontrou Robin Gibb, um dos vocalistas dos Bee Gees. O então jornalista elogiou um pequeno brinco preto do músico, e acabou levando o item para casa. Ele carrega o brinco na orelha esquerda até hoje.

Há, ainda, outras lembranças de celebridades no corpo do senador. Ele tem tatuagens do rosto de Datena, Adriane Galisteu, Claudia Leitte e de sua mãe, pessoas que admira. Quando a reportagem pediu para fotografar as tatuagens, Kajuru prontamente tirou a camisa rosa. 

Em seu gabinete, o senador Kajuru mostra as tatuagens que tem, de Datena, Galisteu e Claudia Leitte. Galisteu reclamou de não ter ficado muito parecida Foto: Jorge Willian / Agência O Globo

“A única que ficou triste comigo foi a Galisteu. O cara foi bem demais no Datena, foi perfeito na Claudinha, perfeito na minha mãe, mas foi muito infeliz na Galisteu, ela tem razão de ter ficado chateada.

Questionado sobre uma reportagem em que Claudia Leitte disse que tem “um namoro antigo” com Kajuru, confirmou o que foi dito pela cantora, mas não deu maiores detalhes. Hoje, está casado pela 11ª vez, e se gaba de ter superado Vinicius de Moraes. Já Datena, o outro homenageado, é seu amigo de infância de Ribeirão Preto, São Paulo. Kajuru contou que, ultimamente, o apresentador da Band tem passado “recados” de Bolsonaro para ele.

Em um jantar recente com Davi Alcolumbre, em que o democrata pedia o voto de Kajuru para sua eleição a presidente do Senado, conversou com Bolsonaro usando o telefone de Alcolumbre. 

“Ele pôs no viva-voz, para exibir para a gente que era muito amigo de Bolsonaro.” O presidente perguntou se Kajuru estava recebendo os recados via Datena e disse, ainda segundo o senador: 

“Você vai me ajudar, não é, Kajuru? Não vai me ferrar não, não é? Você não vai me bater, não é?”. A resposta: “Presidente, eu vou ajudar o senhor no que for certo. Vou lhe aplaudir, inclusive. Mas, no que eu discordar, eu bato doído, presidente, é o jeito do Kajuru.”



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