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domingo, 27 de janeiro de 2019

VÍNCULOS CONSTRANGEDORES E MAIS QUE ISSO

Por ipuemfoco   Postado  domingo, janeiro 27, 2019   Sem Comentários


Para um deputado estadual, senador eleito e filho de presidente da República, ter familiares de criminoso perigoso empregados em seu gabinete é constrangedor.

Porém, isso por si só não é prova de que esteja envolvido com o criminoso e o crime. Apenas indica ligação com o homem suspeito das atividades ilícitas e que, aliás, está foragido.

Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) ainda fez mais. Ele não apenas nomeou para seu gabinete a mulher e a mãe do ex-capitão da Polícia Militar Adriano Magalhães da Nóbrega. Flávio propôs e a Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro aprovou a Medalha Tiradentes para Adriano, em 2005. Trata-se da mais alta comenda do Poder Legislativo do Rio de Janeiro.

Claro, Flávio pode argumentar que não sabia da atividade criminosa do homenageado na época. Ocorre que, na época, Adriano estava preso. Não foi a primeira homenagem do filho mais velho de Bolsonaro ao ex-capitão. Em outubro de 2003, já havia aprovado menção de louvor a ele.

Pode sempre argumentar que nem mesmo desconfiava das atividades criminosas atribuídas a ele. Convenhamos, um parlamentar deveria ser mais criterioso ao escolher quem homenagear. Ainda assim, a falta de cuidado não é prova contra Flávio.

Entretanto, o problema vai além das vinculações e dos gestos. Adriano Nóbrega é apontado como chefe de milícia. Ele seria, conforme o Ministério Público do Rio de Janeiro, membro poderoso da organização criminosa Escritório do Crime. O grupo miliciano é suspeito de extorsão de moradores e comerciantes, pagamento de propina, agiotagem, grilagem de terra, além de crimes como o assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes.

Ocorre que, em 2007, o primogênito do presidente Bolsonaro fez discurso defendendo as milícias. “A milícia nada mais é do que um conjunto de policiais, militares ou não, regidos por uma certa hierarquia e disciplina, buscando, sem dúvida, expurgar do seio da comunidade o que há de pior: os criminosos”

Disse mais: “(Eu) gostaria de pagar R$ 20, R$ 30, R$ 40 para não ter o carro furtado na porta de casa, para não correr o risco de ver o filho de um amigo ir para o tráfico, ver um filho empurrado para as drogas”. Ele se referiu às milícias, há 12 anos, como “novo tipo de policiamento”.

Agora, pressionado, Flávio disse ao SBT que é contra milícias e que declarações foram tiradas de contexto. Bom, vamos ao contexto: Flávio votou na época contra a CPI que mostrou a extensão das atividades criminosas realizadas por milicianos e seus vínculos com o poder político. Mais que isso: em matéria do jornal O Dia, publicada no portal Terra, Flávio defendeu a regulamentação de milícias. 

“As classes mais altas pagam segurança particular, e o pobre, como faz para ter segurança? O Estado não tem capacidade para estar nas quase mil favelas do Rio. Dizem que as milícias cobram tarifas, mas eu conheço comunidades em que os trabalhadores fazem questão de pagar R$ 15 para não ter traficantes”.

Isso dá outro patamar de gravidade aos vínculos de Flávio com gente ligada a milícias. Porque ele empregou parentes de acusado de ser miliciano. Ele homenageou acusado de ser miliciano. Ele poderia não saber dos vínculos, mas, sobretudo, ele demonstrou concordância com as atividades das milícias. Há afinidade ideológica.

Colocando algumas coisas no lugar: Flávio fazia distinção entre milícia e criminosos. Milicianos são criminosos do pior tipo. São agentes de Estado, ou por ele protegidos, que se valem da função pública ou do tráfico de influência para cometerem atividades criminosas. 

Tal qual as facções convencionais, controlam territórios, praticam extorsão, criam Estados paralelos. Em 2007, Flávio reclamou de quem estigmatiza as milícias, sem distinção. Só porque tratavam todos os milicianos como o que são: criminosos perigosos.
Da Coluna Política, no O POVO deste sábado (26), pelo jornalista Érico Firmo:

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