Água seria suficiente para abastecer país por 1 ano, segundo Instituto Trata Brasil. Estudo feito em conjunto com a USP aponta que o país tem 2,5 milhões de poços.
Caso todo o volume de água fosse regularizado e cobrado pelas operadoras públicas, a receita chegaria a R$ 59 bilhões por ano.
A grande maioria dos mais de 2,5 milhões de poços artesianos do Brasil é clandestina e, por conta disso, está sujeita a contaminações e problemas sanitários e ambientais. É o que aponta um estudo do Instituto Trata Brasil em parceria com o Centro de Pesquisa de Águas Subterrâneas da Universidade de São Paulo (USP), obtido pelo G1 e divulgado nesta quinta-feira (14).
O estudo destaca a importância da extração das águas subterrâneas no país e as consequências da falta de regularização e de acompanhamento desses poços, que são os grandes responsáveis pela captação subterrânea. Para ter uma ideia, o total de água extraída dos poços chega a 17.580 Mm³/ano, valor suficiente para abastecer toda a população brasileira durante um ano.
Além disso, caso toda a água subterrânea extraída fosse oferecida ao preço médio praticado pelos operadores de água, que era de R$ 3,36/m³ segundo o último levantamento nacional, de 2016, a receita total chegaria a R$ 59 bilhões por ano para os cofres públicos.
Desse total, apenas 12% são conhecidos e registrados pelos órgãos públicos. Os outros 88% são clandestinos e estão em propriedades rurais, indústrias, casas e prédios espalhados pelo país.
A pesquisa foi realizada em parceria com o Cepas USP (Centro de Pesquisas de Águas Subterrâneas da Universidade de São Paulo).
O estudo ainda aponta que 52% dos municípios brasileiros são abastecidos total (36%) ou parcialmente (16%) por águas subterrâneas. A água subterrânea é, inclusive, a única opção de 48% das cidades com população menor que 10 mil habitantes.
Além disso, como muitos poços são clandestinos, os números oficiais podem não representar a realidade das cidades. Na região metropolitana de São Paulo, por exemplo, os números indicam que 99% do abastecimento público é realizado com água superficial.
Em 2015, porém, estimou-se a existência de cerca de 13 mil poços privados extraindo mais de 11 m³/s. Isso significa que, do total de água utilizada na cidade, 18% são subterrâneas, e não apenas 1%. Ou seja, a clandestinidade é um elemento primordial na análise dos recursos hídricos subterrâneos.
Muitos moradores e donos de empresas e fazendas constroem os poços e não pedem licenças e registros por não verem vantagem nessa regularização. As consequências disso, segundo Hirata, são diversas. Uma das principais é a superexploração dos aquíferos, que acontece por conta do acúmulo exagerado de poços em um mesmo local.
Ao todo, o Brasil tem 5.568 cidades, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Contaminação das águas subterrâneas
Além do esgotamento dos aquíferos, outro risco diretamente relacionado com a clandestinidade é a utilização de águas contaminadas. Quando o poço é regularizado, seu dono deve seguir normas de vigilância sanitária que incluem, por exemplo, a realização de análises clínicas regulares.
No caso dos poços ilegais, muitas pessoas não fazem esses exames por conta do valor, que pode chegar a até R$ 3 mil. Assim, a água fica sujeita a contaminações de poluentes diversos.
''As pessoas acham que água subterrânea é de todo mundo, mas é água como outra qualquer e tem que ter autorização de uso. Então há um desconhecimento. Que água é essa? De quem ela é? Tenho que pagar? As pessoas não conhecem, e isso gera a ilegalidade. Esse cenário é preocupante pois impede que esses usos sejam contabilizados no balanço hídrico da bacia, o que pode gerar 1 quadro de superexplotação e interferências nos volumes de água extraídos pelos usuários de águas superficiais e subterrâneas legalizados”, diz trecho do levantamento.G1
0 comentários:
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.